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Binotto deixa a Ferrari, que deve trazer chefe da Alfa Romeo
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A decepção foi forte demais. Mattia Binotto está de saída da Ferrari.
Em um comunicado emitido nesta manhã, a escuderia italiana anunciou que seu chefe de equipe deixará o cargo em 31 de dezembro.
Oficialmente, ele pediu demissão. Mas tudo indica que não foi bem assim.
A nota também informa que o substituto ainda não foi escolhido. Mais uma vez, talvez não seja bem isso.
"Com todo o pesar que isso implica, decidi encerrar minha colaboração com a Ferrari. Estou deixando a empresa que eu amo, da qual fui parte por 28 anos, com a serenidade que vem da convicção de ter me esforçado ao máximo para alcançar as metas que tracei", disse o dirigente. "Deixo um time unido e em evolução. Um time forte, pronto, tenho certeza, para chegar aos maiores objetivos. Desejo a eles tudo de bom. Acho que é certo dar este passo agora, por mais que seja uma decisão dura para mim", completou.
Quem se pronunciou pela montadora foi Benedetto Vigna, o CEO: "Quero agradecer Mattia por todas as suas contribuições ao longo dos anos e, especialmente, por ter liderado a equipe de volta a uma posição competitiva na última temporada. O resultado disso é que hoje estamos em condições para lutar pelo maior prêmio do esporte a motor".
Quando fala em amor pela Ferrari, Binotto está sendo sincero. Nascido na Suíça, mas com nacionalidade italiana, ele formou-se e fez mestrado em engenharia mecânica com a ideia fixa de um dia trabalhar em Maranello. Deu certo, deu muito certo: ingressou na escuderia em 1995, no início da gestão Jean Todt e meses antes da chegada de um certo Michael Schumacher.
Participou de toda a era de ouro da Ferrari, nos anos 2000, e em 2013 tornou-se chefe do departamento de motores, a joia da coroa da marca do Cavallino Rampante. Três anos depois, em 2016, assumiu o comando técnico da equipe. E de novo três anos depois, em 2019, foi promovido a chefe da escuderia, substituindo Maurizio Arrivabene.
Mas amor não basta. A Ferrari viveu anos difíceis sob sua gestão. Foi vice-campeã de Construtores em 2019, mas a anos-luz da Mercedes. Em 2020, seu primeiro ano completo no comando, despencou para o sexto lugar, atrás até da Racing Point, hoje Aston Martin. No ano passado ficou em terceiro, mas como uma mera coadjuvante do duelo Mercedes x Red Bull.
E em 2022... Quanta decepção.
A escuderia começou o ano de forma arrasadora: dobradinha no Bahrein, com hat trick de Charles Leclerc. Max Verstappen venceu na Austrália, mas com Leclerc e Carlos Sainz no pódio. E, na Austrália, Leclerc emplacou um raríssimo grand chelem: pole, vitória de ponta a ponta e melhor volta.
Quando chegou a Ímola para a quarta etapa do campeonato, a Ferrari liderava os dois Mundiais e já começava a sonhar grande. Mas foi justamente na sua corrida de casa, a 70 km de Maranello, que tudo começou a desmoronar. Sainz foi atingido na largada, enquanto Leclerc cometeu um erro e só terminou em sexto. Lá na frente, a Red Bull conseguiu sua primeira dobradinha do ano.
A partir daí, a temporada ferrarista foi um show de horrores. Binotto e seus engenheiros cometeram erros crassos de estratégia, e o carro não conseguiu mais acompanhar a Red Bull em ritmo de corrida. Em algumas ocasiões, passou até a ser superada pela Mercedes.
A história de 2022 terminou com um gosto amargo: vice nos dois campeonatos, nocauteada pelos adversários na parte final do campeonato.
O que mais incomodou Maranello foi o fato de a F1-75 ser o carro mais rápido em vários GPs, mas sem que isso se convertesse em vitórias. Foram 12 poles, mas apenas 4 vitórias ao longo do ano, a última delas na Áustria, em julho.
Rumores sobre a demissão de Binotto começaram a circular no paddock e ganharam força em Interlagos, onde ele não apareceu _a versão oficial foi que ficou na fábrica supervisionando o trabalho no carro de 2023. Sei...
Duas semanas atrás, a "Gazzetta dello Sport", sempre muito bem informada sobre os bastidores de Maranello, informou que ele estava demitido e que será substituído por Frederic Vasseur, que hoje comanda a Alfa Romeo.
A Ferrari negou no mesmo dia, dizendo que a história "não tinha o menor fundamento".
Tinha. Binotto está fora. Agora é esperar a chegada do francês.
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