Topo

Fábio Seixas

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Dúvidas sobre novo carro congelam renovação de Hamilton com a Mercedes

Lewis Hamilton durante o primeiro teste do W14, em Silverstone, em fevereiro - Mercedes/LAT Images
Lewis Hamilton durante o primeiro teste do W14, em Silverstone, em fevereiro Imagem: Mercedes/LAT Images

Colunista do UOL

01/03/2023 08h23

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

As dúvidas sobre o W14, o novo carro da Mercedes, já surtiram um efeito. Nos bastidores.

Até semanas atrás, a renovação de contrato de Hamilton com a equipe era tida como mera formalidade. Neste momento, as conversas estão congeladas.

Os resultados dos testes do Bahrein não ajudaram. O heptacampeão foi sexto colocado na quinta-feira, 15º na sexta e só andou bem no sábado, quando ficou em segundo.

Mais do que o cronômetro, porém, o que desanimou a equipe foi o comportamento do carro, a ponto de Hamilton dizer que o W14 tem "alguns traços" do problemático W13.

Wolff, comandante da Mercedes, engrossou o coro dos desanimados: "Estamos meio perdidos. Não sabemos exatamente qual é a nossa situação".

Engenheiro-chefe do time, Andrew Shovlin afirmou que os problemas de balanço foram causados por "condições inconstantes" (!!??) e que espera que sua equipe técnica possa resolvê-los antes do GP do Bahrein. Será? Os treinos para a primeira etapa da temporada começam em dois dias.

Em suma, os testes foram uma ducha de água fria numa equipe que ganhou tudo entre 2014 e 2021 e que esperava voltar a brilhar.

O caminho, tudo indica, será mais longo, mais pedregoso, mais cansativo. E Hamilton talvez não esteja disposto a percorrê-lo.

hamil11 - Mercedes/LAT Images - Mercedes/LAT Images
Lewis Hamilton no novo carro da Mercedes no segundo dia de testes coletivos da F1 no Bahrein
Imagem: Mercedes/LAT Images

"Ele vai renovar se este carro não for competitivo? Ou será que está pensando 'se não melhorar, é melhor parar'?"

Quem disse isso conhece bem o personagem.

Campeão mundial em 2009 e companheiro de Hamilton na McLaren por três temporadas, Button acredita que o ex-colega pode voltar a considerar a aposentadoria.

"Por que adiar tanto [a assinatura do novo contrato]? Ele sabe o quanto é perturbador ter de ficar respondendo o tempo todo sobre contrato... Só pode ser porque ele está avaliando o quão competitivo será nesta temporada", disse, ao "Daily Mail".

O atual contrato de Hamilton com a Mercedes, que vence em dezembro, foi assinado em julho de 2021. A negociação foi demorada, uma novela cheia de suspenses, com declarações atravessadas dos dois lados e ameaças veladas do inglês de pendurar o capacete.

Desta vez a coisa parecia que seria mais tranquila. Na virada do ano, tanto o piloto como a equipe declaravam que não acreditavam em grandes obstáculos para um novo acordo.

Wolff disse algumas vezes que a "fumaça branca" deveria surgir no inverno europeu, antes do início da temporada. Como escrevi aqui, a Mercedes ofereceu um novo acordo de dois anos, com salário anual de 70 milhões de euros (cerca de R$ 390 milhões).

Seria um aumento gordo, de 55% em relação ao atual contrato, mas com uma contrapartida: não haveria previsão de bônus em caso de conquista do título.

Segundo o site francês "Sportune", especializado em negócios do esporte, parte desse valor incluiria aportes na Mission 44, fundação criada por Hamilton para aumentar a diversidade no esporte a motor e no mercado de tecnologia.

Da parte do inglês, haveria um desejo de seguir como embaixador da Mercedes ao fim do contrato. Sua pedida teria sido de 25 milhões de euros (R$ 139 milhões) anuais.

Faltam 19 dias para o fim do inverno europeu. E, por enquanto, nada da "fumaça branca" pelos lados de Brackley.

Será que um dia ela virá? Como Button, já começo a ter minhas dúvidas...