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Movimentos do mercado da F1 não deixam dúvidas: Briatore está de volta
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Na aposentadoria de Vettel, na transferência de Alonso para a Aston Martin, na negativa de Piastri para a Alpine, um homem não se surpreendeu. Tinha tudo sob controle, evocando tempos passados e mostrando que não entra para perder. Ele definitivamente está de volta.
Flavio Briatore.
O italiano é a eminência parda por trás dos últimos e chocantes movimentos do mercado de pilotos da F1. Nada com o qual ele não esteja acostumado. Nós, sim, é que nos desacostumamos aos seus métodos, imaginando-o carta fora do baralho após um acúmulo incrível de controvérsias e até um "banimento eterno" de eventos da FIA.
Engano crasso.
Briatore nunca se afastou realmente. Continuou rondando, sobrevoando, tateando aqui e ali. E foi figura central numa sequência de mudanças que já leva a Alpine a sugerir um complô.
"Não tenho nenhuma prova disso. Mas esta é a Fórmula 1. Não ficarei surpreso se daqui a alguns anos alguém disser que houve uma grande troca de informações pelas nossas costas", disse Otmar Szafnauer, o chefe da Alpine, por ora o grande traído de toda a situação.
À primeira vista pode parecer teoria da conspiração, mas faz todo sentido após uma análise mais profunda. Como todo personagem de destaque na categoria, o dirigente não é santo. Em 25 anos de F1, ganhou desafetos. E provavelmente não é coincidência que o primeiro movimento do tabuleiro tenha sido executado por personagens que ele irritou recentemente.
Szafnauer deixou a Aston Martin em janeiro e assinou com a Alpine dias depois, transferência que deixou Lawrence Stroll possesso. Lá chegando, encontrou um Alonso louco para renovar seu contrato por mais duas ou três temporadas. Não o atendeu. Preferiu empurrar com a barriga, usando uma carta que tinha na manga: Piastri, à espera de uma chance, mas já impaciente com a lenga-lenga na definição sobre seu futuro.
Ninguém gosta de ser esnobado. Bilionários, campeões da F1 e jovens promessas, muito menos.
Aí é que Briatore entrou em cena.
Artífice do maior escândalo da história da categoria, o "crashgate" de Singapura-2008, o italiano foi punido pela FIA com um banimento vitalício de todos os seus eventos. Em 2010, reconquistou na Justiça francesa o direito de frequentar os paddocks. Ao longo desses anos, aparecia de vez em quando, com negócios pontuais, e dizia não ter mais muito interesse no esporte. Mas retornou de vez em 2021, como empresário de Alonso, também voltando à F1.
Pois Briatore percebeu um furo óbvio na estratégia de Szafnauer de jogar com Alonso e Piastri: Mark Webber, um velho conhecido.
O ex-piloto australiano é hoje o empresário de Piastri. E quem foi responsável pela condução da carreira de Webber na F1, da Minardi à Red Bull? Ele mesmo, Briatore.
O quão próximos eles são. Basta dar uma checada no site oficial do ex-piloto. "Flavio sempre foi incrivelmente leal comigo, sempre esteve ao meu lado quando precisei", escreveu.
Foi tudo muito rápido. Na quinta-feira, Vettel se aposentou. No sábado, Piastri assinou com a McLaren. Na segunda, Alonso anunciou a saída para a Aston Martin. Na terça, a Alpine anunciou Piastri, para ser desmentida apenas uma hora e meia depois.
Movimentos assim são coordenados. E, em todos eles, só um lado saiu prejudicado: Szafnauer e, por consequência, a Alpine. A soberba, como escrevi na semana passada, custou caro.
Briatore seria capaz de tudo isso? Bem, estamos falando de um cara que já foi condenado por fraude e conspiração em esquema de apostas, que precisou se refugiar nas Ilhas Virgens para não ser preso, que tirou Schumacher da Jordan depois de apenas uma corrida, que é forte suspeito de armar o vazamento das imagens da orgia neonazista de Max Mosley, que mandou um piloto bater no muro, correndo o risco de se machucar, para beneficiar outro.
Ele está de volta. Com menos holofotes do que antes. Talvez por perceber que, assim, é mais fácil operar na F1.
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