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Verstappen não alivia, rivais batem e McLaren consegue dobradinha
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Aconteceu de novo: Hamilton e Verstappen se encontraram na pista, ninguém aliviou, os dois bateram. Mas desta vez foi mais sério. Ambos os duelistas pelo título abandonaram a prova.
E, assim, uma das mais célebres marcas do automobilismo viveu um dia de glória em Monza.
Pela primeira vez desde 2010, a McLaren conseguiu uma dobradinha na F-1. Vitória de Ricciardo, a oitava na carreira, a primeira pela equipe inglesa, a primeira desde Mônaco-2018. Em segundo chegou seu companheiro de equipe, Norris.
Bottas, que largou em último, fez uma corridaça e completou o pódio.
Foi a conclusão de um dia que certamente vai durar muito, que já está gerando polêmica, que pode ter novos capítulos nas próximas etapas do campeonato.
Pela maneira como foi, o acidente entre Verstappen e Hamilton deve deixar marcas no relacionamento até agora cordial entre os dois pilotos.
E já deixo aqui minha opinião: desta vez, o holandês errou.
"Ganhamos! Ganhamos!", gritou Ricciardo pelo rádio ao cravar a vitória em, de quebra, fazer a melhor volta da corrida. Assim que parou, subiu no carro, cumprimentou Norris, correu para abraçar a equipe.
Um resultado que, claro, teve influência direta do choque entre Hamilton e Verstappen. Mas Ricciardo, sejamos justos, fez uma belíssima prova.
Na largada, quem estava do lado direito do grid se deu muito bem: o australiano pulou para a liderança do GP, Hamilton superou Norris e assumiu a terceira posição.
A tranquilidade durou meia volta. Com ótimo ritmo e vislumbrando uma chance de ouro de ganhar mais uma posição, Hamilton colocou lado a lado com Verstappen na Variante della Roggia. Na primeira perna, tudo bem. Na segunda, os dois se tocaram.
Pior para o inglês, que voltou a cair para a quarta posição.
Um pouco mais atrás, Giovinazzi deu uma mordida na zebra e perdeu o controle do carro na frente de Sainz. Batida, bandeira amarela no local, visita aos boxes e punição para o italiano.
Ao fim da segunda volta, Ricciardo tinha 1s2 sobre Verstappen. Norris vinha em terceiro, seguido por Hamilton. Completando o top 10, Leclerc, Sainz, Pérez, Stroll, Alonso e Ocon.
"Está difícil se aproximar", disse Verstappen pelo rádio, com um quê de preocupação. O holandês, assim como outros 14 pilotos do grid, começou a prova com pneus médios. Hamilton foi um dos quatro a escolher os duros.
Para se prevenir de qualquer golpe de estratégia da Mercedes, Verstappen sabia que tinha de ultrapassar Ricciardo e abrir vantagem. O problema era que o australiano não estava nem um pouco a fim de abrir mão da liderança.
Na décima volta, apenas 0s6 separavam líder e vice-líder. Mas Verstappen simplesmente não conseguir dar o bote, provavelmente resultado da turbulência gerada pelo carro da McLaren. Um retrato da F-1 atual.
Duas voltas depois, Hamilton partiu para cima de Norris. Tentou na Variante del Rettifilo, tentou de novo na Della Roggia, não conseguiu. Outro retrato da F-1 de hoje... A não ser que exista um fosso de desempenho entre os carros, ninguém passa ninguém.
As coisas só começaram a ficar mais agitadas quando os pneus médios passaram a se deteriorar, ao redor da 20ª volta. Comunicações pelo rádio ficaram mais intensas, os líderes passaram a tentar adivinhar o que o outro faria.
Na 21ª, Verstappen tentou atacar Ricciardo na primeira curva, mas perdeu a freada. "Os pneus traseiros estão ficando complicados", disse o holandês.
Coube ao australiano abrir os trabalhos nos boxes, na 23ª volta, trocando os pneus médios pelos duros. Verstappen assumiu a liderança, mas parou na volta seguinte e viu sua corrida se complicar: a equipe se enrolou no pit stop e ele ficou 11s1 parado, uma eternidade.
Como se soubesse do problema do rival, Hamilton respirou fundo e passou Norris, que já estava sem pneus. Na 24ª, Norris parou. Na 25ª, foi a vez de o heptacampeão ir para os boxes.
Foi então que aconteceu. Hamilton saiu do pit lane junto aos líderes do GP. Norris passou, Hamilton bloqueou Verstappen, manteve-se à direita e entrou na primeira perna da Variante del Rettifilo ligeiramente à frente.
Mas o holandês não aliviou. E o inevitável choque aconteceu. A Red Bull decolou e passou por cima do cockpit da Mercedes. Os carros foram para a área de escape encavalados.
Se não fosse o halo, talvez estivéssemos lamentando uma tragédia neste domingo.
Verstappen é excelente piloto, um futuro campeão mundial, um cara que amadureceu muito nos últimos anos. Mas não é Deus, não é invencível. Precisa aprender a ceder, precisa entender que não dá para ganhar todas. A meu ver, errou feio em Monza. Se tivesse levantado o pé ali, poderia ter seguido na corrida e tentado dar o troco mais à frente.
"Ele não me deixou nenhum espaço", disse o holandês, ao chegar aos boxes. Sim. Exatamente por isso ele deveria ter se resignado.
Veio bandeira amarela, veio safety car. E a relargada veio na 31ª volta. Ricciardo manteve a ponta. Norris e Leclerc protagonizaram um belo duelo, e o inglês prevaleceu na Curva Grande.
Um pouco mais atrás, Bottas, que saiu em último, passou Sainz. Não demorou para também deixar Leclerc para trás e assumir a quarta posição.
Na 38ª volta, a direção de prova puniu Pérez em 5 segundos por ter desrespeitado os limites da pista ao ultrapassar Leclerc. Pódio para Bottas, portanto. Mesmo assim o finlandês fez questão de atacar na 43ª volta. Passou, mas levou o xis.
"Vocês acham que o melhor pra gente é terminar assim?", perguntou Norris pelo rádio, sugerindo uma inversão de posições com Ricciardo _o inglês, afinal, está à frente no Mundial. "A melhor posição pra gente é esta", respondeu a equipe.
E assim terminou. Ricciardo cruzou a linha de chegada com 1s747 de vantagem sobre Norris, encerrando um longo jejum da McLaren.
Segunda maior vencedora da história da F-1, a equipe inglesa não ganhava um GP desde Interlagos-2012, com Button. A última dobradinha havia acontecido em Montreal-2010: Hamilton e Button.
"Já era hora. Eu saia que tinha alguma coisa boa por vir. Melhoramos muito nos últimos três finais de semana, mas isso chega a ser inacreditável", disse um (ainda mais) sorridente Ricciardo na entrevista pós-GP.
Com os abandonos, Verstappen mantém 5 pontos de vantagem sobre Hamilton no Mundial: 226,5 a 221,5. Bottas é o novo terceiro colocado, com 141.
Faltam oito etapas para o fim do campeonato. Os duelistas certamente voltarão a se encontrar em alguma curva. Monza deixa uma dúvida no ar: como se comportarão?
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