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Leclerc tem vitória mais improvável e planta desconfiança: Ferrari voltou?
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Leclerc cruzou a linha de chegada e soltou o que tinha preso no peito: "Sim! Sim! Vamos! Oh, meu Deus, eu estava com medo, eu estava com tanto medo!". Grunhiu, gritou, bufou.
Sem vencer desde abril, vítima de sucessivos erros da Ferrari, enquadrado pelo chefe no último GP, ele sabia que havia acabado de conseguir um feito: sua vitória mais improvável.
Superado por Verstappen na sexta-feira e no sábado, o ferrarista venceu o GP da Áustria num circuito pintado de laranja, a casa da Red Bull. Voltou a mostrar a força e o ritmo das primeiras etapas do Mundial. E plantou uma desconfiança no paddock: a Ferrari está de volta?
Há indícios de que sim, isso pode acontecer. Por três vezes, Leclerc ultrapassou Verstappen na corrida, sempre com facilidade. Mais: foi a segunda vitória consecutiva da escuderia italiana _Sainz venceu no domingo passado.
Foi sua quinta vitória na F1, a terceira em 11 GPs na temporada. Verstappen foi o segundo. Hamilton completou o pódio.
Com o resultado, Leclerc supera Pérez no Mundial de Pilotos e retoma a vice-liderança do campeonato, com 170 pontos. Verstappen, o líder, tem 208.
GP bom começa bom já na largada. Foi assim em Spielberg.
Verstappen não teve moleza, precisou acelerar forte para contornar a primeira curva na frente de Leclerc. Na fila de trás, Russell e Sainz dividiram a pista, o espanhol escapou e, quando voltou, recuperou a terceira posição. Na curva 3, quem entrou em dividida com o inglês foi Pérez. Os dois se tocaram e o mexicano levou a pior: foi pra brita e precisou passar pelos boxes. A direção de prova puniu Russell com 5 segundos, que ele cumpriu no primeiro pit.
O top 10 ao fim da primeira volta tinha Verstappen, Leclerc, Sainz, Russell, Ocon, Magnussen, Hamilton, Schumacher, Ricciardo e Norris.
Apesar da liderança, Verstappen não teve vida fácil. Leclerc manteve-o sempre na mira do DRS e, na décima volta, fez um primeiro ataque. Colocou lado a lado, mas não concluiu a manobra.
"Não vou conseguir segurar por muito tempo", disse o holandês pelo rádio.
Não conseguiu mesmo. Na 12ª, Leclerc tentou de novo e fez a ultrapassagem.
Impotente no ritmo de corrida, Verstappen teve de apelar para a estratégia. Antecipou o pit e, na 13ª volta, trocou os pneus médios pelos duros.
Dobradinha da Ferrari na frente, Leclerc com 2s8 para Sainz. Lá atrás, Verstappen vinha escalando o pelotão. Na 18ª, passou Hamilton e assumiu o terceiro lugar, a 19s8 do líder.
Cinco voltas depois, a desvantagem do holandês já havia caído para 12s5. Seu plano começava a ficar claro: acelerar ao máximo, retomar a liderança e abrir vantagem para um segundo pit no final do GP. Seus pneus duros, afinal, não aguentariam ritmo tão forte até a bandeirada.
Coadjuvantes, então, resolveram dar um show à parte. Norris, Magnussen, Schumacher, Alonso e Zhou se envolveram numa batalha a cinco pela oitava posição. Fizeram curva atrás de curva lado a lado, trocando posições, bailando pela pista austríaca. Foi bonito.
Na 27ª, Leclerc fez seu pit. Sainz o seguiu na volta seguinte. Ambos colocaram pneus duros. No meio disso tudo, Pérez foi para os boxes e abandonou. Verstappen então retomou a ponta. Mas, novamente, isso não foi sinônimo de vida fácil.
Na 32ª volta, o monegasco já o tinha na mira. Na 33ª, partiu pra cima na curva 3 e ultrapassou.
"Numa volta tenho aderência nos pneus dianteiros, na outra não tenho. Este carro está louco", chiou Verstappen pelo rádio.
A Red Bull reagiu e o chamou de novo para os boxes. Na 37ª volta, ele colocou um novo jogo de pneus duros e foi pra sua última tentativa. "Acelere tudo, Max. Acelere tudo", disse seu engenheiro. O holandês obedeceu.
Na 45ª, a desvantagem do holandês para o líder era de 14 segundos. Cinco voltas depois, para não tomar sustos, Leclerc parou. Numa repetição da janela anterior, Sainz entrou na seguinte.
Sim, Verstappen voltou a liderar, mas com as Ferrari com pneus mais novos voando pela pista.
Quanto tempo ele se seguraria em primeiro? Pouco. Na 53ª, Leclerc encostou e passou o holandês pela terceira vez no dia. (Imaginem o humor do holandês dentro do carro...)
A corrida parecia se encaminhar para um final tranquilo até que, na 57ª volta, Sainz começou a se arrastar pela pista. Encostou numa ladeira. E então a Ferrari pegou fogo. "Não, não, não", dizia o espanhol, enquanto tentava sair do carro.
Tudo bem com ele. Mas é quase como se a Ferrari não pudesse ter um dia 100% bom.
O safety car virtual foi acionado e desta vez o estrategista ferrarista não dormiu no ponto: tanto Leclerc como Verstappen entraram nos boxes e colocaram pneus médios. Pelo rádio, o monegasco começou a expressar preocupação sobre o que acontecera com o companheiro.
Seu GP também estaria em risco?
Desta vez, não estava. Para ele, pelo menos tudo deu certo.
Verstappen cruzou 1s5 atrás. Hamilton chegou ao pódio pela quarta vez no ano. Russell, Ocon, Schumacher, Norris, Magnussen, Ricciardo e Alonso completaram a zona de pontos.
"Tive muita degração nos pneus para atacar Charles. Diante das circunstâncias, foi um bom resultado", disse Verstappen. "Pena que eu não pude dar uma vitória para essa torcida."
"Foi uma corrida muito legal, o ritmo estava bom, mas o final foi incrivelmente difícil, meu acelerador estava travando", afirmou Leclerc, com expressão de alívio. "Eu sabia que não era um problema de motor, como o do Carlos. Que bom ter chegado ao fim."
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