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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

É sempre legal ver alguém vencer pela 1ª vez na F1; em SP é ainda mais

George Russell no pódio do GP de São Paulo, em Interlagos - Reprodução
George Russell no pódio do GP de São Paulo, em Interlagos Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

13/11/2022 16h42

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Desde 1950, 891 homens e mulheres se aventuraram na F1.

Em Interlagos, neste domingo, Russell se tornou apenas o 113º a vencer.

Largando na pole position e administrando os pneus com maestria, o inglês de 24 anos venceu pela primeira vez na categoria. Levou 81 GPs para isso. Torna-se, assim, o 20º britânico a ganhar um GP. É, ainda, a primeira vitória da Mercedes nesta temporada.

Ou melhor, a primeira dobradinha.

Porque Hamilton foi o segundo, um resultado impensável meses atrás. Sainz, da Ferrari, fechou o pódio.,

Pelo rádio, Russell gritou, agradeceu, fez um vaticínio: "Desta vez fui eu! Não foi mais ninguém! É só o começo, é só o começo!"

É sempre legal ver alguém vencer pela primeira vez. Em Interlagos, com a festa da torcida, é ainda mais especial.

O GP de São Paulo, penúltima etapa do Mundial, mais uma vez foi uma das melhores corridas da temporada.

Contrariando as previsões da meteorologia nos últimos dias, a corrida começou com pista seca, 24°C no ar, 52°C no asfalto. Houve alguma garoa ao longo da corrida, mas nada que exigisse troca de pneus.

Leclerc, Sainz, Magnussen, Schumacher, Stroll, Alonso e Latifi escolheram largar com pneus médios. Albon, com os duros. Todos os outros começaram o GP com os compostos macios.

Saindo da ponta pela segunda vez na carreira, Russell largou bem, contornou o S na frente, fechou a primeira volta na liderança. Mais atrás, teve confusão: Ricciardo bateu em Magnussen, que rodou e acabou acertando o próprio Ricciardo. Carma automático, é o nome.

Safety car na pista!

O top 10 ao fim da primeira volta tinha Russell, Hamilton, Verstappen, Pérez, Norris, Leclerc, Sainz, Vettel, Gasly e Schumacher.

O safety car entrou na sexta volta, disputas retomadas! E foi bem agitado!

Começou com Verstappen partindo pra cima de Hamilton. Os dois fizeram o S lado a lado, ninguém aliviou e o toque foi inevitável. O holandês precisou passar nos boxes para trocar o bico, o rival despencou para a oitava posição.

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Max Verstappen e Lewis Hamilton entram juntos no S do Senna no início do GP
Imagem: Chris Graythen/Getty Images

"Isso não foi um incidente de corrida", reclamou Hamilton pelo rádio. Os comissários de prova concordaram e puniram Verstappen com cinco segundos.

"Ele me espremeu! Para onde queriam que eu fosse? Mas não importa", foi a reação do holandês. Nesta, concordo com o bicampeão.

Instantes depois, Norris escorregou no miolo da pista e acertou Leclerc, que rodou e também precisou passar pelos boxes. O inglês recebeu a mesma punição: cinco segundos.

Com o carro intacto, Hamilton passou então a ultrapassar seus adversários e a levantar o público em Interlagos. Superou Schumacher, Gasly, Vettel, Norris e pulou para quarto.

Na 17ª, Sainz foi para os boxes para tirar uma viseira que estava presa no duto do freio. Hamilton ganhou mais uma posição, subiu para terceiro.

O top 10 na 20ª volta: Russell, Pérez, Hamilton, Vettel, Norris, Bottas, Ocon, Gasly, Schumacher e Stroll. A folga do inglês para o mexicano era de 2s7.

Na 21ª, foi a vez de Leclerc parar de novo. (Sim, foi mais um domingo difícil para a Ferrari.)

Pérez entrou na 22ª, alçando Hamilton para a vice-liderança. Na volta seguinte, foi a vez de Russell fazer seu primeiro pit.

Hamilton líder! E sua missão era clara: adiar ao máximo o pit e acelerar feito um louco.

O inglês ficou na pista, com os pneus macios, até a 28ª volta. Só então entrou, colocou pneus médios e retornou para a batalha em quarto, atrás de Russell, Pérez e Sainz.

Na metade do GP, Russell tinha 5s7 sobre Russell. Foi quando Sainz entrou nos boxes: colocou pneus médios, e Hamilton assumiu a terceira posição.
Com ótimo ritmo, Hamilton foi chegando em Pérez. Foi chegando, chegando... Chegou.

Na 45ª, ultrapassou o mexicano no fim da reta principal, levando as arquibancadas ao delírio.

Dobradinha da Mercedes mais uma vez! Russell tinha, então, 9s9 para o companheiro.

Pérez entrou nos boxes na 48ª volta, colocou médios. Hamilton fez o mesmo na seguinte. Na 50ª, foi a vez de Russell trocar os pneus _conseguiu voltar ainda na liderança.

Na 54ª, o aniversariante Norris rodou sozinho no Bico de Pato. Safety car virtual!

Alonso, Gasly e Sainz correram para os boxes. Na volta seguinte, veio o safety car de verdade, juntando todo o pelotão.

"O que vamos fazer? Vamos garantir a dobradinha?", perguntou Russell, pelo rádio, puxando brasa para a sua sardinha. "Apenas se respeitem", foi o que ouviu em retorno.

A retomada foi na 59ª volta.

Era a grande chance da vida de Russell. E ele não quis dar chance para o azar: pisou forte desde o meio da reta, fez o S na frente, segurou sua liderança.

Um pouco mais atrás, Pérez começou a sofrer com os pneus. E virou alvo fácil. Em três voltas, foi superado por Sainz, Leclerc e Alonso e caiu de terceiro para sexto. Logo depois foi ultrapassado por Verstappen.

Russell cruzou a linha de chegada com 1s5 sobre Hamilton. Sainz passou a 2s5 do heptacampeão.

Leclerc, Alonso, Verstappen, Pérez, Ocon, Bottas e Stroll fecharam a zona de pontos.

"É um sentimento incrível. Essa corrida foi muito dura. Eu tentei manter tudo sob controle e quando vi o safety car só pensei 'ai meu Deus'. Mas tudo deu certo no fim", disse o mais novo vencedor da F1, ainda com os olhos de quem havia acabado de chorar. "Na minha volta de desaceleração vieram à mente os dias de kart, meu pai, minha mãe, todo mundo que me apoiou."

"Preciso dar os parabéns para o George. Estou muito orgulhoso dele e da nossa equipe. Trabalhamos muito duro neste ano para conseguir uma vitória", declarou Hamilton.

Teve um certo ar de início de passagem de bastão.