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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A F1 e as "sprint races": uma certeza, dois alertas e um boa desconfiança

Max Verstappen lidera pelotão na largada da corrida sprint em Ímola - Dan Mullan/Getty Images
Max Verstappen lidera pelotão na largada da corrida sprint em Ímola Imagem: Dan Mullan/Getty Images

Colunista do UOL

28/09/2022 11h26

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Serão seis os fins de semana de Fórmula 1 com corridas de classificação em 2023, revelou a FIA na terça-feira. O anúncio traz uma certeza, dois alertas e uma boa desconfiança.

A certeza: serão fins de semana melhores que os convencionais.

Lançado no ano passado, o formato de "sprint races" foi um acerto da Liberty Media, fiadora da ideia. Deixa tudo mais animado _ou menos modorrento_, principalmente às sextas-feiras.

Não há muito tempo para ensaios, testes, conversa fiada nos boxes. Pilotos e equipes têm apenas uma hora de treino livre e depois já partem para a classificação. No sábado, só mais uma hora de treino e depois já há uma corrida de 100 km pela frente. E, no domingo, o GP.

O que faltou em 2021 foi corrigido para 2022. Ampliar a distribuição de pontos no sábado motivou os pilotos a se esforçarem mais para ganhar posições, mesmo que isso aumente os riscos para a corrida do dia seguinte.

No ano passado, só os três primeiros colocados na sprint race pontuavam. Agora, são oito, no sistema 8-7-6-5-4-3-2-1. Isso pode decidir campeonatos.

O primeiro dia de atividades da F1 ganhou importância, em suma, e isso não é opinião. O melhor termômetro para avaliar como os treinos livres são desinteressantes é checar o número de torcedores nas arquibancadas numa sexta-feira _ a TV às vezes evita mostrar.

O alerta número 1: a Liberty e a FIA criaram uma incoerência. Quando começou a falar em aumentar o número de GPs por temporada, o grupo americano acenou com uma possibilidade: eliminar as sextas-feiras. Mas, na prática, o número de corridas cresceu e seis sextas foram anabolizadas. Alguém há de levantar essa questão em algum momento...

O alerta número 2: diante da limitação de testes e do uso de túnel de vento ao longo da temporada, seis horas a menos de treinos livres podem fazer falta. Principalmente para equipes que comecem mal o ano, que precisem buscar uma reação. Serão seis chances a menos de experimentar uma asa diferente, de mexer num ajuste de suspensão, de testar um novo mapeamento de motor. Não, não são detalhes. A Mercedes que o diga...

Um efeito colateral do aumento de sprint races pode ser reduzir o poder de reação das equipes, tornar as disputas mais previsíveis.

Por fim, a boa desconfiança: Interlagos deve ser sempre escolhida para receber sprint races.

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Lewis Hamilton durante a sprint race do GP de São Paulo do ano passado
Imagem: Duda Bairros/AGIF

O critério da FIA está claro: escolher circuitos em que dá para ultrapassar. Não dá para imaginar grandes emoções em 24 ou 25 voltas em Mônaco ou Budapeste, por exemplo, com todo mundo largando de pneus novos.

No ano passado, o formato foi testado em Silverstone, Monza e Interlagos. Para 2021, a FIA anunciou as mini-corridas em Ímola, Spielberg e, novamente, Interlagos. Não é coincidência.

E, se o circuito paulistano foi o único a repetir a dose mesmo num círculo tão restrito, é de se imaginar que as chances cresçam agora.

Sorte a nossa.