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Nova F1 dá um nó na história e começa vermelha
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A nova F1 tem mais duelos na pista, tem a retomada de uma antiga rivalidade, tem uma nova relação de forças, tem uma nova cor.
A nova F1 deu um nó na história dos últimos anos. A nova F1 deu certo. E a nova era começou vermelha.
Dobradinha da Ferrari, a primeira desde 2019! Leclerc venceu o GP do Bahrein, prova que abriu a temporada 2022, com Sainz em segundo. Foi um fim de semana perfeito para a escuderia: 44 pontos no Mundial de Construtores, o máximo que um time consegue numa etapa do campeonato.
Hamilton, um coadjuvante durante toda a corrida, ganhou duas posições da Red Bull nas últimas voltas e foi o terceiro.
"Os últimos dois anos foram muito difíceis para a equipe, mas fizemos um belo carro e começamos da melhor maneira possível. Não poderíamos pedir nada além disso", disse o vencedor.
O fim de prova da Red Bull foi trágico. Verstappen perseguiu Leclerc por todo o GP, chegou a ocupar a liderança por alguns metros, mas abandonou a três voltas da bandeirada com problemas no sistema de combustível e no volante. Pérez tinha tudo para chegar em terceiro, mas rodou na penúltima volta.
A nova F1 tem ainda uma McLaren lamentável, andando nas últimas posições, e uma Haas surpreendente. Magnussen terminou em quinto, marcando 10 pontos. Em todo o ano passado, a equipe americana não conseguiu nenhum.
A nova F1 tem também um chinês veloz. Zhou, estreando na categoria, terminou em décimo e marcou um ponto.
A corrida aconteceu sob a bela noite do deserto, 24°C no ar, 29°C no asfalto. Dos 20 pilotos, 18 optaram por largar com os pneus macios, só a dupla da McLaren escolheu os médios na tentativa de uma estratégia diferente.
Na largada, Leclerc defendeu a pole, fez bem a tangência para a primeira curva e manteve a posição, seguido por Verstappen e Sainz. Hamilton passou Pérez e pulou para quarto. Magnussen também deixou o mexicano para trás e fechou a primeira volta em quinto. Aplausos para o dinamarquês.
Bottas despencou para a meiuca, onde a atração era Tsunoda, ganhando quatro posições. Ocon bateu em Schumacher e foi punido com 5 segundos.
Na terceira volta, Pérez passou a Haas e subiu para quinto. Russell fez o mesmo duas voltas depois.
"O freio motor está aprontando coisas engraçadas nas curvas", disse Verstappen, pelo rádio. Hamilton, quase que ao mesmo tempo, passou a mostrar preocupação com a temperatura dos freios.
Na décima volta, Leclerc tinha 2s7 sobre Verstappen. Sainz já estava descolado da ponta, a 7s3. Pérez, que vinha cutucando Hamilton, colocou de lado e ultrapassou sem dificuldades. Foi uma demonstração prática do atual desnível entre Red Bull e Mercedes.
Duas voltas depois, Hamilton foi para os boxes, inaugurando os pit stops. Colocou pneus duros, tentando ganhar na estratégia as posições que certamente não conseguiria na pista. Na volta à pista, quase não conseguiu contornar as primeiras curvas. "Sem aderência", chiou. Que fase...
Na 15ª, Sainz e Verstappen pararam e colocaram novos jogos de macios. Leclerc e Pérez entraram na volta seguinte _o monegasco colocou macios, o mexicano optou pelos médios.
O resultado foi ótimo para a Red Bull. Leclerc perdeu o pouco conforto que tinha. Quando voltou à pista, sua folga para Verstappen tinha acabado.
Veio então o grande momento da corrida, protagonizado por dois pilotos que já se enfrentaram muito nas categorias de base.
Na 17ª volta, Verstappen pisou fundo e passou. O ferrarista endureceu e retomou a ponta.
O show continuou nas voltas seguintes. Na 18ª, Verstappen passou de novo, Leclerc não se entregou e deu o troco mais uma vez. Na 19ª, a mesma coisa, com direito a uma freada forte do holandês.
Em alguma sala no circuito, Brawn sorriu vendo o resultado de sua obra.
A Liberty Media encomendou ao engenheiro inglês um Regulamento Técnico que proporcionasse mais ultrapassagens, que melhorasse o espetáculo da categoria, que empolgasse ainda mais o público.
Os últimos anos foram de estudos, de ensaios, de negociações. A nova F1 é uma revolução em termos técnicos. Tudo em nome do entretenimento.
Em três voltas, vimos que deu certo.
Tanta briga, porém, afetou a Red Bull. "Tente resfriar esses freios, Max. Foque nisso", disse Lambiase, o engenheiro do holandês, na 20ª volta. "Está impossível correr com esses freios", retrucou o piloto, na volta seguinte.
Na 25ª volta, a diferença entre Leclerc e Verstappen já estava em 3s6.
E Hamilton? Apagado, longe da ponta, o inglês tentava o que podia. Na 27ª volta, foi novamente para os boxes e colocou compostos médios. "Cuide bem dos pneus", ouviu.
Na 31ª, Verstappen fez seu segundo pit e colocou os médios. A Ferrari não dormiu no ponto e chamou Leclerc. Compostos médios também para ele, que desta vez não teve grandes sustos ao retornar para a pista.
Seus companheiros também vinham travando uma luta particular pelo último degrau do pódio: na 34ª volta, Sainz e Pérez foram para os boxes. O espanhol colocou médios, enquanto o mexicano desta vez partiu para os macios.
Foi quando Verstappen recebeu aquela mensagem que todo piloto adora ouvir: "Você está livre para acelerar agora". Mas não foi tão fácil. Por mais que tentasse, o holandês não conseguia se aproximar de Leclerc.
A Red Bull foi então pro plano B. Na 44ª volta, chamou Verstappen e Pérez para os boxes e os calçou com pneus macios. Sainz se defendeu na volta seguinte e colocou os mesmos pneus.
Na 46ª, a cartada da Red Bull deu errado. E, ironicamente, o golpe veio de dentro de casa. Gasly encostou, com incêndio na parte traseira do carro. Fogo amigo, literalmente.
O safety car foi acionado. Excelente notícia para a Ferrari, já que Leclerc ganhou a chance de poupar os pneus. Por outro lado, Verstappen reclamava mais e mais de problemas de dirigibilidade. "Continue na pista. Não parece ser um problema de confiabilidade", ouviu.
(Foi curioso, na primeira prova do ano, ver todos os retardatários superando o safety car e realinhando no fim do pelotão. Abu Dhabi mandou lembranças...)
O safety car voltou para os boxes a seis voltas do fim. Leclerc manteve a ponta. Verstappen, mais preocupado em não ser ultrapassado por Sainz, segurou o segundo lugar.
Parecia que terminaria assim. Mas muita coisa aconteceu nas últimas voltas.
O tal problema no volante se agravou e, a três voltas do fim, Verstappen teve de ir para os boxes e abandonar. Pérez tentou se segurar dos ataques de Hamilton e, na última volta, rodou e ficou no meio da pista.
Desde 2018 a Ferrari não liderava um Mundial de Construtores. Desde o GP de Cingapura, não conseguia uma dobradinha _na ocasião, com Vettel e Leclerc.
"Estou muito feliz com o resultado. Fizemos um carro maravilhoso", disse Leclerc, que emplacou um hat trick pela primeira vez na carreira _pole position, melhor volta e vitória.
Tantos resultados bons e tantas marcas históricas não são coincidência.
A Ferrari, quem diria, é a equipe a ser batida neste início de 2022.
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