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Valores, prazo, mordaça da FIA: o que está em jogo na renovação de Hamilton
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As últimas semanas de Hamilton foram agitadas, e desta vez foi possível acompanhar suas férias pelas redes sociais. O heptacampeão surfou na Califórnia, passeou por Nova York, conheceu o Egito, treinou na Antártica...
Agora é hora de falar da renovação de contrato.
"É só uma questão de ele estar fisicamente de volta à Europa. Vamos sentar, pensar juntos, discutir um pouco e depois de algum tempo a fumaça branca vai sair da sala", disse Wolff.
O contrato de Hamilton com a Mercedes vence em dezembro, e os dois lados já declararam que não acreditam em grandes obstáculos para um novo acordo. A ligação é muito forte, é a parceria mais vitoriosa da história da F1: juntos desde 2013, piloto e equipe conquistaram seis Mundiais de Pilotos e oito Mundiais de Construtores.
Wolff já disse algumas vezes que a "fumaça branca" deve surgir ainda no inverno europeu, antes do início da temporada. Uma mensagem com o objetivo de tranquilizar os fãs. Mas que já cria um efeito colateral à medida que os dias passam e nenhum anúncio acontece: um festival de notícias vazadas e de rumores sobre a negociação.
Segundo o site francês "Sportune", especializado em negócios do esporte, a Mercedes ofereceu ao inglês um novo acordo de dois anos, com salário anual de 70 milhões de euros (cerca de R$ 390 milhões). Seria um aumento gordo, de 55% em relação ao atual contrato, mas com uma contrapartida: não haveria previsão de bônus em caso de conquista do título.
Ainda de acordo com o "Sportune", parte desse valor incluiria aportes na Mission 44, fundação criada por Hamilton para aumentar a diversidade no esporte a motor e no mercado de tecnologia. Da parte do inglês, haveria um desejo de seguir como embaixador da Mercedes ao fim do contrato. Sua pedida teria sido de 25 milhões de euros (R$ 139 milhões) anuais.
Valores e prazos à parte, um assunto que certamente surgirá na conversa entre Wolff e Hamilton é a mordaça imposta pela FIA aos pilotos da categoria.
No final do ano passado, a entidade incluiu um novo artigo no seu Código Esportivo Internacional estabelecendo como infração "manifestações políticas, religiosas e pessoais ou comentários notadamente contrários ao princípio geral de neutralidade promovido pelo estatuto da FIA, a não ser com autorização por escrito da federação".
Era uma antiga vontade de Ben Sulayem, que há pouco mais de um ano assumiu a presidência da FIA. E que atinge Hamilton em cheio.
"Lauda e Prost só pensavam em pilotar. Agora, Vettel pedala uma bicicleta com as cores do arco-íris, Lewis é apaixonado por direitos humanos e Norris fala de saúde mental. Todos têm direito a pensar. Mas, para mim, é uma questão de decidir se vamos ficar o tempo todo ofuscando o esporte com nossas crenças", disse o presidente da FIA, depois do GP de Mônaco do ano passado, declaração pra lá de infeliz e que ilustra bem suas convicções.
Wolff disse que pretende abordar o tema com "uma visão positiva". É difícil imaginar qual será. Também é difícil acreditar que Hamilton deixará de usar o esporte como plataforma para sua luta por justiça social.
Tudo isso aponta para momentos turbulentos no horizonte. E isso, de alguma forma, precisa estar contemplado no novo contrato.
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