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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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F1 vai acabar com revezamento de diretores em 2023

O alemão Niels Wittich, que se tornará o único diretor de provas da F1 em 2023 - Reprodução
O alemão Niels Wittich, que se tornará o único diretor de provas da F1 em 2023 Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

18/10/2022 08h21

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O revezamento vai acabar. A partir do ano que vem, a F1 passará a ter apenas um diretor de provas. E já há um escolhido: o alemão Niels Wittich.

Para a FIA, a experiência feita neste ano, com dois diretores dividindo responsabilidades, não funcionou. A avaliação da entidade é que Wittich e o português Eduardo Freitas cumpriram bem suas funções, mas que o comando duplo causou confusões com critérios e prioridades.

Em 2023, Freitas voltará a se dedicar integralmente ao WEC, o Mundial de Endurance, com o qual tem uma forte relação _comanda as provas da categoria desde 2012 e é visto como peça-chave para o sucesso das 24 Horas de Le Mans, uma das grandes corridas do planeta.

O revezamento de diretores foi anunciado pela FIA em fevereiro, pouco antes do início da temporada, uma tentativa do então recém-empossado presidente da federação, Mohammed Ben Sulayem, de reduzir os estragos provocados por Michael Masi no último Mundial.

A ideia foi esvaziar a função, impedir que um homem só pudesse ditar os rumos da F1.

Por isso, além de empossar dois diretores e criar um revezamento, a FIA buscou uma "reserva moral". Resgatou um velho conhecido do paddock: Herbie Blash, ex-braço direito de Charles Whitting, histórico diretor de GPs da F1 que morreu subitamente em 2019. Seu papel neste ano foi o de supervisionar os trabalhos na torre de controle, como uma espécie de oráculo.

Dos 18 GPs da temporada até agora, Wittich comandou 10, incluindo os cinco primeiros. Freitas só estreou em Barcelona. E já na corrida seguinte, Mônaco, veio o primeiro sinal de que o comando duplo não iria funcionar.

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O português Eduardo Freitas, que em 2023 voltará a se dedicar exclusivamente ao Mundial de Endurance
Imagem: WEC

O português usou um critério diferente do que vinha sendo usado para orientar os pilotos sobre a saída do pit lane. Houve confusão. A Ferrari protestou contra Verstappen e Pérez, que cruzaram a linha com os pneus, mas o resultado foi mantido. Wittich voltou ao comando no GP seguinte, Baku, e deixou claro que o colega havia usado uma regra antiga, não mais válida.

Houve, ainda, um desencontro de prioridades. E um bom exemplo é a cruzada que o alemão lançou no início do ano para proibir pilotos de usarem joias quando estiverem no cockpit.

O caso gerou barulho no paddock, Hamilton chegou a ser ameaçado de suspensão caso não se livrasse de todos os brincos e piercings, Vettel se solidarizou com o companheiro. Nas oito corridas sob comando de Freitas, porém, o assunto desapareceu. Dois pesos e duas medidas.

A escalada do alemão de certa forma fechará um ciclo iniciado na morte de Whitting, vítima de embolia pulmonar às vésperas do GP da Austrália de 2019.

A FIA não tinha um sucessor pronto e, às pressas, nomeou Masi, que atuava na F2 e na F3. Por três temporadas, o australiano acumulou polêmicas e decisões erráticas, culminando na lambança do GP de Abu Dhabi do ano passado.

O anúncio só deve ser feito após o fim da temporada. Ainda há quatro corridas pela frente, e o revezamento seguirá.

Em Interlagos, no mês que vem, Wittich será o diretor de prova.