Topo

Fábio Seixas

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Red Bull vai construir novos chassis para perder peso, diz revista

O líder do Mundial de Fórmula 1, Max Verstappen, na sessão de classificação para o GP da Hungria - Dan Mullan/Getty Images
O líder do Mundial de Fórmula 1, Max Verstappen, na sessão de classificação para o GP da Hungria Imagem: Dan Mullan/Getty Images

Colunista do UOL

23/08/2022 09h57

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Quando as equipes acreditavam ter resolvido seus problemas de peso, veio uma diretiva técnica e mudou tudo. As regras para reduzir as quicadas dos carros criaram uma nova dor de cabeça para os engenheiros, a ponto de a Red Bull já se mexer para construir novos chassis.

As novas diretrizes passam a valer no fim de semana, na Bélgica. Sob o argumento do aumento da segurança, a FIA oficializou na última quarta-feira duas novidades no regulamento.

A primeira já vinha sendo ensaiada nas últimas etapas. Desde o GP do Canadá, a FIA colhe dados de todos os carros para criar um novo parâmetro, batizado de AOM (sigla em inglês para Métrica de Oscilação Aerodinâmica). A explicação está no texto da Diretiva Técnica 39, emitida em 16 de junho: "definir uma métrica, baseada na aceleração vertical dos carros".

A partir de Spa, os técnicos da entidade vão analisar o comportamento dos carros nos treinos livres de sexta e então anunciar um limite para as oscilações pelo resto do fim de semana. Aqueles que oscilarem acima de tal valor terão de ser elevados em relação ao solo, o que aumentará a segurança e provavelmente prejudicará o desempenho na pista.

No paddock, essa medida não preocupa. Mesmo equipes como Mercedes e Aston Martin, que sofreram muito com o "porpoising" no começo do ano, dizem já ter resolvido o problema.

A segunda medida, sim, deve trazer transtorno para alguns times.

A FIA passará a inspecionar com mais rigor a prancha de madeira dos assoalhos. A suspeita é que algumas equipes driblaram o regulamento no começo do ano com pranchas que estavam dentro das regras nos pontos de medição, mas que eram mais finas e flexíveis em outras áreas.

Dificilmente alguém vai ser pego no flagra agora. A FIA deu o aviso, todo mundo teve tempo de instalar pranchas mais rígidas sob os carros. Mas pranchas mais rígidas são, também, mais pesadas. E este é um enorme desafio para os engenheiros, uma volta à estaca zero.

O Regulamento Técnico da F1 para este ano, com rodas maiores e novas configurações aerodinâmicas, tornou os carros mais pesados. Ciente de que isso poderia acontecer, a FIA aumentou em 43 kg o peso mínimo dos carros antes do início da temporada e, depois, diante de muita chiadeira, concordou em conceder mais 3 kg.

ferrai2 - Ferrari - Ferrari
Carlos Sainz e Charles Leclerc, da Ferrari, sem a pintura das asas traseiras na Hungria para perder peso
Imagem: Ferrari

Mesmo assim, muitas equipes tiveram dificuldades em chegar perto disso. Algumas, como Williams, McLaren e Ferrari, abriram mão até da pintura dos carros. Agora, aquelas que estavam usando pranchas mais leves, terão de buscar outras maneiras de perder peso.

Segundo reportagem da sempre bem informada "Auto, Motor und Sport", da Alemanha, a Red Bull vai tomar uma medida drástica: construir novos monocoques, mais leves. Outros times podem fazer o mesmo. A Mercedes já negou seguir por este caminho. E o motivo é financeiro.

"Ficaria muito caro. Não apenas por causa dos crash tests. Teríamos que construir no mínimo três novos chassis, o que custaria US$ 2 milhões", disse uma fonte da equipe alemã à revista.

Surge, então, uma nova questão. Como a Red Bull vai encaixar esse gasto extra no teto orçamentário previsto pelo regulamento, de US$ 144,4 milhões nesta temporada?

Não são apenas os engenheiros.

A área de finanças também ganhou um problemão.