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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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Spa, 1º dia: Audi, festival de punições e chance de ouro para coadjuvantes

Executivos da FIA, da Liberty e do Grupo Volkswagen no anúncio da entrada da Audi na Fórmula 1, em Spa-Francorchamps - Divulgação/Audi
Executivos da FIA, da Liberty e do Grupo Volkswagen no anúncio da entrada da Audi na Fórmula 1, em Spa-Francorchamps Imagem: Divulgação/Audi

Colunista do UOL

26/08/2022 13h09

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Foi o retorno da F1 após as férias, foi o primeiro dia de treinos para o GP da Bélgica. Mas esta sexta-feira, 26 de agosto, foi muito mais.

Foi o dia em que o Grupo Volkswagen finalmente anunciou sua entrada na categoria, o final feliz de uma novela que se arrastou por décadas. E foi o maior festival de punições por trocas de componentes de que me recordo: seis pilotos já foram jogados para o fundo do grid.

"Quero oficialmente anunciar que a Audi se registrou como fabricante de unidades de potência da F1. Então vamos começar a correr em 2026", disse o alemão Markus Duesmann, presidente do conselho da montadora, declaração que até parece simplória demais diante do histórico das negociações e do tamanho de empreitada à frente.

Foram, repito, décadas de namoro. Perdi a conta de quantas vezes a Volks flertou com a F1, mas refugou na hora agá. Desta vez, deu certo. E há um grande responsável por essa costura: Domenicalli, que assumiu a operação da Liberty Media na categoria no ano passado.

Seu emprego anterior havia sido como CEO da Lamborghini, marca do grupo alemão. O italiano sabia do que seria preciso para encerrar a novela de vez. E agiu rápido.

Em julho do ano passado, capitaneou um encontro marcante. Reuniu as atuais fabricantes da F1 numa mesa em Spielberg, convidou executivos da Volks, e juntos todos discutiram as diretrizes para um novo regulamento de unidades de potência, a ser adotado em 2026.

Paralelamente a isso, houve um importante movimento político.

Em setembro, a F1 anunciou que correria no Qatar em novembro e por mais dez anos a partir de 2023. Foi um indício de que as conversas estavam avançando.

O QIA, fundo soberano do Catar, é o terceiro maior proprietário de ações do Grupo Volks e tem direto a 17% dos votos no conselho. Foi um apoio fundamental.

Tudo isso desembocou no primeiro dos dois anúncios da Volks, pouco antes do primeiro treino livre em Spa-Francorchamps: a Audi entrará na F1 em 2026, com unidades de potência que serão produzidas na fábrica de Neuburg, próxima à sua histórica sede, Ingolstadt.

A montadora fez questão de exaltar o orgulho pela frase acima. O comunicado distribuído para a imprensa começou com alfinetada numa velha concorrente, a Mercedes: "Será a primeira vez em mais de uma década que motores de F1 serão produzidos na Alemanha".

A base da atual octacampeã mundial de Construtores é na Inglaterra...

A Audi chegará à F1 como parceira da Sauber, que hoje "aluga" sua estrutura para a Alfa Romeo. Não por coincidência, horas depois veio o anúncio de que seu contrato com a marca italiana será encerrado no fim do ano que vem. Assim, as temporadas de 2024 e 2025 serão uma transição para a chegada da montadora alemã.

O segundo anúncio da Volks deve acontecer nos próximos dias e também é um segredo muito mal guardado: a Porsche se tornará sócia da Red Bull também a partir de 2026.

Na pista, Sainz foi o mais rápido no primeiro treino, seguido por Leclerc. O tempo do espanhol, 1min46s538, 0s069 de folga para o companheiro.
Verstappen foi o terceiro, seguido por Russell.

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O holandês Max Verstappen, líder do Mundial de Fórmula 1, o mais rápido da sexta-feira em Spa
Imagem: Mark Thompson/Getty Images

No segundo treino, Verstappen cravou todo mundo com 1min45s507, uma volta voadora. Leclerc ficou a 0s862, seguido por Norris e Stroll.

Entre uma sessão e outra, a direção de prova teve trabalho.

Começou a expedir, em ritmo frenético, avisos de punições. Seis pilotos, entre eles Verstappen e Leclerc, líder e vice-líder do Mundial, largarão do fundo do grid por trocas de componentes da unidade de potência e da caixa de câmbio, estourando os limites do regulamento.

Verstappen, Norris, Ocon e Bottas correrão no fim de semana com novos motores a combustão, turbos e MGU-Hs. O holandês, o francês e Leclerc ainda usarão novos MGU-Ks. E o monegasco terá também uma nova bateria. Ocon, por fim, trocou ainda bateria e centralina. E Schumacher vai também com uma nova centralina por fim de semana.

Não, não acabou. Leclerc, Bottas, Verstappen e Schumacher ainda trocaram componentes da caixa de câmbio.

O resultado da salada é que Sainz, Pérez e a dupla da Mercedes ganharam uma chance de ouro de lutar pela vitória no mais mítico traçado da F1.