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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Exibições de carros, DJ, pool party: Las Vegas mostra nova cara da F1

Anúncio da festa de lançamento da venda de ingressos para o GP de Las Vegas - Las Vegas Grand Prix
Anúncio da festa de lançamento da venda de ingressos para o GP de Las Vegas Imagem: Las Vegas Grand Prix

Colunista do UOL

05/11/2022 08h12

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Vai começar com Russell, pilotando a Mercedes do ano passado. O inglês vai sair do Caesars Palace, rasgar a Las Vegas Strip, fazer o retorno no Paris Vegas Hotel e voltar ao ponto de largada. Depois será a vez de Pérez, com a RB7, o carro campeão de 2011. O último a acelerar pela lendária avenida ladeada de cassinos, já com a noite caindo em Nevada, será Hamilton.

Las Vegas dará à F1, neste sábado, um aperitivo do que está planejando para a corrida do ano que vem. Já está claro: nunca houve uma promoção tão pirotécnica para um GP da categoria.

As atrações desta noite não ficam nos passeios dos pilotos pela Strip.

Dirigentes da categoria farão a pintura simbólica da linha de largada. Haverá um palco para apresentações e discursos de personagens da F1 como Albon, Capito e Steiner _o mais novo pop star do pedaço. Haverá áreas para autógrafos, venda de memorabilia e de itens oficiais da F1. Haverá uma "pool party", um show do The Killers e um "afterparty" com o DJ Alesso.

Tudo isso, apenas para lançar o início da venda de ingressos para o público geral.

Haverá seis setores disponíveis. Os ingressos mais baratos para os três dias de evento são para uma área de circulação, sem assentos numerados, entre as curvas 5 e 9. Custarão US$ 500, cerca de R$ 2.500, com direito a alimentação e bebidas não alcoólicas.

Ainda nos setores "populares", há ingressos de até US$ 10 mil, ou R$ 50 mil. A expectativa dos organizadores é vender tudo em poucas horas. Há ainda, claro, ingressos menos mundanos, em camarotes exclusivos e em suítes dos gigantescos hotéis da cidade. O céu é o limite.

Mas se tudo vai ser vendido num estalar de dedos, por que promover uma festa tão grande?

Porque, para os americanos, não basta fazer. É preciso alardear que está fazendo, de preferência com muito barulho. A ideia é transformar qualquer grande evento esportivo em um acontecimento além do campo de jogo. E faturar com tudo isso, claro.

O barulho nas redes sociais já começou faz tempo.

Nos últimos meses, seguidores de contas de F1 foram bombardeados com posts sobre a corrida. Na sexta, a Heineken anunciou o "naming rights" da corrida e viralizou um vídeo da RB7 passando por dentro de um cassino, provavelmente parte da filmagem de um comercial. As exibições de hoje pela Las Vegas Strip serão mostradas pela ESPN local, que dias atrás anunciou a renovação do contrato de direitos de transmissão nos EUA até o fim de 2025.

Tanta pirotecnia não agrada a ala mais conservadora da F1, eurocentrista.

Eles que se acostumem. Hoje a dona da categoria é um grupo americano de entretenimento. Foi uma produção americana, "Drive To Survive", da americana Netflix, a maior responsável pelo boom global de popularidade dos últimos anos. Em 2023, serão três corridas em solo americano _Miami, Austin e Las Vegas_ e haverá um americano no grid, Sargeant.

A festa deste sábado é o que a Liberty Media gosta e o que quer para o futuro.

Tem mais fogos, mais fumaça cenográfica, mais neon.

A F1 já mudou. É um caminho sem volta.