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Red Bull corre para Verstappen não explodir
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Não é só o sistema de combustível. Não são apenas as quicadas do carro contra o asfalto. Não é simplesmente combater uma Ferrari em fase esplendorosa e correndo em casa. Em Imola, a Red Bull lida com mais uma questão delicada: evitar que Verstappen exploda.
Consultor da fabricante de energéticos e eminência parda na equipe, Helmut Marko comparou o campeão mundial a uma "bomba relógio". Em entrevista à ORF, TV austríaca, revelou seus receios sobre o comportamento do holandês se os maus resultados continuarem.
"Ele está mais calmo. Depois do abandono, ele voltou aos boxes e discutimos a situação com tranquilidade. Sabíamos do problema desde a classificação, então não foi algo que veio do nada. Ele é um piloto emotivo e passional, que gosta de dar sua opinião, mas está muito mais calmo do que no passado", disse o ex-piloto, descrevendo o que ocorreu na Austrália.
Mas essa "calma", ressaltou Marko, tem limite. "O acerto do carro às vezes faz você perder a confiança em manter a agressividade. Como todos podem ver, Checo está mais próximo dele do que antes. Se não voltarmos a vencer logo, ele vai virar uma bomba-relógio."
Verstappen abandonou dois dos três GPs da temporada até agora, Bahrein e Austrália, por problemas diferentes no sistema de combustível. Preocupada, a Red Bull correu: diz ter trabalhado intensamente com engenheiros da Honda nos últimos dias e encontrado a raiz das panes.
"O problema não foi no motor em si, mas na alimentação de combustível, que não aguentou as altas pressões. E acreditamos que isso tem a ver com as batidas no asfalto", relatou Marko.
Como o time ainda não tem controle total sobre os movimentos do carro, mal que aflige todas as equipes do grid em maior ou menor grau, a solução foi tentar aumentar a resistência dos condutores de combustível para o motor.
Há ainda outra questão, pincelada por Marko na sua entrevista à ORF, e que tem relação direta com o humor de Verstappen. O holandês não está 100% confortável com o novo carro.
Em entrevista a outro veículo, o site alemão F1-Insider, ele foi mais explícito: "Os novos carros têm menos pressão aerodinâmica. Isso torna tudo mais difícil para o Max. Ele ainda não encontrou o equilíbrio certo e isso abala sua confiança. Seu estilo agressivo não casa com esses carros".
Reduzir a pressão aerodinâmica foi um dos pilares do Regulamento Técnico da F1 para 2022, uma revolução em relação aos anos anteriores. Os carros se tornaram menos dependentes dos aerofólios, uma forma de diminuir a turbulência e facilitar as ultrapassagens.
Para compensar as asas menores, a F1 promoveu o retorno do efeito-solo: o assoalho ganhou protagonismo na missão de "grudar" os carros no chão. Mas surgiu um problema colateral: as batidas do assoalho contra o asfalto, que tornam os novos modelos mais nervosos de pilotar.
Quem conseguiu contornar o obstáculo, se deu bem. É o caso da Ferrari. Sim, seu carro ainda pula, mas muito menos que os da concorrência. O resultado está nas tabelas dos Mundiais: Leclerc lidera entre os pilotos, e a escuderia é a primeira colocada entre as construtoras.
Verstappen? É só o sexto, meses após conquistar o título.
Embora ainda não tenha explodido, o holandês já deixou clara sua bronca com a situação.
No Bahrein, houve um momento em que disse pelo rádio que o RB18 estava "todo cagado". Na Austrália, classificou o abandono de "inaceitável" e declarou que no momento não tem motivos para falar em defesa do seu título.
Escrevi após Melbourne: "Como vai ser daqui pra frente? Verstappen vai jogar com a equipe ou contra ela? Tenho essa curiosidade".
Não estou sozinho nessa.
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