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Fábio Seixas

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Férias da F1 tiveram traições, novas regras, meme e piloto assumindo namoro

Daniel Ricciardo, que deve perder a vaga na McLaren, em foto postada no Instagram durante as férias da Fórmula 1 - Daniel Ricciardo/Instagram
Daniel Ricciardo, que deve perder a vaga na McLaren, em foto postada no Instagram durante as férias da Fórmula 1 Imagem: Daniel Ricciardo/Instagram

Colunista do UOL

22/08/2022 08h48

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Não sei se ainda é assim mas, na minha época, a redação "minhas férias" era um clássico dos primeiros dias de aula. Normalmente a molecada começava o texto com "Minhas férias foram legais" e seguia com uma série de aventuras e desventuras e, claro, uma porção de mentiras.

Minha redação sobre o retorno da F1, nesta semana, começaria mais ou menos dessa forma: "Minhas férias foram legais. Mas seriam ainda melhores se tivessem sido férias de verdade".

O tão esperado "summer break", o descanso no verão europeu, as três semanas sem corridas da categoria, foi o mais agitado de que me recordo. O noticiário esteve quente o tempo todo, pegando fogo.

Teve trairagem de dirigente, teve piloto trocando de equipe, teve novato recusando vaga, teve mudança de regra com a temporada em curso, teve publicação de regulamento novo, teve personagem polêmico bagunçando tudo.

E, nesta segunda-feira, teve mais um zunzunzum de mercado ganhando força.

Não entendeu nada? Desligou da F1 desde aquele longínquo GP da Hungria? Não tem problema. O blog faz um resumo de tudo pra você.

MERCADO DE PILOTOS
Você deve lembrar que Vettel anunciou, na quinta anterior a Budapeste, que vai deixar a F1 ao fim da temporada. Postou nas redes um vídeo incrível, emocionante, o mais belo anúncio de aposentadoria que já vi na categoria.

Pois bem. A beleza acabou aí. Porque o que se seguiu foi um festival de mentiras, dissimulações e puxadas de tapete, tudo arquitetado por um velho conhecido: Briatore. Sim, ele mesmo, aquele cara que havia saído banido "eternamente" pela FIA em 2009.

Tudo começou na segunda-feira, 1º de agosto, um dia depois da corrida da Hungria. Foi quando Alonso anunciou que está indo para a Aston Martin.

Szafnauer, chefe da Alpine, disse ter sido pego de surpresa. Contou ter conversado com o espanhol na véspera sobre a proposta de contrato que havia na mesa: renovação por um ano, com opção de extensão por mais um.

Alonso queria mais e assinou com a Aston Martin por dois anos, com opção de renovar por mais um.

A direção da Alpine ficou chateada, mas por algumas horas imaginou ter encontrado a solução para um problema: onde encaixar Piastri, seu promissor e cobiçado piloto reserva.

Ele seria o titular em 2023, ao lado de Ocon, certo? Errado.

No dia 2, a equipe francesa anunciou o australiano. Uma hora e meia depois, ele colocou a mensagem abaixo no Twitter declarando que não tem nada assinado para 2023 e que não correrá na Alpine na próxima temporada. O texto já virou meme.

Só então caiu a ficha. Piastri assinou com a McLaren, que agora tenta achar uma solução para Ricciardo, com contrato válido até o fim de 2023: encaixá-lo em outra equipe, em outra categoria ou pagar a multa da rescisão.

Por trás de todos esses movimentos, está uma velha raposa da categoria: Briatore. O italiano é empresário de Alonso e uma espécie de mentor de Webber, que conduz a carreira de Piastri.

"Não ficarei surpreso se daqui a alguns anos alguém disser que houve uma grande troca de informações pelas nossas costas", disse Szafnauer, o grande traído de toda a situação.

A Alpine seria uma opção para Ricciardo? Sim. Mas essa solução poderia livrar a McLaren de parte da multa, e no momento os franceses não estão muito dispostos a ajudá-la.

Enquanto isso, o veterano australiano não parece preocupado. Depois de alguns dias de silêncio nas redes sociais, voltou a postar fotos das férias no dia 8, como a que ilustra o alto deste post. (E a fofoca é que ele assumiu o namoro com Heidi, filha de Gerhard Berger).

Paralelamente a toda essa confusão, começou um zunzunzum: a vaga pode ficar com Schumacher, que conta com patrocinadores fortes e busca um passo à frente na carreira após dois anos de Haas. A história ganhou força nesta segunda-feira: a equipe americana anunciou que Giovinazzi participará dos primeiros treinos livres em Monza e Austin.

O italiano tem 62 GPs por Sauber e Alfa Romeo, é apoiado pela Ferrari e não se adaptou à Fórmula E. Deve ter batido em Maranello implorando por mais uma chance na F1...

REGRAS PARA 2022
Na quarta-feira da semana passada, a FIA transformou em regra aquilo que já havia dito que faria. A partir do GP da Bélgica, vai adotar duas medidas para reduzir o "porpoising", as quicadas dos carros contra o asfalto.

A primeira será aumentar o rigor das vistorias na prancha presa ao assoalho dos carros. A entidade suspeita que algumas equipes estavam usando um sistema que permitia que essas pranchas flexionassem, principalmente na parte traseira, o que é proibido pelo regulamento.

Red Bull e Ferrari estão entre essas suspeitas. Será que, sem o sistema, perderão desempenho na pista? Começaremos a saber da resposta nos próximos dias, em Spa.

A segunda medida tem a ver com a tal AOM, métrica de oscilação aerodinâmica, criada após as queixas dos pilotos no Azerbaijão. Carros que oscilarem mais do que um valor a ser definido a cada GP terão de ser elevados em relação ao solo, o que vai significar perda de desempenho.

A FIA alegou motivos de segurança para implementar as duas novidades no meio do Mundial.

REGRAS PARA 2023
No mesmo comunicado, quarta-feira passada, a FIA anunciou que os carros terão de ser 15mm mais altos no ano que vem e que levarão mais sensores para medir as oscilações em movimento. Além disso, os difusores também terão de ser redesenhados.

Mais uma vez, a justificativa foi a segurança.

Brawn e cia acertaram nas mudanças do regulamento, as corridas estão mais agitadas, mas eles não previram o efeito colateral do "porpoising". As medidas de agora nada mais são do que uma correção de rota.

REGRA PARA 2026
Por fim, ufa, a FIA publicou o regulamento para as unidades de potência a partir de 2026.

Isso é importante porque várias montadoras precisavam de uma formalização sobre a F1 do futuro para decidir se entram ou não na categoria.

Agora está na regra: a partir de 2026, as unidades de potência terão maior contribuição elétrica e o motor a combustão usará combustível sintético, 100% sustentável.

A demora na publicação das regras era o último obstáculo para a Volkswagen finalmente anunciar sua entrada na F1, um velho sonho da categoria.
Nas próximas semanas, o grupo alemão deve revelar o que todo mundo já sabe: que a Porsche será sócia da Red Bull a partir de 2026.

Outra marca do grupo, a Audi, negocia com a Sauber, mas a conversas por lá podem sofrer um revés. Tem um post aqui que explica tudo direitinho.

FÉRIAS?
Como foram as suas férias da F1? As minhas foram legais, mas não foram bem férias de verdade.