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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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Vettel anuncia aposentadoria da F1; veja programação do GP da Hungria

Colunista do UOL

28/07/2022 07h19

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Um tetracampeão vai parar. Sebastian Vettel, 35, piloto de Fórmula 1 desde os 19, vai deixar a categoria ao fim desta temporada.

O anúncio foi feio nesta quinta-feira, num comunicado emitido pela Aston Martin, equipe do alemão desde o ano passado.

"Tive o privilégio de trabalhar com muitas pessoas fantásticas nos últimos 15 anos. São muitas, não dá para lembrar e mencionar aqui. Nas últimas duas temporadas, fui piloto da Aston Martin e, embora nossos resultados não tenham sido tão bons quanto esperávamos, está claro para mim que tudo está sendo feito para que este time esteja no mais alto nível dentro de alguns anos", disse o alemão, em nota distribuída pela equipe. "Espero que o trabalho que dediquei a esse grupo no ano passado e que estou fazendo agora ajude-o a vencer num futuro próximo. Vou dar meu máximo nas próximas dez corridas."

"A decisão de parar foi difícil. Passei muito tempo pensando sobre isso. Quero tirar um tempo no fim do ano para decidir o que farei a seguir. Sou pai e quero passar mais tempo com minha família", completou.

Num vídeo postado no YouTube e na conta do Instagram que criou ontem, Vettel deu um depoimento histórico. Falou da mulher, dos três filhos, disse que ama o esporte, mas que tem também uma vida fora das pistas.

"Ser um piloto de corrida nunca foi minha única identidade. Sou curioso, fascinado por pessoas inteligentes, tolerante, impaciente, gosto de chocolate, do cheiro de pão quente e de fazer as pessoas rirem. Acredito em mudanças, no progresso. Sou um otimista. Criei outros interesses além da F1. Meu foco mudou, de vencer corridas e lutar por títulos para ver meus filhos crescerem, transmitir a eles meus valores e ajudá-los quando caírem. Crianças são nosso futuro. Vivemos momentos decisivos, e o que faremos nos próximos anos será fundamental. Falar não é suficiente. Minha melhor corrida ainda está por vir"

É comovente. E está logo abaixo.

Lawrence Stroll, dono do time, agradeceu Vettel "do fundo do coração" e disse que tentou convencer o alemão a ficar. "Deixamos claro que gostaríamos que ele continuasse no próximo ano. Ele fez o que acha mais certo para ele e para a família, e é claro que temos de respeitar isso."

Mike Krack, chefe da Aston Martin, classificou o alemão como um "piloto rápido, inteligente e estratégico" e afirmou que aprendeu muito com ele nos últimos meses.

Ao assistir ao vídeo e ver fotos de Vettel sorrindo, é impossível não lembrar daquele garoto cheio de aparelhos nos dentes, cotejado pelas grandes equipes após um sucesso estrondoso nas categorias de base.

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Sebastian Vettel, em 2004, quando venceu 18 das 20 etapas da Fórmula BMW
Imagem: Reprodução

Vettel começou a competir de kart aos 8 anos. Aos 11, já era piloto do Red Bull Junior Team. Aos 17, foi campeão da F-BMW. Aos 18, da F-3 europeia. E, aos 19, estreou na F1 no susto, chamado para correr no GP dos EUA no lugar de Kubica, que se acidentara no Canadá.

Foi uma estreia de gala: largou em sétimo e terminou em oitavo, tornando-se, na ocasião, o piloto mais jovem a pontuar na F1.

Fã de Michael Schumacher, que o adotou como pupilo no paddock, teve um início de trajetória na F1 parecido com o do ídolo. Depois de apenas uma corrida, já foi cooptado por outra equipe: no GP seguinte, na Hungria, já era titular da Toro Rosso.

Foram dois anos por lá, com direito a pole position e vitória em Monza, até ser promovido para a Red Bull em 2009.

Começou, então, sua fase de ouro na F1. Os números são avassaladores. Em 113 GPs pela Red Bull, foram 44 poles, 38 vitórias e 24 melhores voltas. E quatro títulos mundiais consecutivos: de 2010 a 2013.

No fim de 2014, chocou o automobilismo ao anunciar sua saída da equipe. Mais uma vez, seguiu os passos do ídolo: foi perseguir o sonho de pilotar para a Ferrari.

Não deu tão certo como ele esperava. Venceu 14 GPs por lá, chegou a sonhar com o título em 2017, mas nunca de fato entrou numa briga pelo campeonato. Seus últimos anos em Maranello foram turbulentos, e ele deixou o time no fim de 2020 apenas em 13º no Mundial e com uma calvície que retratava a dureza vivida por lá.

Na Aston Martin, com a missão de ser uma espécie de tutor de Lance Stroll, filho do dono da equipe, voltou a ser o Vettel sorridente de antes. Soltou-se. Passou a defender e a falar sobre causas humanitárias, desafiou governos como os da Hungria e da Arábia Saudita ao usar as cores do arco-íris e, nos últimos meses, encampou também a luta contra os combustíveis fósseis.

Questionado se não era incoerente erguer essa bandeira sendo um piloto de F1, esporte ainda movido a gasolina, concordou. Nesta quinta-feira, encerrou o contrassenso. Escolheu um lado. Dá para prever um Vettel ainda mais ativista em suas últimas corridas na categoria e nos próximos anos.

A Fórmula 1 e equipes já se manifestaram sobre a aposentadoria do tetracampeão.

"Vamos sentir sua falta, Seb", postou a categoria. "Obrigado, Seb, pelos grandes momentos e pelos quatro títulos mundiais", escreveu a Red Bull. A Alpine chamou o alemão de uma "lenda total" do esporte. "Foi uma honra", definiu a Ferrari.

"Parabéns pela incrível carreira, dentro e fora das pistas", escreveu o perfil da Fórmula E.

Em números gerais, Vettel é o sétimo piloto da história em GPs disputados (289), o terceiro em vitórias (só atrás de Hamilton e Schumacher), o quarto em poles (atrás dos mesmos dois e de Senna). Em quantidade de títulos, só perde para os heptas Hamilton e Schumacher e para o pentacampeão Fangio.

É um dos maiores pilotos de todos os tempos. Vai fazer falta nas pistas. Mas certamente vai se tornar uma voz fundamental fora delas.

A programação do GP da Hungria está abaixo, no traço fino do Pilotoons.

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Programação do GP da Hungria
Imagem: Pilotoons