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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pílulas do Dia Seguinte: Verstappen e Red Bull tocaram o terror na F1

Max Verstappen comemora a vitória no GP da Bélgica, a 9ª em 14 corridas até agora na temporada da F1  - Dan Mullan/Getty Images
Max Verstappen comemora a vitória no GP da Bélgica, a 9ª em 14 corridas até agora na temporada da F1 Imagem: Dan Mullan/Getty Images

Colunista do UOL

29/08/2022 08h15

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O ritmo médio da Ferrari no GP da Bélgica foi 0s52 por volta mais lento que o da Red Bull. Multiplique isso por 44 voltas e acrescente uma tirada de pé de Sainz no fim do GP. Isso explica os 26s8 de diferença entre Verstappen e o espanhol na linha de chegada. É quase meio minuto. É muita coisa, mesmo numa pista de 7 km. É um abismo em se tratando de F1;

Isso explica várias expressões usados pela imprensa internacional para definir a Red Bull depois de Spa: "fenomenal", "fora de classe", "especial", "um campeonato à parte", "de outro planeta", "outro nível", "preocupante"...

Na Itália, a "Gazzetta dello Sport" destacou que "Max não teve adversários em Spa". Na França, o "L'Équipe" escreveu que o holandês tornou-se um "intocável". O inglês "Guardian" foi mais longe e abriu a reportagem sobre a corrida citando um trecho do soneto "Ozymandias", de Percy Bysshe Shelley, um clássico escrito em 1818: "Contemplai as minhas obras, ó poderosos, e desesperai-vos!"

Desesperai-vos. Mais de 200 anos depois, é este o sentimento que ronda a equipe que parecia ser a poderosa da F1 no início do campeonato. Líder do Mundial de Construtores até a quinta etapa, em Miami, a Ferrari segue em queda livre;

Ok, Sainz foi terceiro, subiu ao pódio. Mas os dois erros crassos cometidos com (e por) Leclerc não condizem com uma equipe profissional de automobilismo. No sábado, a Ferrari colocou pneus macios novos num piloto sem chances de lutar pela pole. No domingo, perdeu a quinta posição graças à estapafúrdia ideia de só ir para os boxes no fim do GP _ lambança que ficou completa quando ele ultrapassou o limite de velocidade no pit lane;

Binotto defendeu a decisão do pit tardio de Leclerc da seguinte forma: "Você precisa ter coragem na F1". Ele poderia inscrever sua obra no Prêmio Darwin, que todo ano premia odeias corajosas, mas estúpidas. O vencedor do ano passado foi um garoto de 23 anos que resolveu pilotar um avião sem nenhum treinamento. Caiu numa floresta do Texas e morreu. O caso da Ferrari é menos trágico, claro. Mas a recorrência já virou piada;

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Mattia Binotto, chefe da Ferrari, no grid de largada do GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps
Imagem: Ferrari

"Fiquei surpreso quando vi o Charles indo para os boxes. A Ferrari sempre adota estratégias estranhas", disse Alonso, após a corrida, com um sorrisinho sacana no rosto;

O mesmo Alonso, já de cabeça mais fria após a corrida, explicou o xingamento dirigido a Hamilton após o choque na primeira volta. "Eu estava frustrado". Hamilton, por sua vez, foi um lorde: "Não quero nem saber o que ele disse. Eu errei e paguei o preço por isso. Ele estava no meu ponto cego e não deixei espaço". Não há nada como a experiência...;

Quantas vezes você já viu a clássica ultrapassagem de Hakkinen sobre Schumacher, com o retardatário Zonta no meio, no GP da Bélgica de 2000? Pois prepare-se. Vai acontecer a mesma coisa com a manobra de Ocon sobre Vettel e Gasly. Não, não foi exatamente a mesma coisa. Ainda prefiro a primeira, até pela velocidade de pensamento e ação do finlandês. Mas o francês mostrou, mais uma vez, porque segue sendo uma aposta da Alpine mesmo sem tanta badalação...

Nesta segunda-feira, o Comitê de Reconhecimento de Contratos da FIA vai julgar o caso Piastri-Alpine-McLaren. É o que falta para a equipe inglesa finalmente anunciar o australiano. A Alpine, é bom deixar claro, não pensa mais no garoto. Quer é uma compensação financeira;

E quem será o parceiro de Ocon em 2023? Em Spa, cresceu o zunzunzum sobre Gasly. Assim, a equipe teria uma dupla 100% francesa, um sonho desde os tempos de equipe Renault. Abriria-se, então, um vaga na AlphaTauri. E aí a história é boa: a Red Bull poderia puxar Colton Herta, também buscando um velho sonho: ter um americano competitivo no grid;

Verstappen venceu na Hungria largando em 10º. Em Spa, era o 14º no grid. É apenas a segunda vez na história em que um piloto vence dois GPs seguidos largando tão atrás. É preciso voltar muito no tempo para falar da ocasião anterior: Bruce McLaren venceu o GPs dos EUA de 1959 e da Argentina de 1960 saindo em 10º e 13º, respectivamente;

Em Spa, Drugovich deu mais um grande passo para o título da F2. Chegou à Bélgica com 21 pontos de vantagem para Pourchaire. Saiu de lá com 43. Faltam, agora, apenas três rodadas duplas para o fim do campeonato: Zanvoordt, Monza e Abu Dhabi. Apesar disso, o brasileiro não é nem sequer citado por nenhuma equipe da F1. Um bem informado passarinho me disse dia desses que o caminho dele deve ser a Indy...