Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Morreu Patrick Tambay, um gentleman da F1
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Patrick Tambay —morto hoje (4), aos 73 anos— dizia ter uma grande frustração na vida: não ter passado mais tempo com Gilles Villeneuve. Ironicamente, e tragicamente, foi a morte do amigo que proporcionou sua maior chance na F1 e que mudou seu status no esporte.
Integrante da esquadra francesa que tomou a F1 de assalto no fim dos anos 70, com apoio de empresas como Elf, Gitanes e Renault, Tambay sofreu para emplacar na categoria.
Estreou em 1977 por um time pequeno, a Ensign. Correu pela McLaren nos dois anos seguintes, mas foram temporadas complicadas para a equipe inglesa. Sem sucesso, foi para os EUA, onde já tinha conquistado um campeonato da Can-Am, mítico campeonato de protótipos. Venceu de novo e, em 1981, retornou para a F1, correndo por Theodore e Ligier.
Estava desempregado em meados de 1982 quando recebeu a ligação que mudaria sua vida: a Ferrari oferecia a ele o lendário carro #27, que era de Villeneuve, morto num acidente na Bélgica.
Tambay pensou muito no assunto. Relutou. Mas acabou aceitando. Foi o ponto de virada para que ele se tornasse um personagem importante da F1 pelos anos seguintes.
Sua estreia aconteceu na Holanda, dois meses após a morte do amigo. Sem nunca ter pilotado um carro com motor turbo, Tambay foi apenas o oitavo _Didier Pironi, seu companheiro na escuderia italiana, venceu. No GP seguinte, porém, em Silverstone, fez uma corridaça: largou em 13º e chegou em terceiro, o primeiro de seus 11 pódios na F1.
Duas corridas depois, na Alemanha, outra reviravolta. Pironi sofreu múltiplas fraturas nas pernas após um horroroso acidente com Alain Prost nos treinos e nunca mais pilotou um F1. Tambay de repente se viu como o primeiro _e no caso, único_ piloto ferrarista. Largando em quarto, venceu a corrida _sim, foi aquela mesma em que Nelson Piquet socou Eliseo Salazar.
Vitória já na quarta corrida? Maranello se encantou com aquele francês de sorriso fácil e sem afetação, um personagem dos mais simpáticos no paddock.
O encantou chegou ao ponto máximo no início de 1983: ele venceu em Ímola, a corrida da casa da Ferrari, com aquele número 27 na carenagem, diante de uma multidão de tifosi. Mas não durou muito. Ao longo daquela temporada foi superado pelo novo companheiro, o também compatriota René Arnoux, que somou três vitórias, e perdeu o emprego para um italiano, Michele Alboreto.
Tambay conseguiu então abrigo na Renault, onde assistiu de camarote à primeira vitória de Ayrton Senna na F1: foi o terceiro colocado no GP de Portugal de 1985 e fez questão de levantar o braço esquerdo do brasileiro no pódio, a quem considerava um gênio.
O francês deixou a categoria em 1986 com números respeitáveis: 114 GPs, 5 poles positions, 2 vitórias, 2 melhores voltas e o quarto lugar no Mundial de 1983. Mais: nos seus dois anos em Maranello, a Ferrari foi campeão de Construtores.
Mas sua maior marca foi fora do carro. "Era um gentleman", resumiu Carlo Gancia, que frequentou muito paddock com o francês mundo afora, um oráculo para assuntos de bastidores da F1.
Tambay morreu neste domingo, aos 73, após uma longa batalha contra o Parkinson.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.