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Em domingo de sonhos despedaçados, Verstappen prevalece e assume liderança
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Num domingo de sonhos despedaçados em Barcelona, Verstappen alcançou o seu maior objetivo: pela primeira vez na temporada, assumiu a liderança do Mundial de F1.
O holandês venceu o GP da Espanha, sexta etapa do campeonato. É sua segunda vitória em Barcelona, a quarta no ano, a 24ª na carreira. Encerrou uma série de cinco triunfos seguidos da Mercedes no circuito e, mais importante do que tudo, ultrapassou Leclerc no Mundial.
Foi a 110 pontos na tabela, contra 104 do monegasco, que abandonou o GP. É a consolidação de uma recuperação impressionante e rápida. No mês passado, após a etapa da Austrália, o ferrarista chegou a abrir 46 pontos de vantagem para o campeão!
Pérez e Russell completaram o pódio.
Foi um domingo de calor escaldante em Barcelona: 36°C no ar, 49°C no asfalto.
A largada também foi quente. Verstappen atacou Leclerc, mas o pole foi agressivo na defesa e contornou a primeira curva na ponta. Russell não tomou conhecimento de Sainz e pulou para terceiro. Um pouco mais atrás, Hamilton e Magnussen se tocaram e ficou ruim para os dois.
O inglês, único do grid a largar com compostos médios, teve o pneu dianteiro direito furado e precisou passar pelos boxes. Colocou os macios. Foi o primeiro sonho a evaporar no domingo. Seu plano de chegar ao pódio e marcar um reinício na temporada foi para o espaço.
O dinamarquês também teve de fazer um pit não planejado e caiu para último.
Na quinta volta, o top 10 tinha Leclerc, Verstappen, Russell, Pérez, Sainz, Bottas, Schumacher, Ocon, Ricciardo e Norris. A vantagem do monegasco era de 1s2.
Na sétima volta, outro grande sonho ficou pelo caminho: o pódio de Sainz diante de seu público. O espanhol errou na curva 4 e foi para a brita, caindo de quinto para 11º.
Duas voltas depois, Verstappen escapou no mesmíssimo ponto. Caiu para quarto. Russell assumiu a segunda posição, com Pérez na sequência.
"Foi uma rajada de vento", disse o campeão do mundo, pelo rádio.
Na 11ª volta, Pérez abriu para Verstappen. Mas a vida do holandês continuou complicada. "O DRS não abriu", contou. No sábado, este fora um dos seus problemas na classificação.
Na volta seguinte, Sainz abriu janela de pits. Russell, Verstappen e Ocon entraram na 14ª. Bottas fez o mesmo na 15ª.
Na volta à pista, Verstappen partiu com tudo pra cima de Russell. Mas o DRS voltou a falhar: às vezes abria, às vezes não se mexia. O holandês foi ficando cada vez mais irritado, aumentando o tom das críticas pelo rádio. Na 18ª, lutando como podia, deu uma balançada atrás do inglês.
Pérez parou na 18ª. Leclerc, na 22ª, mantendo a liderança e insinuando apenas um pit no GP.
Posições reestabelecidas, portanto. O top 10 ao fim da primeira janela de pits tinha Leclerc, Russell, Verstappen, Pérez, Bottas, Ocon, Sainz, Norris, Tsunoda e Alonso. A folga do monegasco lá na ponta era bem confortável: 6s8.
Veio então um dos bons momentos da prova. Verstappen conseguiu abrir o DRS e partiu para cima de Russell na curva 1, na 25ª volta. O holandês chegou a colocar o carro à frente. Os dois fizeram as curvas 2 e 3 lado a lado. Na curva 4, o inglês pulou à frente.
"Peça para ele sair da minha frente. Eu posso passar", pediu Pérez, pelo rádio.
Foi quando a corrida virou de cabeça pra baixo! Mais um sonho caiu por terra, justamente aquele que parecia mais próximo de se concretizar.
"Não, não, não", lamentou Leclerc pelo rádio na 27ª volta. Sem potência, ele foi ficando pelo caminho. Tudo o que conseguiu foi levar o carro lentamente pros boxes e abandonar.
"É uma pena, mas é a vida. Não sabemos bem o que aconteceu. Vamos analisar, entender e resolver para a próxima corrida", disse o monegasco à repórter Mariana Becker, da Band.
Russell assumiu a liderança. A Red Bull imediatamente chamou Verstappen para os boxes, apostando em pneus macios para um miolo de corrida mais veloz. Pérez surgiu então em segundo, babando logo atrás da Mercedes e fazendo a ultrapassagem na 31ª volta.
O GP da Espanha tornou-se, então, um jogo de estratégia. Quem se daria melhor?
Russell fez o segundo pit na 37ª volta. Pérez mudou a ideia original e fez uma segunda parada na volta seguinte. Verstappen assumiu a liderança, mas teria de parar mais uma vez.
O plano para o holandês ficou claro: acelerar como um louco e abrir o máximo possível de vantagem até seu último pit.
Deu certo. Verstappen parou na 45ª volta, quando tinha mais de 16s sobre Pérez, e voltou à pista atrás do companheiro.
Como era de se esperar, veio a ordem do pit wall da Red Bull. "É injusto, mas ok", reclamou o mexicano. A manobra veio na 49ª volta. Verstappen sacramentou sua vitória.
Um pouco mais atrás, o fim da corrida ganhou animação com o desempenho de Hamilton. Mordido, o inglês colocou pneus macios e partiu para ver no que dava. Funcionou.
O inglês começou a ultrapassar quem aparecia pela frente. A seis voltas da bandeirada, deixou Sainz para trás e assumiu a quarta colocação. Um sonho renascendo? Não. Com um vazamento de água, o motor superaqueceu e Hamilton precisou tirar o pé. Sainz retomou o posto.
Com a 24ª vitória, Verstappen ultrapassa dois campeões da F1, Piquet, seu sogro, e Nico Rosberg, e iguala um dos maiores gênios da história, Fangio.
"Às vezes tem que ser do jeito difícil", disse Verstappen, pelo rádio. "Sofri aquela escapada por causa do vento, enfrentei problemas com DRS, foi difícil", reforçou na entrevista pós-GP.
Sim, foi difícil. Teve ajuda do companheiro. Mas aconteceu.
Uma exceção num domingo de pesadelos para seus principais adversários.
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