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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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Reserva na F1, Drugovich busca outra categoria para se manter ativo em 2023

Felipe Drugovich nesta quinta-feira no paddock de Interlagos - Fábio Seixas/UOL
Felipe Drugovich nesta quinta-feira no paddock de Interlagos Imagem: Fábio Seixas/UOL

Colunista do UOL

10/11/2022 15h36

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Drugovich era um moleque de 11 anos da última vez em que tinha pisado no paddock de Interlagos. Foi um prêmio pelo título brasileiro de kart.

Retornou nesta quinta-feira. Tem 22, é o campeão da F2, piloto de testes da Aston Martin, andou pela primeira vez de F1 na semana passada, voltará a acelerar o carro em Abu Dhabi. E, diante das dificuldades para encontrar uma vaga no grid num futuro próximo, já decidiu fazer jornada dupla: está de olho em outras categorias para se manter ativo em 2023.

O paranaense conversou com este blogueiro no início da tarde, diante do escritório da equipe inglesa no paddock do circuito paulistano.

Você já tinha vindo pro paddock da F1 em Interlagos?
Em 2011 eu ganhei o Brasileiro de kart e o prêmio era passar o fim de semana aqui em São Paulo. Foi minha primeira e única experiência.

As coisas mudaram muito...
É. Está sendo muito legal sentir na pele esta corrida de casa. Eu saio do hotel e já tem gente esperando. Com este boom da F1, tem muita gente acompanhando. Espero um dia pilotar o carro aqui, representando o Brasil.

O público da F1 está mudando, tem muita garotada chegando e você acaba sendo muito badalado nas redes sociais. O que você faz repercute, vira meme... Como você se vê neste papel?
É uma parte muito legal do automobilismo hoje... De qualquer esporte, no fim das contas. O esporte sem os fãs não é nada, então é legal fortalecer esses laços. Depois do meu título, do anúncio da Aston Martin, tem sido animal.

A última geração de brasileiros na F1 ainda sofreu muita pressão por resultados, existia quase uma obrigação de já chegar com bons resultados. Como você projeta lidar com isso?
Entendo que tenha uma pressão, sim, mas tento transformar isso numa coisa boa, em motivação. No fundo, no fundo, essa cobrança é fruto de uma carência. Tento trazer isso pro lado bom, que é o apoio que muitos dão. É lógico que também vêm as críticas, mas isso é normal e tento absorver de um jeito positivo. O pessoal só quer alguém lá. E eu estou fazendo de tudo para ser esse representante do Brasil.

Como foi o primeiro teste com um F1, na semana passada, em Silverstone? Qual foi seu sentimento ao pilotar o carro?
O tempo não ajudou muito, o clima estava complicado, mas foi muito bom. Andei 300 km, consegui completar, foi bom demais. O carro é perfeito, tudo funciona, câmbio, motor... É tudo bem feito, muito liso. O grip lateral do carro é uma coisa absurda...

druho22 - Aston Martin - Aston Martin
Felipe Drugovich na pista molhada de Silverstone em seu primeiro teste com um F1
Imagem: Aston Martin

Você está chegando a uma equipe que tem o Vettel, um piloto superexperiente. Você já teve a oportunidade de conversar a sós com ele sobre a carreira, sobre o carro, sobre a vida?
Não, ainda não. A gente está se conhecendo ainda. Ele é um cara reservado. Acompanho todas as reuniões da equipe, vejo o que ele fala do carro... Mas ainda é cedo. Passei só três dias com a equipe lá em Austin e ainda não tenho intimidade com ele.

A chegada do Stoffel Vandoorne para dividir a função de piloto reserva te desanimou?
Eu vejo de outra forma. São 24 corridas, é difícil acompanhar todas. Ele vai correr na Fórmula E, eu vou ter um programa em outra categoria...

Onde?
É isso que a gente está vendo. Eles estão querendo que eu faça outra coisa para eu seguir correndo, então a gente está vendo quais são as possibilidades. Seria legal para eu me manter na ativa. E daí esse meu calendário aqui vai ser paralelo com o dele. Assim, todo mundo sai ganhando.

Mundial de Endurance e Super Fórmula estão entre as opções?
Todas as categorias que estão acima da F2 são opções. Ou seja, Hypercar [principal classe do Mundial de Endurance], Super Fórmula, Indy... A gente está analisando todas, mas ainda não temos nenhuma certeza.

O De Vries foi campeão da F2, passou três anos na Fórmula E e conseguiu chegar à F1. Você considera um caminho como o dele?
Não, porque nem ele considerava um caminho assim. Com certeza ele já nem pensava mais em F1, mas as estrelas se alinharam e deu tudo certo.

O grid de 2023 já está praticamente fechado, mas você com certeza olha para as possibilidades em 2024. Você acredita que algumas portas vão se abrir?
Acredito que sim, porque todo ano está tendo um certo movimento de pilotos. Mas ainda é muito cedo pra falar, ninguém anunciou nenhuma saída, nenhuma entrada...

O que você espera das duas experiências que você terá em Abu Dhabi: andar no primeiro treino livre e depois no teste de pneus?
Vai ser espetacular andar com todo mundo na pista. O treino livre vai ser mais para cumprir o programa da equipe, testar as coisas... E depois no teste vou ter mais tempo para explorar o carro.