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Nova direção da F1 reduz intervenções e adota o "deixe eles correrem"
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Uma nova cartilha sobre ultrapassagens na F1 joga mais responsabilidade sobre os pilotos e deixa para a direção de prova apenas os casos que não forem resolvidos na pista. Vai ser interessante e instrutivo acompanhar o resultado ao longo do ano.
O documento foi entregue às equipes antes do GP do Bahrein. É uma volta às origens e uma clara reação da FIA às encrencas entre Hamilton e Verstappen na última temporada. A BBC obteve uma cópia.
Até o ano passado, sempre que um piloto ultrapassava o outro de forma irregular _cortando a pista, por exemplo_, os comissários de prova investigavam e geralmente intervinham, determinando que a posição fosse devolvida imediatamente.
Não raro, isso suscitava um dilema ético, com o piloto que recebia a ordem chiando pelo rádio, relutando em abrir passagem. Já o piloto que vinha atrás era informado de que o incidente estava "sob investigação" e ficava esperando a ordem para recuperar a posição.
O caso mais emblemático do ano passado aconteceu na Arábia Saudita.
Na 38ª volta daquela corrida, Hamilton atacou Verstappen, que se defendeu cortando a curva 2 e mantendo a ponta. A direção de prova ordenou que ele cedesse a posição. "Faça isso num ponto estrategicamente conveniente", orientou o engenheiro da Red Bull. Ele fez isso ainda na mesma volta, mas de forma controversa: desacelerou bruscamente o carro em plena reta. O inglês, que vinha embutido, precisou de muito reflexo para não encher sua traseira.
Agora, com a saída de Michael Masi, o espírito é outro. É deixar rolar. Diz a nova cartilha: "Se um piloto, por exemplo, corta uma chicane ou uma curva, é sua responsabilidade restituir a vantagem obtida. Isso inclui vantagem em tempo ou devolver a posição".
A direção de prova, sob o comando do alemão Niels Wittich e do português Eduardo Freitas, só vai intervir se o piloto beneficiado não abrir passagem. Esta passa a ser a praxe. Mais: o piloto de trás saberá o que fazer, não precisará ficar aguardando uma ordem.
A cartilha tem o dedo de Herbie Blash, veterano da F1, que trabalhou com Bernie Ecclestone na Brabham e era velho parceiro de Charlie Whitting, antecessor de Masi. Afastado da categoria desde 2016, ele foi resgatado pela FIA para supervisionar o trabalho dos novos diretores de prova.
A ideia geral, não apenas nos casos de ultrapassagens, é só intervir em casos extremos. É a tal "receita antiga" a que me referi no mês passado. Um retorno à F1 raiz, ao "deixa os pilotos se revolverem na pista".
Coincidência ou não, a abertura do Mundial não registrou nenhuma investigação mais demorada ou protesto após a bandeirada.
Menos burocracia, mais responsabilidade, mais cavalheirismo. Não há como não gostar. Pilotos são adultos, são esportistas, terão se portar como tais. Não precisam, ou não deveriam precisar, de babás ou bedéis.
De quebra, a nova diretriz liberará comissários de provas para avaliar casos realmente importantes.
A leitura que a BBC faz é que os casos de punição podem aumentar muito graças à "natureza competitiva dos pilotos". Pode ser. Daí o caráter instrutivo que citei no começo do texto.
Saberemos quem tem espírito esportivo e quem realmente só funciona com puxão de orelha.
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