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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Russell, o melhor piloto do ano depois de Verstappen, quer mais

George Russell nos boxes da Mercedes em Montréal, em junho - Steve Etherington/Mercedes
George Russell nos boxes da Mercedes em Montréal, em junho Imagem: Steve Etherington/Mercedes

Colunista do UOL

21/09/2022 04h00

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Com o título já encaminhado, a F1 automaticamente passou a prestar mais atenção na luta pelo vice: Leclerc x Pérez. Faltando seis etapas, o placar é de 219 a 210 para o ferrarista.

Nas redes e nos sites especializados, o mexicano é criticado pela irregularidade, pela falta de combatividade, pela distância para o companheiro. Ao monegasco restam as lamentações pelo que poderia ter sido a temporada se a Ferrari não tivesse cometido tantos erros de estratégia.

Mas há outra disputa mais interessante logo abaixo. E que pode premiar aquele que depois de Verstappen, e sem fazer muito alarde, está se firmando como o grande piloto da temporada.

Russell é hoje o quarto colocado no Mundial de Pilotos, com 203 pontos. Caso supere Pérez nesta arrancada final de campeonato, conseguirá duas enormes façanhas.

A primeira: chegar ao pódio da temporada mesmo com um carro tão errático como o W18, da Mercedes. Terá deixado para trás um RB18, dos mais espetaculares carros já construídos, e uma F1-75, o melhor carro do grid em velocidade final e ritmo de classificação.

A segunda: bater seu companheiro de equipe, que no caso é um heptacampeão da F1.

Em 15 temporadas na categoria, Hamilton só foi superado pelo companheiro duas vezes: em 2011, por Button, e em 2016, por Rosberg. Não por coincidência, dois campeões mundiais.

Este parece, cada vez mais, ser o destino reservado para Russell.

Mais do que merecimento, uma questão subjetiva, o terceiro lugar no campeonato é uma grande possibilidade estatística. O inglês está empatado com Leclerc, Pérez e Sainz em números de pódios na temporada: sete para cada um, com um carro muito pior, vale repetir.

Verstappen, claro, lidera o ranking: tem 13 pódios, com 11 vitórias. Hamilton tem seis pódios.

E é isso que talvez falte para Russell chegar ao terceiro lugar no campeonato e não soltar mais: a tão sonhada primeira vitória na F1.

"Estou confiante de que este dia está próximo. Não é só uma sensação, isso está baseado nos enormes progressos que estamos conseguindo com o carro", declarou semanas atrás.

Confiança definitivamente é uma das bases para seu sucesso, escrevi sobre isso no ano passado, após o GP de São Paulo. O inglês de 24 anos, em sua quarta temporada na F1, acredita que tanto ele como a Mercedes podem brigar por vice-campeonatos.

"Os segundos lugares não estão tão distantes. Esses têm que ser nossos objetivos", disse.

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Lewis Hamilton, segundo colocado no GP da França, celebra George Russell, que cruzou em terceiro
Imagem: LAT Images/Mercedes

Superar Leclerc será uma façanha ainda maior, claro. Mas acho que não dá.

O vice no Mundial de Construtores também uma tarefa complicada: a Ferrari hoje tem 406 pontos contra 371 da equipe alemã. A Mercedes precisa emendar uma sequência de boas corridas e esperar que os estrategistas ferraristas tirem dos bolsos seus planos C, D e E.

Quaisquer que sejam os desdobramentos do campeonato, Russell já pode se orgulhar de ter no currículo uma metamorfose importante. Hamilton admitiu recentemente ter passado por uma "transformação pessoal" ao dividir os boxes com o jovem compatriota.

"Ele é um cara muito sensato e focado, muito determinado. É um grande, grande companheiro. Zero problema com ele. E hoje estou num momento diferente da minha vida. Gosto de ver as pessoas serem bem-sucedidas", resumiu o heptacampeão.

Já vimos casos parecidos na história da F1: um veterano consagrado rendendo homenagens a um jovem talento.

É o que chamamos de passagem de bastão.