Topo

Fábio Seixas

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Verstappen consegue 1ª pole como campeão e tira peso dos ombros

O holandês Max Verstappen no cockpit da Red Bull nesta sexta-feira, em Imola - Peter Fox/Getty Images/Red Bull
O holandês Max Verstappen no cockpit da Red Bull nesta sexta-feira, em Imola Imagem: Peter Fox/Getty Images/Red Bull

Colunista do UOL

22/04/2022 13h48

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Verstappen tirou um peso dos ombros. Em Imola, casa da Ferrari, o holandês conseguiu sua primeira pole position no ano, a primeira desde que pintou o número 1 no bico do carro.

É sua 14ª pole na carreira, a primeira no circuito italiano. Mais do que os números, é uma pole que traz um sopro de esperança para o campeão, que vive um início de ano complicado.

Porque foi no mano a mano, numa disputa contra Leclerc, vencedor dos duelos anteriores. Porque foi no limite. E porque pode mudar o astral de Verstappen com a equipe _ao longo da semana, Marko, conselheiro da Red Bull, comparou seu pupilo a uma "bomba-relógio".

O holandês largará na ponta do grid para a corrida de classificação de sábado. Serão 21 voltas para definir a ordem de largada para o evento principal, o GP da Emilia Romagna, no domingo.

Leclerc sai em segundo. A segunda fila terá Norris e Magnussen, seguidos por Alonso, Ricciardo, Pérez, Bottas, Vettel e Sainz.

max222 - Mark Thompson/Getty Images/Red Bull - Mark Thompson/Getty Images/Red Bull
Max Verstappen, pole position em Imola, durante a sexta-feira de atividades para o GP da Emilia Romagna
Imagem: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull

Foi a conclusão de um dia bagunçado em Imola. Os três blocos da classificação tiveram bandeiras vermelhas.

Pela manhã, o único treino livre antes da classificação colocou um nó nas cabeças de pilotos e engenheiros. De um lado, uma pista molhada, traiçoeira. De outro, os único 60 minutos para testar os equipamentos antes da classificação.

Foi um festival de rodadas, escapadas, salvadas. E um show da Ferrari: dobradinha com Leclerc e Sainz, sem chances para os adversários. É um grande sinal do que pode acontecer na corrida se a chuva voltar a aparecer...

A classificação começou com pista úmida, alguns pilotos de pneus para pista seca, outros com intermediários. Faltando 12 minutos para o fim, bandeira vermelha: o disco de freios da roda traseira direita de Albon pegou fogo e o pneu explodiu. Todo mundo de volta para os boxes.

Quando os boxes foram reabertos, a pista já estava completamente seca e todo mundo optou pelos pneus macios. O fim do Q1 foi dos melhores, com Verstappen e Leclerc lutando pela ponta, a Mercedes sofrendo pra passar e vários azarões se intrometendo lá na frente.

O mais veloz foi Leclerc, 1mi18s796, folga de 0s499 para Verstappen. Sainz foi o terceiro, seguido por Zhou (!!??), Pérez, Ricciardo e Magnussen. Russell foi o 12º. Hamilton passou raspando, em 15º. O carro da Mercedes, senhoras e senhores, é uma grande porcaria.

Os cortados, além de Albon, foram Tsunoda, Gasly, Latifi e Ocon.

Veio o Q2, com todo mundo de olho nos radares meteorológicos. A chuva poderia voltar a qualquer momento. Assim, ninguém ficou nos boxes quando a luz verde apareceu.

O ritmo estava intenso, mas Sainz bagunçou tudo. Escapou de traseira na Rivazza e bateu. Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o status de cada piloto da Ferrari até o fim do ano, ele fez questão de esclarecer. Bandeira vermelha.

sainz1 - Reprodução/F1TV - Reprodução/F1TV
Carlos Sainz deixa o carro da Ferrari após escapar e bater na curva Rivazza, em Imola
Imagem: Reprodução/F1TV

E aconteceu o oposto de antes: até que os boxes voltassem a ser abertos, a chuva apareceu. A condição da pista mudou de novo. Não adiantava ninguém sair para buscar tempo, no máximo para experimentar e dar uma raspadinha nos pneus intermediários.

Ou seja, quem tinha tempo antes de o espanhol bater, se deu bem. O mais veloz foi Verstappen, com 1min18s793, 0s197 melhor do que Sainz, que avançou apesar da batida. Norris, Pérez, Leclerc, Alonso, Magnussen, Vettel, Ricciardo e Bottas fecharam o top 10.

Quem não tinha tempo, dançou: Russell, Schumacher, Hamilton, Zhou e Stroll. Desde o GP do Japão de 2012, com Schumacher pai e Rosberg, a Mercedes não via os dois pilotos empacados no Q2. Repito: o carro desta temporada é horrível, pula mais do que cabrito.

Chegou então a hora da decisão, o Q3. Os carros foram para a pista e adivinhem? Bandeira vermelha. Magnussen escapou, o cronômetro parou, mas ele conseguiu voltar pra pista. O prejuízo foi pouco. Quando os carros voltaram à pista, ainda havia 8min51s para brincar.

lecler - Ferrari - Ferrari
O líder do Mundial de F1, Charles Leclerc, no cockpit da Ferrari nesta sexta-feira em Imola
Imagem: Ferrari

Leclerc e Verstappen passaram então a travar um duelo ferrenho, lutando por milésimos de segundo volta a volta. Instantes após o holandês estabelecer 1min27s999 e superar o rival por 0s779, veio uma nova bandeira vermelha, desta vez provocada por Bottas. Tudo parou de novo, restando menos de 3min para o fim.

Quando veio a luz verde, Verstappen e Leclerc foram os primeiros a sair à pista.

"Tente passá-lo se você conseguir", disse o engenheiro do ferrarista pelo rádio.

Não deu tempo para nada. Norris bateu e veio nova bandeira vermelha. Verstappen assegurou assim a sua pole.

"Estava bem difícil, com a pista escorregadia, molhada. Estava complicado aquecer os pneus. Foi uma classificação longa. Esta é uma pista que não perdoa erros, estou muito satisfeito", disse. "Sabemos que sábado e domingo serão diferentes em termos de clima, mas é um bom início de fim de semana."

Questionado se via o resultado como um recomeço após um início de campeonato tão complicado, respondeu: "Nosso começo de ano não foi como planejamos." No seu sorriso, algumas toneladas a menos de peso.