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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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Em nove voltas, Verstappen sela vitória e esmaga otimismo da Ferrari

Com capacete em alusão ao futebol americano, Max Verstappen comemora vitória no GP de Miami - Fórmula 1
Com capacete em alusão ao futebol americano, Max Verstappen comemora vitória no GP de Miami Imagem: Fórmula 1

Colunista do UOL

08/05/2022 18h08

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Nove voltas. Foi o suficiente para Verstappen. Em nove voltas o holandês saiu do terceiro lugar para a liderança do GP de Miami, selou sua vitória, quebrou a alternância de resultados no Mundial. Nas outras 48, venceu seu maior receio: as quebras da Red Bull. Mais importante, deixou a Ferrari assustada. O domínio que impôs neste domingo foi arrasador.

Foi a 23ª vitória do holandês na F1, igualando o sogro, Piquet. Foi a terceira neste ano, a segunda consecutiva. Leclerc, que saiu na pole, chegou em segundo. Sainz completou o pódio.

Com o resultado, Verstappen vai a 85 pontos no campeonato, reduzindo de 27 para 19 a vantagem de Leclerc na liderança. É, ainda, um banho de água fria no otimismo da Ferrari: se Miami apontar uma nova realidade na relação de forças das equipes, será questão de pouco tempo para o holandês assumir a ponta do Mundial.

"Não poderia estar mais feliz, foi um domingo incrível para nós", afirmou Verstappen, visivelmente extenuado, ao sair do carro.

"Foi muito difícil, sofremos muito com os pneus médios. Quando ele me ultrapassou, só ficou mais difícil. Tentei encostar no final da corrida, mas ele estava muito forte hoje", disse Leclerc.

Foi uma corrida morna, sejamos francos. Como já escrevi aqui, os americanos deram um show na promoção e na badalação do GP, mas esqueceram do mais importante: o circuito.

Sobrou festa, teve muita badalação, mas faltou ação na pista.

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Largada do GP de Miami, com Max Verstappen partindo para cima de Carlos Sainz
Imagem: Jared C. Tilton/Getty Images/Red Bull

O show de Verstappen começou já na largada. Terceiro no grid, o campeão mundial não tomou conhecimento de Sainz, o segundo: colocou o carro à direita da Ferrari, contornou a primeira curva lado a lado e assumiu a vice-liderança na curva seguinte. O espanhol está devendo faz tempo, não faz nada que preste desde que renovou o contrato...

Sem poder contar com a ajuda do companheiro, restou a Leclerc acelerar forte e tentar abrir vantagem. Na quinta volta, ele já tinha 1s5 para o holandês.

Um pouco mais atrás, Hamilton foi ultrapassado por Gasly na largada, tomou um totó de Alonso e caiu para oitavo. Na terceira volta, deu o troco e passou o espanhol. Na sexta, deixou o francês pra trás e retomou sua posição original.

"Já podemos ver problemas nos pneus dianteiros de Leclerc", disse o engenheiro a Verstappen na sétima volta. O holandês respondeu, pisou fundo, destruiu a folga do monegasco.

Na abertura da nona volta, o grande momento do GP: encostou, colocou de lado e tomou a liderança. Leclerc tentou acompanhar e dar o troco ainda na mesma volta, mas não deu: com os pneus em melhores condições, Verstappen passou a abrir vantagem.

Fatura encerrada. Na 11ª, já tinha 1s1 para o adversário. Na 12ª, Leclerc cometeu um erro na freada para a curva 17 e viu a diferença aumentar para 2s5. Assim fica difícil.

"Vamos com o plano B", foi o rádio para Leclerc na 15ª volta. Compreensível. Já que não dava na pista, a Ferrari tentou fazer algo diferente na estratégia. Mas nem isso funcionou.

Na 25ª, Leclerc parou nos boxes e colocou pneus duros para ir até o fim da corrida. Verstappen parou duas voltas depois e fez exatamente a mesma coisa. Para que arriscar?

Com a diferença entre os dois estabilizada na casa dos 7s5, as atrações em Miami passaram a ser a disputa pelo 12º lugar (!!) entre Schumacher, Magnussen, Norris e Vettel e a luta pela melhor volta da corrida. Muito pouco.

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Lando Norris e Pierre Gasly batem na 41ª volta do GP de Miami
Imagem: Reprodução/F1TV

Na 41ª volta, enfim, a corrida ganhou alguma emoção. Norris e Gasly bateram, um acidente de dinâmica esquisita: o inglês vinha passando o francês, que aparentemente estava com problemas e deu uma guinada súbita pra direita. Muro para o piloto da McLaren.

O safety car foi acionado, e muita gente aproveitou para passar pelos boxes. Quem se deu bem foi Russell, que largou de duros e ainda não tinha parado. Ele colocou os médios e ficou em ótimas condições para atacar quem estivesse pela frente nas voltas finais.

A questão é que o piloto imediatamente à sua frente era Hamilton, que mais uma vez nesta temporada se deu mal na estratégia. Pelo rádio, rolou um climão com Bono, seu engenheiro.

A Ferrari também bobeou: Pérez parou, mas a escuderia italiana manteve Sainz na pista.

A relargada veio na 47ª volta, faltando dez para a bandeirada.

Verstappen não deu chance para Leclerc. Pisou fundo e em poucas curvas já tinha novamente uma vantagem confortável. Um pouco mais atrás, Pérez partiu para cima de Sainz, mas não conseguiu passar.

A sete voltas do fim, Bottas deu uma triscada no muro e perdeu a posição para as duas Mercedes. Ainda na mesma volta, Russell atacou Hamilton e, com as quatro rodas pra fora da pista, passou. Teve que devolver. Sem problemas: faltando duas para o fim, ultrapassou de novo, relegando o heptacampeão para o sexto lugar.

"O estrategista não está sendo legal comigo", chegou a dizer Hamilton pelo rádio.

Leclerc até tentou ameaçar no fim, chegou a colocar o holandês na faixa do DRS, mas não conseguiu encostar.

Verstappen estava impossível neste domingo.