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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Vestibular por vaga na F1 já tem cinco candidatos

Antonio Giovinazzi no carro da Dragon Penske na última temporada da Fórmula E - Simon Galloway/LAT Images
Antonio Giovinazzi no carro da Dragon Penske na última temporada da Fórmula E Imagem: Simon Galloway/LAT Images

Colunista do UOL

15/09/2022 07h12

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Fazia tempo que não acontecia na F1. Se fosse uma invenção nova, talvez chamássemos de "reality show". Anos atrás, quando ocorria com mais frequência, chamávamos de "vestibular".

A situação: em busca de um piloto, uma equipe aluga um circuito e vai passar dias testando profissionais com os mais diferentes perfis. O cronômetro será importante na decisão, mas critérios como nacionalidade e patrocinadores também sempre entram na equação.

O time em questão é a Alpine, ainda em busca de um substituto para Fernando Alonso e para Oscar Piastri _aquele que foi sem nunca ter sido. O local escolhido é Hungaroring. As datas exatas ainda são um mistério, mas será nas próximas semanas, antes de Singapura.

E a lista de pilotos envolvidos só faz crescer a cada dia.

Começa com Mick Schumacher, cada vez mais criticado na Haas, colocado no bolso por Kevin Magnussen nesta temporada. O alemão de 23 anos, campeão da Fórmula 2 em 2020, não fará mais parte da Academia Ferrari no fim do ano. Sem desempenho e sem o apoio da fornecedora de motores da equipe americana, terá de buscar uma nova casa.

Até por obrigação, a Alpine também vai avaliar Jack Doohan. O australiano de 19 anos, atualmente quarto colocado na Fórmula 2, é membro do seu programa de desenvolvimento. Sim, é outro filho de Michael famoso. Doohan-pai foi pentacampeão das 500 cc nos anos 90.

Numa manobra estratégica, a Alpine vai testar Colton Herta, 22, décimo colocado na recém-encerrada temporada da Indy. A ideia é mostrar que o americano tem condições de correr na F1 e, assim, ajudar a AlphaTauri na pressão política para que a FIA abra uma exceção e lhe dê a superlicença. Com Herta confirmado por lá, Gasly seria liberado para o time francês.

No último fim de semana, mais um piloto se juntou à lista: De Vries. O holandês de 28 anos impressionou a F1 com o que fez em Monza. Testou o Aston Martin na sexta, foi chamado pela Williams no sábado para substituir Albon, disputou seu primeiro GP e marcou dois pontos.

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Jost Capito, chefe da Williams, recebe Nyck de Vries nos boxes de Monza após o GP da Itália
Imagem: Williams

Ele é Mercedes, mas não acho que os alemães criariam um problema se surgisse uma chance real de vaga de titular em 2023. Pode ser até bom: emprestar De Vries para outra marca e puxá-lo de volta quando Hamilton parar. O contrato do inglês termina no fim do ano que vem.

E, nesta quinta, surgiu mais um nome: Antonio Giovinazzi. O italiano é o mais experiente da turma: tem 28 anos, 62 GPs e 21 pontos por Sauber e Alfa Romeo e não se adaptou à Fórmula E nesta temporada. Dá para sentir sua aflição na busca por uma nova chance na F1.

Seu currículo pode pesar. Laurent Rossi, CEO da Alpine, já deu indícios de que prefere um piloto com mais bagagem para fazer companhia a Esteban Ocon.

"Temos que encontrar um piloto que seja capaz de marcar pontos logo de cara. Isso nos levaria a buscar alguém mais sênior, mas que também ainda possa crescer com a gente. Esses serão dois critérios importantes no momento", declarou o francês em Monza. "Toda essa avaliação vai levar algum tempo. É importante tomar a decisão certa. Não temos pressa."

Testes assim, em que pilotos de currículos tão diferentes medem forças num mesmo circuito, nas mesmas condições, são sempre curiosos. Ayrton Senna passou por isso. E lembrei aqui na terça-feira sobre Bruno Junqueira x Jenson Button.

A Fórmula 1 poderia colocar uma câmera em Hungaroring nesses dias. E espero que a equipe de "Drive To Survive" acompanhe os testes.

O clima entre os pilotos é de tensão total.

Para quem está assistindo, é sempre divertido.