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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

F1 vive terremoto, com mudanças nos comandos de quatro equipes

Frederic Vasseur será o novo chefe da equipe Ferrari na F1 - Ferrari/Divulgação
Frederic Vasseur será o novo chefe da equipe Ferrari na F1 Imagem: Ferrari/Divulgação

Colunista do UOL

13/12/2022 07h40

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De repente, um terremoto. Em menos de 24 horas, quatro das dez equipes do grid da F1 anunciaram mudanças no comando. Nunca houve nada assim.

Ferrari, McLaren e Sauber têm novos chefes. A Williams está orfã, por ora.

A Ferrari anunciou a chegada de Fréderic Vasseur, ex-Alfa Romeo. Minutos depois, a McLaren divulgou a saída de Andreas Seidl e a promoção de Andrea Stella. Nem deu tempo de assimilar a novidade e a Audi revelou que Seidl será seu novo CEO, chegando à Sauber (ou Alfa Romeo) em janeiro.

Vamos pela ordem. As placas tectônicas começaram a se mover na Itália.

Para o lugar de um chefe sorridente, um dirigente linha dura. Sai uma cria de Maranello, chega um forasteiro. Era fim da manhã na Europa quando a Ferrari anunciou seu novo comandante.

Francês, 58 anos, Vasseur estava na Sauber desde 2017 e foi mantido pela Alfa Romeo, parceira do time suíço a partir de 2019. Sua chegada não é uma surpresa. Há duas semanas, quando Mattia Binotto deixou a Ferrari, escrevi aqui que Vasseur era o favorito à vaga.

O mérito é da "Gazzetta dello Sport", que em 15 de novembro cravou a substituição no comando da equipe. Naquele mesmo dia, a Ferrari divulgou nota dizendo que "os rumores não têm o menor fundamento". Poderia ter ficado em silêncio, seria uma trapalhada a menos no ano.

Nesta terça também teve nota oficial, claro.

"Estamos empolgados em receber Vasseur. Ao longo de sua carreira, ele combinou com muito sucesso suas qualidades técnicas de engenheiro experiente com uma consistente habilidade de tirar o máximo de seus pilotos e equipes. Essa liderança é o que precisamos para levar a Ferrari à frente, com energia renovada", disse Benedetto Vigna, CEO da Ferrari.

Vasseur disse estar honrado com a oportunidade: "Sou alguém que sempre amou o esporte a motor, e a Ferrari representa o topo do mundo. Estou ansioso para começar a trabalhar com essa equipe tão talentosa e apaixonada".

Engenheiro, Vasseur foi um dos fundadores da ART Grand Prix, equipe de sucesso nas categorias de base. Por lá, passaram pilotos como Hamilton, Rosberg e Leclerc, que vinha se estranhando com Binotto e foi um dos grandes cabos eleitorais da chegada do ex-chefe a Maranello.

Na empreitada, Vasseur era sócio de Nicolas, filho do também francês Jean Todt, ex-presidente da FIA e comandante da Ferrari nos anos de ouro de Schumacher. Não é difícil imaginar o jogo político por trás de sua indicação.

Vasseur é conhecido no paddock por não ter papas na língua. É direto, objetivo, doa a quem doer. São características bem diferentes do perfil conciliador e "amigão" de Binotto.

Sua chegada quebra uma sequência de quatro italianos no comando do time. Entre Todt e Binotto, que estava no cargo desde 2019, a Ferrari foi chefiada por Stefano Domenicali (2007-2014), Marco Mattiaci (2014) e Maurizio Arrivabene (2015-2019).

O abalo seguinte aconteceu na Inglaterra, com reflexos na Suíça e na Alemanha.

Logo depois do comunicado da Ferrari, a McLaren anunciou que Seidl estava deixando o time para "assumir novos desafios". Para o lugar do alemão, a equipe promoveu o italiano Andrea Stella, que está por lá desde 2015 e que teve uma trajetória de sucesso na Ferrari, atuando como engenheiro de Schumacher, Raikkonen e Alonso.

Seidl, logo soubemos, será o CEO da Audi na Fórmula 1. Ele assumirá o posto em janeiro, uma posição que foi remodelada com a saída de Vasseur.

A Audi entrará oficialmente na F1 em 2026 usando a estrutura da Sauber, que até o fim de 2023 segue "alugada" para a Alfa Romeo.

O alemão já trabalhou em Hinwill, inclusive comandando o bem-sucedido projeto de Le Mans para a Porsche, outra marca do grupo Volkswagen. No novo posto, Seidl vai supervisionar os negócios da Sauber e da Audi no esporte e em breve deve indicar um chefe para o dia a dia da equipe.

Há, ainda, uma vaga aberta, com uma grande especulação no horizonte. A Williams ainda não anunciou quem substituirá Jost Capito, dispensado na segunda-feira. Os rumores são que a equipe está preparando o terreno para a chegada da Porsche, outra marca de olho em 2026.

E, claro, Capito passa a ser um forte nome para assumir o tal posto da Audi.

As mudanças devem ter reflexos em outras posições e decisões na F1. Como em todo terremoto, as placas tectônicas agora precisam se ajustar.