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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Soberba da Alpine levou Piastri para a McLaren

O australiano Oscar Piastri no grid do GP de Miami, quinta etapa da temporada da F1, em maio - Oscar Piastri/Twitter
O australiano Oscar Piastri no grid do GP de Miami, quinta etapa da temporada da F1, em maio Imagem: Oscar Piastri/Twitter

Colunista do UOL

09/08/2022 11h07

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O imbróglio entre a Alpine e Piastri não vai passar pela FIA e deve parar na Justiça comum. O motivo: o australiano nunca teve um contrato com a equipe de F1 e, portanto, o documento não foi registrado no Comitê de Reconhecimento de Contratos da federação.

O acordo de Piastri era com a Academia da Alpine e dava à marca francesa a opção de promovê-lo para o time de F1 caso cumprisse uma série de exigências, entre elas um mínimo de quilometragem em testes. O realizado passou longe do combinado.

A meta era 3.500 km. Ao longo de sua carreira como piloto reserva da Alpine, iniciada em novembro do ano passado, o australiano participou de apenas duas sessões de testes. Percorreu 692 km no dia 14 de dezembro, em Abu Dhabi. E andou por dois dias no Qatar, em maio _a quilometragem não foi revelada, mas um dia muito profícuo de teste geralmente fica em torno de 700 km.

Mais nada.

Ele nunca foi escalado para um treino livre de sexta-feira, praxe das equipes com seus pilotos novatos e, a partir desta temporada, uma imposição do regulamento. A Alpine preferiu esperar. Esperou demais. Dançou. Piastri assinou com a McLaren no sábado do GP da Hungria.

A informação de que o contrato era com a "Alpine's Driver Academy", e não com a "Alpine F1 Team" é crucial.

Encaixa uma peça importante do quebra-cabeças.

Foi por isso que a McLaren conseguiu registrar o contrato com seu novo piloto na FIA sem problemas. Não havia nenhum conflito. E é por isso que não adianta a Alpine chorar na federação. Se quiser alguma compensação financeira, terá que ser na Justiça comum.

"Há 90% de certeza de que iremos à Alta Corte", disse Szafnauer, o chefe da Alpine.

Em paralelo, McLaren e Ricciardo tentam resolver as pendências internamente.

O australiano quer receber cerca de US$ 21 milhões, ou R$ 107 milhões, pela quebra de contrato, que iria até dezembro do ano que vem. Mais de uma vez o chefe do time, Seidl, declarou publicamente que ele ficaria até o fim do acordo, como comentei aqui.

A equipe inglesa só deve anunciar Piastri após acertar a saída de Ricciardo, que está curtindo as férias na Austrália. Ele ainda não se manifestou sobre o assunto, mas ontem postou uma foto sorrindo, numa piscina, como que para passar a imagem de alguém despreocupado.

Todo esse rolo vale uma reflexão. Ao que tudo indica, a Alpine foi incompetente duas vezes.

A primeira, ao tratar com soberba um piloto promissor, desejado por todo o paddock. Piastri não é qualquer um. Venceu a F3 no seu ano de estreia, 2020, e repetiu a dose na F2 na temporada passada. Era natural que estivesse aborrecido por ficar apenas viajando de GP pra GP, posando pra fotos e dando entrevistas. Carro que é bom, nada.

A segunda, ao não antecipar o movimento de Alonso, que subitamente abriu uma vaga no time. Szafnauer disse que "obviamente ouvia rumores no paddock", mas que não os levava a sério. Quer dizer que ele não sabia do histórico do espanhol com suas ex-equipes? Sério?

Não adianta sair por aí agora dizendo que há 14 pretendentes à vaga.

Nenhum deles é o piloto que a Alpine esperava ter em 2023.