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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bom senso vence, F1 desiste de substituir Rússia, e Mundial terá 22 etapas

Max Verstappen na pista de Sochi no primeiro dia de treinos para o GP da Rússia do ano passado - Rudy Carezzevoli/Getty Images/Red Bull
Max Verstappen na pista de Sochi no primeiro dia de treinos para o GP da Rússia do ano passado Imagem: Rudy Carezzevoli/Getty Images/Red Bull

Colunista do UOL

18/05/2022 09h55

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Ainda que por linhas tortas, o bom senso prevaleceu. A F1 anunciou nesta quarta-feira que desistiu dos planos de encontrar um substituto para o GP da Rússia. Assim, serão 22 etapas nesta temporada, não mais 23.

A decisão é reflexo da pressão de equipes, com funcionários esgotados pela quantidade cada vez maior de provas, muitas delas em domingos consecutivos. Há um outro fator: o aumento no valor dos fretes aéreos, custo que está incluído no teto de gastos das equipes por temporada.

O texto no site oficial da categoria é sucinto: "O calendário de 2022 terá agora 22 etapas em vez das 23 planejadas originalmente, resultado da decisão de não substituir o GP da Rússia. Em 25 de fevereiro, após uma reunião envolvendo a Fórmula 1 [Liberty Media], a FIA e as equipes, foi anunciado que a corrida da Rússia, marcada para 25 de setembro, não seria disputada. Mas agora foi revelado que nenhum outro GP será incluído no calendário".

O Mundial com 23 corridas é uma obsessão da Liberty. Mas o plano sempre foi alvo de fortes críticas de quem coloca a mão na massa: o estafe das equipes e o pessoal que atua no entorno da F1. Engenheiros, cozinheiros, jornalistas e, principalmente, mecânicos simplesmente não aguentam mais viajar tanto, para tantas corridas emendadas.

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Mecânicos da Ferrari nos boxes da equipe durante o GP de Miami, última etapa da temporada
Imagem: Ferrari

O GP da Espanha, neste fim de semana, por exemplo, será o primeiro de uma série de três etapas. Serão três semanas em que boa parte do pessoal das equipes não voltará para casa, emendando uma viagem na outra, montando e desmontando boxes, consertando carros, carregando pneus pra lá e pra cá...

No fim da última temporada, uma carta aberta aos dirigentes, escrita por um mecânico em condição de anonimato, escancarou a insatisfação do paddock.

Um trecho: "O que torna este trabalho extremamente extenuante é que não há como descansar, como se recuperar. Você sai de um avião, após um voo na classe econômica que pode ter sido horrível, sem conseguir dormir, e tem que trabalhar. A combinação de mudanças de fusos horários, voos em companhias baratas e trabalho até tarde deixou todo mundo quebrado após a sequência de corridas no México, no Brasil e no Catar".

Em março, Karun Chandok, ex-piloto de F1 e hoje comentarista da TV inglesa, respondeu assim a uma enquete no Twitter sobre qual circuito deveria substituir Sochi: "Nenhum! 22 corridas é o suficiente!"

Presente no calendário desde 2014, a Rússia foi excluída do Mundial deste ano após a invasão à Ucrânia.

Nos últimos meses, vários circuitos se candidataram à vaga aberta. Portugal começou como favorito. Catar e Malásia ganharam força. E houve até algum zunzunzum sobre voltar ao anel externo do Bahrein, que recebeu a penúltima etapa de 2020.

Esses rumores foram enterrados hoje. O Mundial de 2022 terá 22 etapas, como o do ano passado, o maior da história. Continuará sendo muita coisa, mas uma prova a menos fará diferença.

Todo o pessoal da F1 poderá agora sair do GP da Itália, no dia 11 de setembro, e passar alguns dias com a família antes de embarcar para Singapura, palco da etapa seguinte, em 2 de outubro. E isso, no trecho final de uma temporada exaustiva, fará toda a diferença...