Topo

Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Verstappen vence, e Red Bull encerra hegemonia histórica da Mercedes

O holandês Max Verstappen durante o GP dos EUA, em Austin - Chris Graythen/Getty Images
O holandês Max Verstappen durante o GP dos EUA, em Austin Imagem: Chris Graythen/Getty Images

Colunista do UOL

23/10/2022 17h50

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Verstappen cruzou a linha de chegada em Austin e abriu o rádio: "Queria ganhar essa pro Dietrich".

A vitória no GP dos EUA foi dedicada a Dietrich Mateschitz, fundador da marca de bebidas energéticas, que morreu no sábado aos 78 anos. Uma homenagem à altura: com o resultado, a Red Bull garantiu seu quinto Mundial de Construtores, o primeiro desde 2013.

É uma conquista histórica, com contornos de superação e sentimento de alívio: encerra a maior hegemonia da história da F1, os oito títulos consecutivos da Mercedes. É, ainda, um prêmio à insistência: mesmo nos longos anos de seca, a Red Bull manteve sua equipe coesa, investindo em tecnologia e apostando num jovem garoto holandês. Deu certo.

É a 33ª vitória de Verstappen na F1, que assim supera Alonso e se isola como o sexto maior vencedor da categoria _seu próximo alvo é Senna, com 41. É, ainda, a 13ª vitória do holandês em 19 etapas nesta temporada e a segunda que ele consegue no circuito de Austin.

Hamilton foi o segundo colocado, após um belo duelo com o rival no fim da prova. Leclerc, que largou em 12º lugar, completou o pódio.

Na largada, a pole position de Sainz não serviu pra absolutamente nada. Ele demorou a reagir, Verstappen saiu muito melhor e chegou à primeira curva já na frente.

largae -  Alex Bierens de Haan/Getty Images -  Alex Bierens de Haan/Getty Images
Largada do GP dos EUA, em Austin, com Max Verstappen superando Carlos Sainz nos primeiros metros
Imagem: Alex Bierens de Haan/Getty Images

Como tudo pode piorar, o espanhol esparramou na curva e foi acertado por Russell. Fim de prova para o ferrarista. Assim fica difícil... Que lástima.

A direção de prova investigou o caso, viu erro do inglês e o puniu com cinco segundos.

Ao fim da quinta volta, o top 10 tinha Verstappen, Hamilton, Stroll, Russell, Pérez, Vettel, Gasly, Norris, Leclerc e Bottas.

Na sexta, Russell superou Stroll. Lá na frente, Verstappen já tinha 2s5 sobre Hamilton.

Cinco voltas depois, Bottas, Ricciardo e Tsunoda abriram a primeira janela de pits stops. Na 13ª, Hamilton parou. Verstappen parou na seguinte e logo retomou a ponta.

Na 18ª, Bottas trouxe algum agito à corrida. Rodou sozinho e abandonou. Safety car na pista e corre-corre para os boxes dos pilotos que ainda não tinham parado.

A relargada veio na 22ª volta, mas por poucos segundos: Alonso errou o golpe de vista, acertou a traseira de Stroll e o safety car teve de ser acionado novamente.

Na 26ª, nova relargada. Verstappen manteve a ponta, seguido por Hamilton. Três voltas depois, Leclerc partiu para cima de Pérez, mas saiu da pista e devolveu a terceira posição. O monegasco respirou fundo, preparou novo bote, atacou novamente na volta seguinte.

Desta vez, deu certo. "Ele precisa devolver a posição", chiou o mexicano. "Não, ele ficou nos limites da pista", respondeu seu engenheiro.

Sem adversário, Verstappen resolveu então brigar com o vento. Pelo rádio, começou a reclamar insistentemente da mudança de direção do vento em Austin. "Está prejudicando muito minha dirigibilidade", disse, algumas vezes.

Foi quando a corrida, enfim, ganhou mais emoção.

Na 33ª volta, Gasly abriu a segunda janela de pits. Tsunoda parou, Schumacher parou... E na 36ª foi a vez de Verstappen ir aos boxes.

Tudo mudou. A Red Bull cometeu um raro erro nos pits, se atrapalhando na troca do pneu dianteiro esquerdo e o devolveu à pista atrás de Hamilton e Leclerc.

"Há um longo caminho pela frente", disse o engenheiro da Red Bull ao holandês. "Você não precisa dizer isso", retrucou o campeão.

A 39ª volta do GP dos EUA foi das melhores do ano. Verstappen passou Leclerc, levou um xis, passou de novo. Segundo colocado.

Verstappen, com pneus médios, partiu então para pegar Hamilton, calçado com os duros.

Faltando dez voltas, a diferença entre os dois era de 2s5. Em duas voltas, o holandês tirou 1 segundo.

Na 50ª, a seis do fim, Verstappen chegou. Passou. Mas não foi fácil.

Hamilton tentou reagir, chegou a ficar lado a lado com o rival, mas não teve carro para endurecer ainda mais. De qualquer forma, foi bonito de ver, um belo déjà-vu.

As últimas voltas tiveram ainda um quê de drama, com os dois pilotos no limite das advertências por saídas da pista. Mais uma infração e tudo mudaria na corrida. Até por isso, o inglês precisou segurar o ímpeto de atacar de novo.

Verstappen cruzou a linha de chegada com 5 segundos sobre o rival.

"Passamos muito, muito perto. Tentei o que eu podia para ficar à frente, mas ainda não somos páreo para a Red Bull", disse o inglês, ao fim da prova. "Vamos continuar dando o máximo nas últimas três corridas do ano, uma hora o resultado vai aparecer".

Verstappen falou sobre a dureza da corrida e novamente lembrou Mateschitz. "Tudo parecia bom, mas o pit foi mais longo do que eu gostaria. Foi um fim de semana difícil para nós, então dedico essa vitória a Dietrich. Ele era fundamental para esse time".

O holandês igualou o recorde de vitórias numa mesma temporada: 13, de Schumacher (2004) e Vettel (2013).

Restam três GPs até o fim do campeonato. É só questão de tempo para ele colocar mais uma marca histórica no bolso do macacão.