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Por que Interlagos é decisivo na briga pelo título
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Matematicamente não há como o Mundial de F-1 se resolver em Interlagos. A temporada ainda terá três corridas, todas no Oriente Médio, com 78 pontos possíveis de serem conquistados por um piloto que fizer um trabalho perfeito.
Mas, na prática, a teoria é outra. O GP de São Paulo, no fim de semana, ganhou importância após as vitórias de Verstappen nos EUA e no México. Hamilton e a Mercedes sabem que um terceiro triunfo seguido, nessa altura do campeonato, pode deixar bem encaminhado o primeiro título do holandês.
A começar pela própria matemática.
Verstappen tem 19 pontos de vantagem sobre Hamilton. Se a diferença aumentar para 25 pontos após Interlagos, não precisará vencer mais nenhum GP para ser campeão. Mesmo que o inglês vença as etapas restantes _Qatar, Arábia Saudita e Abu Dhabi_, bastará ao holandês ser sempre segundo.
Essa condição acontecerá, por exemplo, se Verstappen fizer a pole position e vencer em Interlagos, mesmo que Hamilton largue em segundo, chegue em segundo e consiga o ponto pela melhor volta.
Neste cenário, o holandês sairá do Brasil com 26 pontos de vantagem: 340,5 a 314,5. Estão contabilizados aí os pontos da corrida de classificação, sábado.
Não é só. Uma nova vitória de Verstappen seria um tanto quanto sintomática. Confirmaria o excepcional momento dele e de sua equipe e significaria um novo golpe na Mercedes.
Até agora, neste campeonato, apenas um piloto conseguiu emplacar três vitórias seguidas: o próprio holandês, entre os GPs da França e da Áustria. Foi um momento de domínio da Red Bull, um embalo só interrompido pelo polêmico acidente de Silverstone.
Não por coincidência, os discursos da Mercedes depois do México foram de quem sentiu o baque.
"Obviamente, 19 pontos são muita coisa. Max venceu muitas corridas neste ano. Eles foram mais velozes aqui. Se repetirem isso nas próximas etapas, estaremos encrencados", disse Hamilton, ainda no Hermanos Rodriguez.
"Encrenca" chega a ser um eufemismo para os nós que a Mercedes precisa desatar nesta semana, até a largada em Interlagos.
Além de carregar motor e aerodinâmica que funcionam melhor na altitude, a Red Bull também foi mais eficiente em um ponto que ficou bem claro logo na largada do México: as frenagens.
"Por algum motivo, os freios foram um problema para nós durante todo o fim de semana. Cheguei a travar as rodas duas vezes na curva 1, em treinos e na classificação", afirmou o inglês. "A situação melhorava quando a gente colocava mais carga aerodinâmica no carro, mas as asas que usamos aqui também não conseguiam ser páreo para as que eles trouxeram."
Nos posts pós-corrida, em suas redes sociais, Hamilton usou referências à frase que carrega em seu capacete e que tem tatuada nas costas: "Still I Rise". Em português, "ainda me levanto" ou "apesar de tudo, me levanto".
É o título de um lindo poema da americana Maya Angelou, ativista do movimento negro, que fala sobre resistência, luta, teimosia, determinação.
Talvez ele nunca tenha precisado tanto disso como agora.
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