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Como funciona o ROC, o VAR que a FIA vai implantar na Fórmula 1
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Ao decretar a queda de Michael Masi e dividir o comando das corridas entre o alemão Niels Wittich e o português Eduardo Freitas, em fevereiro, a FIA anunciou também a implantação de um sistema semelhante ao VAR para a F1.
Mas pra quando? E como será isso?
A primeira resposta ainda é uma incógnita, mas há indícios de que pode ser ainda nesta temporada. Segundo a FIA, a "primeira fase" do projeto já foi concluída. Trata-se da montagem de uma sala na sua base em Genebra, na Suíça. É lá que vai funcionar o ROC, sigla para Remote Operations Centre, ou Centro de Operações Remoto, o "VAR da F1".
A analogia é da própria FIA. No comunicado de dois meses atrás, a entidade citou o uso da tecnologia nos gramados como sua inspiração: "Criaremos uma sala de Controle de Corrida Virtual, similar ao VAR do futebol. Isso vai ajudar o diretor do GP com a aplicação das regras".
A decisão de criar um QG fixo em Genebra, porém, já enfraquece a comparação. No futebol, o VAR é itinerante: funciona em salas nos estádios com equipes que mudam a cada partida.
O ROC, neste sentido, será mais parecido com os "replay centers" da NBA e da NFL, por exemplo. A liga americana de basquete possui uma estrutura em Secaucus, no estado de Nova Jersey, com 94 monitores de alta definição e 20 estações de trabalho conectada aos 29 ginásios que recebem seus jogos. O vídeo abaixo mostra bem a dimensão do negócio.
No futebol americano, há uma equipe de "VAR" nos estádios, mas em contato permanente com o Centro de Comando, uma sala de revisões em Nova York, onde fica a sede da liga.
Provavelmente não é coincidência. Desde que foi comprada pela Liberty Media, há pouco mais de cinco anos, a F1 vem se aproximando mais e mais do "american way" de gerir o esporte. Em suma: mais tecnologia, mais entretenimento, menos achismos, menos riscos ao produto.
Segundo a FIA, o ROC vai funcionar como uma "consultoria" e não vai interromper o fluxo de trabalho da direção de prova ou retardar as tomadas de decisões.
"Embora o princípio seja parecido com o do VAR, o ROC vai atuar como um recurso de apoio à equipe de direção de prova, oferecendo volume de dados comparável ao de dez jogos de futebol simultâneos, incluindo mais de 140 fontes de vídeos e áudio", diz nota da FIA emitida após a última reunião do Conselho Mundial, às vésperas do GP do Bahrein.
Em outro trecho, a entidade reforçou que a palavra final será sempre do diretor de prova. "O ROC não terá nenhum poder regulatório. Vai prover recursos adicionais de replay e de revisão para refinar e melhorar os procedimentos futuros. Não poderá ser usado para reavaliar ou alterar decisões do passado", informa o comunicado.
Esta última frase tem razão de ser, principalmente após a conclusão da auditoria interna da FIA que investigou a conduta da direção de prova no GP de Abu Dhabi, última etapa do Mundial de 2021. O processo concluiu que houve "erro humano" na aplicação da regra do safety car, mas que Masi "agiu de boa fé" e que o título de Verstappen é "final e válido".
A decisão que deu o título ao holandês foi fruto de um "erro", mas é "válido"... Para evitar que essa incoerência vire briga nos tribunais, a FIA fez questão de deixar claro que o ROC nada fará a respeito. O Mundial 2021 é de Verstappen e ponto, página virada.
O objetivo do ROC é evitar lambanças semelhantes e por isso é bem-vindo. Não vejo como se opor a uma ferramenta que tem a justiça como objetivo final. Mas já que a própria FIA buscou a inspiração no futebol, vale usá-lo também para se precaver. Como vemos nos gramados brasileiros a cada rodada, tecnologia e boas intenções não bastam. É preciso ter tutano.
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