Topo

Fábio Seixas

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Antes da F1, Hamilton vai encontrar ativistas negros e sociais em Brasília

Lewis Hamilton celebra vitória em Interlagos em 2021 com a bandeira do Brasil - Reprodução/F-1
Lewis Hamilton celebra vitória em Interlagos em 2021 com a bandeira do Brasil Imagem: Reprodução/F-1

Colunista do UOL

03/11/2022 18h05

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Antes de São Paulo, Brasília. Antes do piloto de F1, o ativista.

Lewis Hamilton vai se encontrar com líderes de movimentos negros e sociais do Brasil na próxima segunda-feira.

O evento vai acontecer na Embaixada Britânica. O convite foi enviado nesta quinta-feira para várias lideranças e é assinado pela encarregada de negócios do Reino Unido no Brasil, Melanie Hopkins.

Entre os convidados estão o comunicador Renê Silva, criador do Voz das Comunidades, jornal comunitário baseado no Complexo do Alemão, e Joel Luiz Costa, advogado nascido no Jacarezinho, coordenador do Instituto de Defesa da População Negra.

Pouco antes, o heptacampeão da F1 estará na Câmara dos Deputados, ali perto, recebendo o título de cidadão honorário do Brasil. A honraria foi concedida em junho, após aprovação de proposta do deputado federal André Figueiredo (PDT-CE).

No projeto de resolução, o parlamentar citou o GP de São Paulo do ano passado: Hamilton usou um capacete com detalhes em verde e amarelo e comemorou a vitória com uma bandeira brasileira. Na ocasião, o inglês fez um agradecimento nas redes sociais.

jham111 - NELSON ALMEIDA/AFP - NELSON ALMEIDA/AFP
Lewis Hamilton comemora vitória em Interlagos em 2021 com a bandeira do Brasil
Imagem: NELSON ALMEIDA/AFP

"Sem palavras! Hoje eu virei cidadão honorário de um dos meus lugares favoritos no mundo. Eu não sei nem o que dizer agora. Obrigado Brasil. Amo vocês, não vejo a hora de ver vocês de novo", escreveu, em inglês e português.

A cerimônia na Câmara está marcada para as 14h. Logo depois, Hamilton irá para o encontro na Embaixada.

"Como um admirador de Muhammad Ali, mais até pelo que ele fazia fora do ringue, vejo essa atuação do Hamilton como algo que extrapola qualquer feito esportivo. Esportistas e artistas nessa posição muitas vezes não gostam de se envolver com causas sociais", disse Joel.

"É um padrão não olhar para as responsabilidades, se isentar. Os famosos vivem numa realidade paralela. É muito fácil ser um Neymar. Ser Hamilton é muito mais difícil. Ele é um ídolo na melhor acepção do termo", concluiu o advogado, que presta serviços jurídicos para pessoas negras e fomenta a formação de negros para sua profissão.

O mote da ONG tem tudo a ver com o que Hamilton fora das pistas.

No ano passado, após financiar uma extensa pesquisa no automobilismo, ele lançou o programa "Ignite", em parceria com a Mercedes. O objetivo é aumentar a diversidade em todas as áreas do esporte, como tecnologia e engenharia.

"Por 15 anos, fui um dos poucos negros a trabalhar nesse esporte. Eu sei como é estar numa condição de pouca representatividade. Consegui o sucesso com oportunidade e apoio. Quero garantir que outros jovens sejam capazes de fazer o mesmo", declarou, no lançamento do projeto, em julho do ano passado.

Não ficou só no discurso: Hamilton doou 20 milhões de libras, cerca de R$ 142 milhões, para o projeto.