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Verstappen vive dia de sonhos em Ímola
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Os tifosi lotaram Ímola, festejaram desde cedo sem ligar para a chuva, acenderam sinalizadores, deram show nas arquibancadas e morros do circuito. Mas o sonho da Ferrari durou poucos metros. A vitória no GP da Emilia Romagna foi de Verstappen, com Pérez, seu companheiro de Red Bull, na segunda posição.
Foi acachapante. O holandês dominou a quarta etapa do campeonato, igualou o número de vitórias de Leclerc no ano, confirmou que a Red Bull está de volta ao jogo e bateu o recorde de pontos em uma única etapa da F1. Saiu de Ímola com 34 pontos a mais na tabela, o máximo permitido pelo novo regulamento. Avançou para 59, assumindo a vice-liderança do Mundial.
Foi sua 22ª vitória na F1, a segunda consecutiva no circuito italiano, a segunda na temporada. Mais: foi na casa da Ferrari, a apenas 70 km de Maranello.
A dobradinha ainda colocou a Red Bull em segundo no Mundial de Construtores. Pôs a casa em ordem. A classificação agora é mais realista, condizente com a relação de forças da categoria.
É um sinal escancarado da evolução rápida da equipe austríaca. Até este domingo, Verstappen tinha abandonado 2 dos 3 GPs da temporada e marcado apenas 25 pontos, o que o levou a declarar que não fazia sentido falar em disputa de título mundial. Agora já faz. Muito.
Norris, da McLaren, completou o pódio. O melhor piloto da Ferrari foi Leclerc, que saiu em segundo e cruzou a linha de chegada apenas em sétimo.
Foi um domingo que despertou emoções desde cedo, com chuva intermitente pela manhã, muita água na pista e pilotos e engenheiros tendo de repensar estratégias.
Cerca de 30 minutos antes da largada, parou de chover. Mas não foi o suficiente para a pista secar, e todos os pilotos iniciaram a prova com os pneus intermediários.
Escolado pelo que aconteceu na véspera, Verstappen não deu chances para a concorrência e largou muito bem. Pérez também acelerou forte e pulou para segundo. Norris foi outro que saiu bem, contornando a primeira curva em terceiro.
O início foi péssimo para as Ferraris: Leclerc caiu para quarto, e Sainz levou um toque de Ricciardo e ficou atolado na brita. Fim de prova para o espanhol, safety car na pista.
Russell agradeceu: o inglês driblou a confusão e avançou de 11º para sexto, um show.
O top 10 ao fim da primeira volta tinha Verstappen, Pérez, Norris, Leclerc, Magnussen, Russell, Bottas, Alonso, Vettel e Tsunoda.
"A pista está secando rápido", alertou Leclerc, pelo rádio.
A relargada veio na quinta volta e logo deu para perceber o trilho de asfalto seco se formando.
A recuperação ferrarista começou na oitava volta. Leclerc pisou fundo e ultrapassou Norris na Tamburello, sem abrir asa. Os tifosi foram à loucura nas arquibancadas.
Enquanto isso, outro espanhol vivia um domingo infernal. Com a lateral do carro danificada após um toque de Schumacher na largada, Alonso recolheu aos boxes e abandonou.
Lá na frente, Verstappen abria. Na 12ª volta, tinha 4s5 para Pérez, que abria 2s5 para Leclerc. Um pouco mais atrás, Russell continuava dando show: depois de forçar muito, conseguiu passar Magnussen na Variante Alta e assumiu a quinta posição do GP.
As conversas pelos rádios ficaram cada vez mais intensas, e o assunto era o tempo na região de Ímola. Por um lado, a pista secava e consumia os pneus intermediários. Por outro, havia a previsão de volta da chuva. O que fazer?
Ricciardo, lá atrás, resolveu arriscar e trocou os pneus na 17ª volta. Colocou os médios e logo começou a virar tempos bons, dando a senha para que outros fizessem o mesmo.
A Ferrari blefou. Preparou o pit, mas Leclerc não entrou. A Red Bull caiu no teatrinho da rival e chamou Pérez. Na 20ª, Verstappen e Leclerc entraram.
Na volta à pista, Leclerc estava à frente do mexicano, mas por pouco tempo. Com pneus mais quentes, Pérez superou o monegasco com facilidade e recuperou a segunda posição.
Na 21ª volta, todo mundo já estava com pneus médios. Verstappen liderava, com 7s7 sobre Pérez, que tinha Leclerc no seu cangote. Fechando o top 10, Norris, Russell, Bottas, Vettel, Magnussen, Tsunoda e Stroll.
Com os pneus enfim aquecidos, Leclerc colou em Pérez. Começou, então, a grande perseguição da corrida, por voltas e voltas. Sem nada a ver com isso, Verstappen acelerava com vento na cara e controlava sua vantagem como em seus melhores momentos de 2021.
O miolo da prova, sejamos francos, foi chato.
O momento mais emblemático veio na 41ª volta: Verstappen apontou na reta e passou Hamilton, transformando o inglês em retardatário. É o retrato mais preciso da porcaria de carro que a Mercedes fez para esta temporada. Um vexame.
Teve também uma nova rodada de pits, com muita gente colocando novos jogos de pneus para tentar buscar o ponto extra de melhor volta. Os três primeiros entraram nessa.
A emoção só voltou nas voltas finais. Faltando dez para a bandeirada, Leclerc subiu na zebra da chicane, perdeu o controle do carro, rodou e bateu, danificando a asa dianteira. Precisou ir para os boxes, despencando de terceiro para nono.
"O carro não está bom", disse pelo rádio, ao voltar para a disputa. Mais tarde, disse que pagou o preço por ter sido muito ambicioso.
O monegasco ainda conseguiu passar Magnussen, Vettel e Tsunoda e chegar em sexto. Muito pouco para uma Ferrari que começou o dia pensando em vitória.
"A gente fez tudo certo como equipe. Foi uma dobradinha merecida", disse o holandês, ao sair do carro. "A largada, claro, foi muito importante. Conseguimos entender a condição da pista, colocar os pneus slick na hora certa, ditar o ritmo. Foi um ótimo dia."
Foi a primeira dobradinha da Red Bull desde o GP da Malásia de 2016. Foi, ainda, um grand chelem de Verstappen, um fim de semana perfeito: pole, liderança de ponta a ponta, melhor volta e vitória.
Certamente significa alguma coisa.
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