Topo

Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Leclerc fica pelo caminho, e Verstappen atinge marca emblemática na F1

Max Verstappen lidera o GP da França seguido por Lewis Hamilton e por Sergio Pérez - Mark Thompson/Getty Images
Max Verstappen lidera o GP da França seguido por Lewis Hamilton e por Sergio Pérez Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

24/07/2022 11h35

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Mais uma vez, Leclerc fez tudo certo no sábado. Mais uma vez, uma pole position terminou em frustração. Mas uma vez, a vitória na Fórmula 1 ficou com Verstappen.

O holandês venceu o GP da França, 12ª etapa do Mundial. Saindo em segundo, foi beneficiado por um acidente do ferrarista na 18ª das 53 voltas — os indícios apontam para um problema no acelerador, o mesmo que o atrapalhou na Áustria, há duas semanas.

É a 27ª vitória do holandês na F1, uma marca emblemática para o esporte e um alvo que já pareceu inatingível.

Por 14 anos, este foi o recorde de vitórias de um piloto na categoria, ostentado por Stewart. Durou de 1973 a 1987, quando Prost o igualou. Senna chegou lá quatro anos depois. Desde então, outros cinco pilotos superaram a marca. Mas a aura permaneceu: 27 vitórias, como que um ponto de virada, uma credencial indicando que aquele que a ostenta é grande.

Neste domingo, Verstappen chegou lá.

Em seu 300º GP, Hamilton foi o segundo colocado, seu melhor resultado no ano e seu quarto pódio consecutivo. Russell completou o pódio: um resultado espetacular para a Mercedes.

A Leclerc, restaram gritos de desespero no carro, voltar para os boxes de carona numa moto e caminhar pelo pit lane ainda de capacete. Foi a quinta pole position consecutiva que ele viu terminar de forma melancólica, sem converter em vitória.

Com o resultado, Verstappen abriu ainda mais vantagem no Mundial de Pilotos. Chegou à França com 38 pontos de folga para o monegasco. Sai com 63: 233 a 170.

Como previsto, foi um domingo de muito calor em Paul Ricard. O GP aconteceu debaixo de 30°C, com 61°C no asfalto. Um terror para os pneus, mesmo num piso que é um tapete.

larga1 - Mark Thompson/Getty Images - Mark Thompson/Getty Images
Largada do GP da França, com Charles Leclerc na pole position, pressionado por Max Verstappen
Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Leclerc sabia da importância de fazer a primeira curva na frente e não bobeou. Pisou forte, defendeu-se bem, manteve a ponta. Hamilton passou Pérez e assumiu o terceiro posto. No meio do pelotão, Ocon acertou Tsunoda, que rodou e caiu para último _o francês foi punido em 5 segundos. Magnussen deu show: ganhou sete posições, pulando de 20º para 13º.

O top 10 ao fim da primeira volta tinha Leclerc, Verstappen, Hamilton, Pérez, Alonso, Russell, Norris, Ricciardo, Ocon e Stroll.

Mas a boa largada não foi sinônimo de vida tranquila para Leclerc. Não mesmo. Verstappen manteve-se na cola, atazanando sua vida e enchendo seus retrovisores a todo momento.

Virou um padrão. Nas retas, o holandês usava o DRS e encostava. Nas curvas, Leclerc conseguia um ritmo melhor e ganhava algum respiro. Foi assim por voltas e voltas.

Na quinta, Verstappen colocou de lado pela primeira vez. O ferrarista se defendeu. Na oitava e na nona, insinuou novo bote, mas recolheu.

Na nona, Magnussen abriu a janela de pit stops para quem faria duas paradas. Schumacher e Zhou entraram na volta seguinte. Os três tiraram os pneus médios e colocaram os duros.

Foi só a partir da décima volta que Leclerc passou a ter algum sossego. Na 16ª, abriu 2s de vantagem. Não por coincidência, a Red Bull chamou Verstappen para os boxes na seguinte: tirou os médios e colocou pneus duros, inaugurando os pits para quem faria duas paradas.

A corrida parecia se desenhar para Leclerc quando veio o choque.

O monegasco perdeu a traseira na curva 11, sozinho. Saiu da pista, bateu de frente contra a barreira de pneus, viu mais uma pole position se desintegrar, mais um domingo escorrer pelos dedos. Foi ao desespero. Gritou pelo rádio, reclamou do acelerador.

lec12 - Reprodução/F1TV - Reprodução/F1TV
Charles Leclerc preso na barreira de pneus após bater na 18ª volta do GP da França
Imagem: Reprodução/F1TV

Instantes depois, pegou carona numa moto e voltou para os boxes.

Mais tarde, de cabeça mais fria e após conversar com a equipe, admitiu que foi erro de pilotagem.

"É extremamente frustrante. Sinto que estou no melhor nível da minha carreira, então não posso continuar cometendo erros assim", afirmou.

Safety car na pista e corre-corre pros boxes!

Todo mundo aproveitou para trocar pneus, e a Ferrari voltou a fazer lambança. Liberou Sainz de maneira insegura, ele quase acertou Latifi no pit lane e tomou 5s de punição.

O safety car saiu na 20ª volta, com Verstappen na liderança, seguido por Hamilton. Completando o top 10, Pérez, Russell, Alonso, Norris, Ricciardo, Sainz, Ocon e Stroll.

Virou uma moleza para Verstappen. Na 30ª volta, ele já tinha 3s8 sobre o rival. Na 40ª, a vantagem já estava em

A maior atração da corrida passou a ser Sainz, lutando com pneus médios e escalando o pelotão, apesar da necessidade de mais um pit e da punição já anunciada. Foi o que restou de um GP que começou muito bom, mas que murchou após a batida do monegasco.

Na 43ª, terceiro colocado após passar Pérez, Sainz entrou nos boxes. Cumpriu a punição, colocou um novo jogo de pneus médios e recomeçou sua escalada.

As atenções, então, se voltaram para a caçada de Russell sobre Pérez pelo terceiro lugar, que ganhou emoção após Zhou parar na área de escape a quatro voltas do fim.

Veio o safety car virtual e, na retomada, o inglês ganhou a posição numa bobeada incrível do mexicano.

Verstappen cruzou a linha de chegada com 10s5 sobre Hamilton. Russell ficou a 16s4. Completando o top 10, Pérez, Sainz, Alonso, Norris, Ocon, Ricciardo e Stroll.

"Tive um ritmo bom desde o começo, mas estava difícil seguir o carro da frente. Precisei manter a calma. Foi uma falta de sorte do Charles", disse Verstappen. "Sempre tento ganhar o maior número de pontos, hoje foi um dia ótimo."

"Ótimo" talvez seja pouco. Iniciar a segunda metade da temporada com 63 pontos de folga muda a cara do campeonato.

Agora já dá para dizer que há um franco favorito.