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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Não, a FIA não vai tirar o primeiro título de Verstappen

Integrantes da Red Bull celebram o título de 2021 de Max Verstappen na sede da equipe - Alex Pantling/Getty Images
Integrantes da Red Bull celebram o título de 2021 de Max Verstappen na sede da equipe Imagem: Alex Pantling/Getty Images

Colunista do UOL

11/10/2022 08h52

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Pega na malha fina da FIA, a Red Bull está agora diante de uma escolha: aceitar que estourou o teto orçamentário de 2021 e receber uma pena branda ou desafiar a auditoria da entidade e mergulhar num processo que pode ser longo e, em tese, resultar em punição mais severa.

Em ambos os casos, haverá muita movimentação política nos bastidores e, no mínimo, um olhar atento da Liberty Media, que comanda o lado comercial da Fórmula 1.

A primeira rota, admitir o erro, é obviamente mais simples. Mas vai depender do preço a pagar. Implicará ainda um grande esforço de gestão de reputação da empresa de energéticos para se livrar do rótulo de trapaceira que as adversárias já tentam lhe impor.

Antes mesmo de a equipe se decidir, essa operação já começou.

Publicou nas redes o post abaixo dizendo-se "surpresa e desapontada", negando ter ultrapassado o teto de US$ 145 milhões e informando que vai rever cuidadosamente o relatório da FIA. Por fim, informa que vai respeitar os protocolos e avaliar o caminho a seguir.

Pouco depois surgiu no "De Telegraaf", da Holanda, vejam só, a história de que o estouro não teve nada a ver com o desenvolvimento do carro, mas com gastos com alimentação na fábrica de Milton Keynes e com coberturas de ausências de funcionários. O mesmo jornal escreveu, citando fontes ligadas a Verstappen, que o valor ficou entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões.

(Em questão de minutos, essa versão se espalhou pelas redes. É impressionante...)

As penas previstas em caso de acordo com a Gestão de Teto Orçamentário da FIA são multa, reprimenda pública, exclusão de sessões livres ou classificatórias e imposição de limites para estudos aerodinâmicos e outros testes. É o que chamamos de Termo de Ajuste de Conduta.

O segundo caminho é mais desgastante e tem potencial para se tornar uma novela arrastada.

A Red Bull pode apelar, o que promoveria a estreia de mais um órgão da FIA, o Painel de Julgamento do Teto Orçamentário, com 6 a 12 membros indicados pela Assembleia Geral.

Uma audiência será marcada, e a equipe apresentará suas alegações, buscando a maioria dos votos para ser absolvida. Caso a Red Bull perca, poderá ainda recorrer à Corte de Apelações.

Esse processo pode levar meses. E é aí que entra a Liberty Media.

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Max Verstappen com a namorada, Kelly Piquet, na cerimônia de premiação da FIA em dezembro de 2021
Imagem: FIA

Indo por este caminho, a Red Bull e seus pilotos estariam sujeitos a penas mais severas, inclusive a perder pontos do Mundial do ano passado. O primeiro título de Verstappen estaria em risco. Lembra do "em tese", ali no primeiro parágrafo? É aí que a Liberty entra.

Alguém realmente acredita que, dez meses depois, a FIA tiraria o título do holandês? E justamente agora, num momento em que a popularidade da F1 vive um boom global, com crescimento anual de 20% em dez países-chave e com três corridas marcadas nos EUA?

Não, não vai acontecer.

Vem por aí um grande acordo. A FIA vai fingir que pune, a Red Bull vai fingir indignação mas acatar, seu time de Relações Públicas vai trabalhar um pouco mais... E segue o jogo.