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Vai ser difícil virar o jogo, mas Mercedes começa a ensaiar uma reação
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Pode não ser suficiente para virar o jogo, talvez já seja tarde demais, mas não é exagero chamar de reação. Com novidades aerodinâmicas nos carros, a Mercedes fechou a primeira sexta-feira de F1 no novo circuito de Miami com seus dois pilotos entre os quatro mais rápidos.
Russell foi o mais veloz, com Hamilton em quarto lugar. É uma luz no fim do túnel para a equipe octacampeã mundial e que começou a temporada de maneira tão miserável, irreconhecível até.
Até agora, em quatro GPs, a Mercedes somou apenas 77 pontos no campeonato. No ano passado, à esta altura, tinha 141. Não, não acho que a equipe alemã voltará a ser protagonista tão cedo. Mas, pouco a pouco, seus engenheiros começam a achar um caminho de volta.
Líder do campeonato, o ferrarista Leclerc ficou a 0s106 de Russell no segundo treino. Pérez, da Red Bull, ficou com a terceira posição. Seus companheiros, Sainz e Verstappen, tiveram uma sexta-feira para esquecer.
A sexta-feira em Miami começou quente antes mesmo de os carros irem pra pista. O motivo, a determinação ferrenha do novo diretor de provas Niels Wittich de levar adiante a fiscalização sobre o uso de joias e de roupas antichamas pelos pilotos.
A FIA divulgou um longo estudo explicando o porquê da primeira medida, vigente desde 2005 e que proíbe os pilotos de usarem joias, como correntes e piercings, no cockpit. A principal alegação é que essas peças podem agravar um eventual ferimento em caso de acidente.
Diz o Apêndice L, Capítulo III, 5 do Código Esportivo Internacional: "o uso de joias em forma de piercing ou correntes de metal é proibido durante a competição e deve ser checado".
Hamilton mais uma vez levou para o lado pessoal e chiou feio. Apareceu na entrevista coletiva coberto de joias, usando três relógios, e ameaçou não participar do GP. "Temos um piloto reserva, e há muitas coisas legais para fazer nessa cidade", disse o heptacampeão.
Depois, reuniu-se com os médicos da FIA, aceitou retirar um piercing da orelha e ganhou uma salvaguarda de duas etapas para remover outras peças mais delicadas.
O inglês ganhou alguns apoios pelo paddock, mas nenhum foi tão incisivo como o de Vettel. O tetracampeão resolveu desfilar pelo circuito com uma cueca sobre o macacão, em alusão a outro ponto da diretriz distribuída por Wittich na quinta-feira. Além das joias, a FIA promete também fiscalizar se os pilotos estão usando todas as peças antichamas, inclusive cuecas.
A FIA tem razão? A rigor, sim.
Mas está claro que Wittich, que vai dividir a função com o português Eduardo Freitas, está querendo marcar território, mostrar que chegou chegando e que manda no pedaço. O deboche inicial de Hamilton em Melbourne, quando a regra foi ressuscitada, claramente mexeu com os brios do alemão. O contragolpe veio agora.
Mas vamos pra pista...
Na primeira sessão, Leclerc foi o mais rápido e o segundo colocado surpreendeu: Russell. O tempo do monegasco, 1min31s098, apenas 0s071 mais veloz do que a Mercedes, que chegou a Miami com asa dianteira modificada e uma asa traseira menor. Verstappen, Pérez, Gasly e Sainz vieram a seguir. Hamilton ficou em oitavo _uma evolução, sem dúvida.
Como era de se esperar, muita gente rodou, escorregou, bateu. Zhou, Pérez, Tsunoda, Leclerc levaram sustos. Bottas acertou o muro com a traseira e não voltou mais para a pista.
O segundo treino trouxe a confirmação que a Mercedes esperava.
Russell foi o mais veloz, com 1min29s238,
Sainz, que não está conseguindo lidar com a pressão, bateu e abandonou. Verstappen também não teve um fim de tarde legal: recolheu para os boxes com o carro fumando. Pérez e Magnussen engrossaram a lista, rodando e indo pra área de escape nos últimos minutos.
Em Ímola, é bom lembrar, Russell também foi o mais rápido ao fim da sexta-feira. Terminou a corrida em quarto. Para uma equipe que estava completamente perdida há um mês, é uma grande evolução.
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