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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Em Imola, Leclerc busca marca que F1 não vê há 14 anos

Charles Leclerc é abraçado por integrantes da Ferrari após a vitória no GP da Austrália - Ferrari
Charles Leclerc é abraçado por integrantes da Ferrari após a vitória no GP da Austrália Imagem: Ferrari

Colunista do UOL

19/04/2022 10h11

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O desempenho nas primeiras corridas do ano já permite à Ferrari matar saudade de um hábito que lhe era comum no início do século: perseguir recordes, bater marcas históricas.

Em Imola, no fim de semana, a apenas 70 km de Maranello, Leclerc pode conseguir uma façanha que ninguém alcança há 14 anos e que pode trazer lições importantes para suas pretensões de título mundial.

Líder do campeonato com 71 pontos, o monegasco cravou a melhor volta nos três primeiros GPs da temporada: Bahrein, Arábia Saudita e Austrália.

O último piloto que havia conseguido isso é Hamilton, em 2014, nos GPs da Itália, de Cingapura e do Japão. Foi o ano do bicampeonato, o primeiro título do inglês com a Mercedes.

E quatro GPs em sequência cravando melhor volta?

Aí é preciso voltar ainda mais no tempo. Não acontece desde 2008. E resgatar o que houve naquela temporada pode ser valioso para a Ferrari agora.

Naquele ano, Raikkonen cravou melhor volta em seis GPs seguidos: Espanha, Turquia, Mônaco, Canadá, França e Inglaterra. Meses depois, emplacou mais uma série de três corridas: Bélgica, Itália e Cingapura. Entre uma sequência e outra, também foi o mais veloz na Hungria.

Massa, então seu companheiro, fez melhores voltas em mais três etapas, incluindo o fatídico GP Brasil. Ou seja, a Ferrari teve o carro mais rápido em 13 das 18 provas daquele ano.

De nada adiantou. Ao final daquele campeonato Hamilton ficou com o título, superando Massa por apenas um ponto: 98 a 97.

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Felipe Massa e Lewis Hamilton posam para foto antes do GP Brasil de 2008, que deu o título ao inglês
Imagem: Reprodução

Há, porém, uma diferença fundamental entre as duas temporadas. Desde 2019, o autor da melhor volta de um GP ganha um ponto extra. Por isso, de lá pra cá, tornou-se comum ver pilotos debatendo estratégias e até mesmo colocando pneus macios no final das corridas.

Aconteceu em Melbourne. Leclerc conversou intensamente com seu engenheiro nas últimas voltas e, exatamente na 58ª e última, pisou fundo e cravou o melhor tempo.

Massa algum dia já deve ter matutado sobre isso: se a regra valesse em 2008, ele teria superado Hamilton por dois pontos e levantado a taça. Mas é mera elocubração. Não dá para afirmar como seria a briga por melhores voltas caso existisse o ponto extra em jogo. Como diz um velho conhecido das pistas, "se minha avó tivesse bigode, seria meu avô".

Desses momentos da F1, ficam duas lições.

Melhores voltas podem decidir um campeonato. Mas ter apenas um carro rápido não basta para fazer um piloto campeão.