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No Brasil, Hamilton tem chance de igualar as vitórias brasileiras na F-1
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Poderia ter sido na Turquia, nos EUA, no México. Quis o acaso (ou Verstappen) que ainda não tenha acontecido. Pode ser no Brasil, o que seria uma grande coincidência _e uma daquelas ironias do destino que dão tempero ao esporte.
Em Interlagos, Hamilton pode chegar a 101 vitórias na F-1. Igualará, assim, na principal casa do automobilismo brasileiro, todas as vitórias do Brasil na categoria. Terá, na sala de troféus de casa, o equivalente a 51 anos de história.
A primeira vitória do Brasil foi com Emerson, no GP dos EUA de 1970, em Watkins Glen, ao volante da mítica Lotus 72. O bicampeão ganhou outros 13 GPs antes de deixar a categoria, em 1980.
O próximo a vencer foi Pace, que dá nome ao autódromo. Ganhou apenas uma vez, mas foi marcante: o GP Brasil de 1975, com uma Brabham, levando as arquibancadas e o país à loucura. Talentoso, rápido e cotejado por grandes equipes, tinha tudo para ampliar seu currículo, mas morreu num acidente de avião no interior de São Paulo em 1977.
Veio então a "era de ouro" do Brasil na F-1, com Piquet e Senna conquistando seis títulos em 11 temporadas.
O primeiro encerrou a carreira em 1991, tendo vencido 23 vezes. Senna morreu em 1994, com 41 vitórias, à época o segundo lugar no ranking histórico _só Prost tinha mais, 51, marca que era considerada um assombro.
O Brasil viveu um jejum de sete anos sem vitórias até que Barrichello ganhou o GP da Alemanha de 2000, com a Ferrari. Ele venceu mais oito vezes pela escuderia italiana e conseguiu duas vitórias com a Brawn _a do GP da Itália de 2009 foi a última do país na F-1.
Por fim, Massa também somou 11 triunfos, sendo dois em Interlagos _o último, em 2008, ganhou contornos épicos, com a decisão de título em favor de Hamilton na última curva do GP.
Quando Hamilton nasceu, em janeiro de 1985, o Brasil já tinha 27 vitórias na F-1. Quando ele estreou na categoria, em 2007, a soma já estava em 90.
Em 15 temporadas, destruiu recordes e chegou aonde ninguém havia imaginado: os três dígitos. Além das atuais 100 vitórias, marca atingida no GP da Rússia, em setembro, tem 101 poles positions, a última delas obtida na Hungria, em agosto.
Já que estamos comparando, o Brasil ainda sobra neste quesito: são 126 poles de pilotos do país, a última conquistada por Massa no GP da Áustria de 2014, com a Williams.
Como em toda discussão sobre recordes recentes na F-1, vale uma ressalva. As temporadas hoje são mais extensas do que no passado.
O atual Mundial terá 22 etapas. Em 1970, quando Emerson venceu pela primeira vez, foram 13 corridas. Ou seja, Hamilton e seus contemporâneos têm mais chances de acumular bons resultados em menos tempo.
A frieza dos quadros de recordes, porém, não contempla essas diferenças. E, sejamos justos, quando Piquet e Senna batiam seus recordes, as temporadas também eram mais extensas do que nas décadas anteriores e ninguém por aqui levantava essa lebre.
Hamilton, até onde sei, ainda não falou sobre a possibilidade de igualar os brasileiros neste fim de semana. É um recorte muito específico, mas a coincidência é grande demais para passar em branco nos próximos dias. Deve ser questionado em algum momento.
Antes disso, ele tem problema maior a resolver: a busca pela reação no Mundial. Os treinos começam na sexta-feira.
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