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O que a F1 ainda está fazendo na Arábia Saudita?
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O que a F1 ainda está fazendo em Jeddah? Por que mecânicos, engenheiros e pilotos já não estão a caminho do aeroporto, voltando para suas casas?
Ganância deveria ter limite. Não há a menor condição de a F1 correr na Arábia Saudita neste fim de semana. Não dá para estar num circuito quando mísseis balísticos e drones fazem ataques ali do lado.
Se não pelo risco de alguém se machucar ou morrer -que existe -, por coerência. A mesma F1 acabou de cancelar uma corrida na Rússia por causa de um conflito contra a Ucrânia.
Qual é a diferença entre um caso e outro? Começa pela velha complacência do Ocidente aos abusos do regime saudita. E termina com a razão disso. No caso, há uma cifra: US$ 450 milhões, cerca de R$ 2,1 bilhões.
Rebeldes do Iêmen explodiram nesta sexta um depósito de óleo da Aramco a 11,2 quilômetros do circuito. As explosões aconteceram durante o primeiro treino livre. Era possível ver uma coluna preta de fumaça no horizonte enquanto os carros rasgavam a pista, como mostra a foto abaixo.
Após a sessão, representantes das equipes se reuniram com dirigentes da FIA e da Liberty Media. O início do segundo treino foi adiado em 15 minutos. Logo depois, a direção da categoria divulgou uma nota confirmando que vai manter a programação do GP.
"A F1 está em contato próximo com as autoridades, que confirmaram que o evento pode continuar como planejado", disse o comunicado, tão sucinto como vago. Na sequência, a FIA cancelou todas as sessões de entrevistas que aconteceriam no circuito. Democrática, não?
A Aramco é a estatal saudita de petróleo, a maior empresa do setor, e sua marca tornou-se onipresente na F1. Há exatamente dois anos, em março de 2020, assinou uma parceria de dez anos com a categoria. Tornou-se uma das principais patrocinadoras do campeonato, além de ser promotora e fiadora da corrida de Jeddah, agora em sua segunda edição.
"A marca da Aramco estará em circuitos do mundo todo e nos 'naming rights' de algumas das principais etapas. Transmissões e plataformas digitais da F1 também levarão a marca da Aramco", disse a nota divulgada na ocasião.
O valor do contrato é estimado em US$ 450 milhões.
Durante a primeira sessão de treinos, não havia informações concretas sobre o motivo do incêndio. Quando o segundo treino estava começando, rebeldes iemenitas assumiram a autoria dos ataques, dizendo terem utilizado drone e mísseis balísticos contra instalações da Aramco em Jeddah e na capital, Riad.
O que a F1 ainda está fazendo na Arábia Saudita?
Simples. Tentando não desagradar o parceiro rico. E em casos assim, como já vimos nas últimas décadas, não se importa em fechar os olhos para realidades desagradáveis.
Esta F1 que ainda está na Arábia Saudita é a mesma que correu na África do Sul do apartheid. Se a Liberty insistir com a corrida deste fim de semana estará se igualando às gestões de Balestre, Mosley e Ecclestone, que tanto criticou nos últimos anos.
Num cenário assim, que me perdoem os puristas, os resultados na pista não importam nada.
Mas vamos lá. Leclerc foi o mais rápido nas duas sessões, seguido sempre por Verstappen.
Na primeira, o monegasco cravou 1min30s772, 0s116 mais veloz do que o holandês. Bottas foi o terceiro, seguido por Sainz. Ou seja, três motores Ferrari entre os quatro mais rápidos. Hamilton foi apenas o nono.
Na segunda sessão, mais realista por acontecer no mesmo horário da corrida, Leclerc mandou 1min30s074, folga de 0s140 para seu perseguidor. Sainz desta vez foi o terceiro, seguido por Pérez, Hamilton e Russell.
Ferrari favorita, Red Bull muito perto.
Mas não dá para se animar com nada. No momento, só torço para que o fim de semana acabe logo.
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