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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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Virada de Verstappen para conquistar o bi foi a maior da história da F1

Max Verstappen, no Japão, após a conquista do bicampeonato da F1 - Clive Rose/Getty Images
Max Verstappen, no Japão, após a conquista do bicampeonato da F1 Imagem: Clive Rose/Getty Images

Colunista do UOL

14/10/2022 04h00

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Em meio à maluquice que foi o GP do Japão, com chuva, safety car, bandeira vermelha e regulamento novo, um feito de Verstappen passou despercebido. E é impressionante.

Ao selar a conquista do título de 2022, o holandês concretizou a maior virada de campeonato da história da Fórmula 1.

Nunca, em 72 anos de categoria, um piloto havia sido campeão após estar 46 pontos atrás do líder. Verstappen conseguiu, e com requintes de crueldade: fechou a disputa com quatro etapas de antecedência. Vai passear nos EUA, no México, no Brasil e em Abu Dhabi.

Sim, houve várias mudanças no sistema de pontuação nas últimas décadas. O atual começou a vigorar em 2010 _a partir de 2019 a FIA passou a dar o ponto extra pela melhor volta e, neste ano, aumentou o peso das corridas sprint.

Ressalva feita, o que Verstappen fez em 2022 fica na história.

O recorde anterior já durava dez anos. Em 2012, após metade das 20 etapas, Vettel era apenas o terceiro colocado no campeonato, 44 pontos atrás de Alonso. Chegou a cair para quarto, com um abandono na Itália, três corridas depois. Foi quando começou uma recuperação extraordinária.

Venceu os quatro GPs seguintes e assumiu a liderança na 16ª etapa. No fim do ano, a tabela do Mundial de Pilotos indicava 291 pontos para ele, três a mais do que o espanhol da Ferrari.

Verstappen sofreu por menos tempo, mas talvez com mais intensidade.

Com dois abandonos nas três primeiras etapas deste ano, o holandês saiu do GP da Austrália em sexto no Mundial, com 25 pontos. Leclerc brilhava, sonhava e levava consigo a Ferrari: com dois hat tricks e um segundo lugar com melhor volta, era o líder, com 71.

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Charles Leclerc é abraçado por integrantes da Ferrari após vitória na Austrália, em abril
Imagem: Ferrari

Naquele pós-GP em Melbourne, Verstappen quase explodiu. Questionado por repórteres no paddock, disse que os problemas da Red Bull eram "inaceitáveis" e que "no momento não há motivo para acreditar em defesa de título". Marko, que conhece bem o pupilo, deu um diagnóstico preciso: "Se não voltarmos a vencer logo, ele vai virar uma bomba-relógio".

A situação começou a virar na corrida seguinte, em Ímola, já dando uma amostra do que viria pela frente. Verstappen venceu a corrida de classificação, o GP e cravou a melhor volta, conquistando 34 pontos, o máximo possível pelo atual regulamento.

A virada veio duas corridas depois, a sexta etapa do Mundial, na Espanha. De lá pra cá, o holandês não deixou mais a liderança. Hoje, o vice-líder é seu companheiro de Red Bull, Pérez, com 113 pontos a menos no campeonato.

Não deixa de ser curioso que o recorde anterior pertencesse a Vettel. Mais e mais, a trajetória de Verstappen na F1 vai se assemelhando à do alemão.

Ambos foram meninos-prodígios, ambos tiveram a grande chance na Red Bull, ambos começaram com recordes de precocidade e então passaram a acumular marcas de respeito.

Ao se tornar bicampeão, aos 25 anos, Verstappen se tornou o segundo mais jovem da história a conseguir o feito. O recorde é de Vettel, bi aos 24.

Com contrato com a Red Bull até 2028, o holandês em breve começará a se aproximar dos números conquistados pelo alemão. E muito provavelmente colocará mais alguns títulos no bolso do macacão. Sem precisar de viradas.