Topo

Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ferrari lidera sexta-feira quente dentro e fora da pista

Carlos Sainz, o mais rápido no segundo treino livre para o GP da França, em Paul Ricard  - Ferrari
Carlos Sainz, o mais rápido no segundo treino livre para o GP da França, em Paul Ricard Imagem: Ferrari

Colunista do UOL

22/07/2022 13h15

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Na pista de Paul Ricard, sinais de mais um fim de semana de muito equilíbrio entre Ferrari e Red Bull. No paddock, um início de rebelião contra a FIA. Pelo menos seis equipes contestam os planos da FIA para reduzir as quicadas dos carros. Temem, com isso, perder desempenho.

O primeiro dia de atividades para o GP da França, 12ª etapa da F1, foi quente. A onda de calor que assola a Europa deu as caras: a primeira sessão aconteceu com 30°C no ar e 59°C no asfalto, um terror para os pneus. E, nos bastidores, a temperatura subiu ainda mais.

Leclerc foi o mais rápido no primeiro treino livre. O ferrarista cravou 1min33s930, vantagem de apenas 0s091 para Verstappen. Sainz foi o terceiro, a 0s338. Aí veio um fosso. Veio um abismo. E veio Russell. O inglês foi o quarto colocado, a 0s951 do monegasco e a 0s613 do espanhol.

Foi uma sessão limpa, sem acidentes, apenas uma escapada aqui, outra ali pelas faixas coloridas do circuito e alguns sustos na zebra da infame chicane que divide a Mistral.

O cenário foi bem parecido na segunda sessão.

Sainz foi o melhor, com 1min32s527, mas já ciente de que o fim de semana está comprometido. Ele trocou a centralina eletrônica da unidade de potência e perderá dez posições no grid. É bastante provável que ele aproveite para trocar outros componentes do motor, poupando assim novas punições nas próximas corridas.

Leclerc foi o segundo, a 0s101, com Verstappen em terceiro, a 0s550. Russel mais uma vez ficou em quarto, a 0s764 do melhor tempo. Hamilton veio na sequência, a 0s990.

psicinas  - Reprodução/F1TV - Reprodução/F1TV
Torcedores acompanham o segundo treino livre da F1 em piscina montada em Paul Ricard
Imagem: Reprodução/F1TV

Isso quer dizer que a Mercedes está fora da luta pela vitória? Acho que sim. Mas de forma alguma é carta fora do baralho por um lugar no pódio. O melhor termômetro para isso foi o desempenho de De Vries com o carro de Hamilton no primeiro treino. O holandês, pela primeira vez participando de um fim de semana de GP com a escuderia alemã, fez o nono tempo. Nada mal.

Aliás, há uma estatística interessante sobre isso no momento. Apesar dos pesares, Hamilton é atualmente o piloto com maior sequência de pódios. São três: Canadá, Silverstone e Áustria, sempre na terceira posição. É o retrato da Mercedes hoje: não tem carro para vencer, mas vem aproveitando bem as chances que aparecem e beliscando pontos importantes.

Mas essa relação de forças pode mudar.

A partir do GP de Bélgica, no mês que vem, a FIA planeja elevar os carros que estiverem oscilando mais do que o normal e batendo o assoalho contra o chão.

E qual é esse "normal"? É uma métrica criada pela entidade nas últimas etapas e que vai ser divulgada antes de cada GP. É aerodinâmica pura: carros mais altos perderão rendimento na pista. Por isso, em Paul Ricard, um movimento de equipes contrárias começa a tomar forma.

Ferrari, Red Bull, AlphaTauri, Alfa Romeo, Haas e Williams ainda não anunciaram o que vão fazer, mas estão unidas no propósito de derrubar a Diretiva Técnica emitida pela FIA após o GP do Azerbaijão _aquele, em que Hamilton deixou o carro sofrendo com dores nas costas.

Há outro ponto importante nessa discussão: a partir de Spa, a FIA também pretende banir os assoalhos flexíveis. A solução, para driblar os efeitos colaterais do novo regulamento, seria um dos trunfos de Ferrari e Red Bull nesta temporada.

Por isso as adversárias pelo Mundial estão juntas no protesto. Por isso, arrastaram também suas parceiras, AlphaTauri, Alfa Romeo e Haas. Não tem bobo na F1.