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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Na abertura da F1, Verstappen choca concorrência e Alonso brilha

Max Verstappen comemora a vitória no GP do Bahrein, abertura da temporada 2023 da Fórmula 1 - Mark Thompson/Getty Images
Max Verstappen comemora a vitória no GP do Bahrein, abertura da temporada 2023 da Fórmula 1 Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

05/03/2023 13h37

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Foram 105 dias entre o fim da temporada 2022 e a abertura do Mundial 2023 da F1.

No alto do pódio, o mesmo piloto: Verstappen. Com uma facilidade chocante.

Sim, a F1 já sabia do poder de fogo do holandês e da Red Bull neste início de campeonato. Mas, após tantos testes, discursos e dissimulações, faltava uma corrida de verdade.

E a realidade assustou.

O holandês dominou o GP do Bahrein. Largando da pole position, venceu sem dar a menor chance para seus adversários.

Foi sua 36ª vitória na F1, a primeira no circuito de Sakhir, encerrando um jejum de dez anos da Red Bull por lá. O fim dessa fila veio com pompa e circunstância: dobradinha no pódio.

Pérez, seu companheiro na Red Bull, foi o segundo colocado. Alonso, grande nome da corrida, cruzou em terceiro lugar com o carro da Aston Martin.

Em seu primeiro GP pela equipe inglesa, o espanhol de 41 anos vibrou como um novato: brincou pelo rádio, correu pelo paddock, abraçou a equipe...

Compreensível. Ser hoje "o melhor do resto" é motivo de orgulho. (A Red Bull é outra coisa, está em outro mundo.)

"É incrível para a equipe. Terminar no pódio nesta primeira corrida é inacreditável. Foi muita adrenalina!", disse Alonso, sorriso de orelha a orelha.

"É o começo de temporada de que precisávamos", disse Verstappen, mais comedido.

Talvez nem ele imaginasse tanta facilidade.

Assim que as luzes vermelhas apagaram, Verstappen sumiu na frente de todo mundo.

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Largada do GP do Bahrein, com Max Verstappen, da Red Bull, liderando o pelotão
Imagem: Lars Baron/Getty Images

Pisou forte nos primeiros metros, completou a primeira curva na ponta, não deu chance para a concorrência. Pérez, seu companheiro, bobeou: perdeu a posição para Leclerc e por pouco não cai para a quarta posição. (É por isso que um é bicampeão mundial e o outro jamais será.)

Hamilton também largou bem e pulou para quinto. Alonso caiu para sétimo e ainda sofreu um susto com um toque de Stroll (!!??) na traseira.

O top 10 ao fim da primeira volta tinha Verstappen, Leclerc, Pérez, Sainz, Hamilton, Russell, Alonso, Bottas, Stroll e Norris.

Na sétima volta, Verstappen já tinha 5 segundos sobre Leclerc. Era uma corrida à parte.

Mais atrás, Russell começou a pressionar Hamilton. "Ele está administrando os pneus?", perguntou, pelo rádio, aquele velho jogo que conhecemos.

Na 10ª volta, Gasly abriu os trabalhos nos pits. Hamilton foi o primeiro piloto da ponta a entrar, na 13ª. Tirou os macios, colocou os duros, receita seguida por quase todo mundo.

Alonso aproveitou para partir para cima de Russell e, após uma disputa acirrada ao longo de quatro curvas, ganhou a posição.

Foi o primeiro dos shows proporcionados pelo espanhol neste domingo.

Russell e a dupla da Ferrari pararam na sequência. Verstappen e Alonso, na 15ª volta _o holandês colocou os macios. Pérez, ainda devendo seu primeiro pit, assumiu a liderança do GP.

O mexicano só parou na 17ª volta. Colocou pneus macios, uma tentativa de fazer algo diferente após a bobeada da largada. Retornou à pista em terceiro, com a missão clara de partir para cima de Leclerc e tentar recuperar a segunda posição.

Tudo voltou ao normal, portanto. E Verstappen, com vento no rosto, tratou de aumentar sua vantagem. Na 22ª, já tinha 11 segundos sobre Leclerc. Na 25ª, a folga já era de 12s5.

Na 26ª, Pérez fez o que tinha que fazer: colou em Leclerc e, com pneus mais velozes, conseguiu a ultrapassagem.

Cinco voltas depois, Hamilton abriu a segunda janela de pits entre a turma da ponta. Chiou pelo rádio, disse que os pneus ainda estavam bons, mas foi informado que aquele era uma manobra para se defender de Alonso, que vinha se aproximando.

Russell entrou na 32ª. Leclerc, na 34ª. Pérez e Alonso, na 35ª. Verstappen só fez sua segunda parada na 37ª volta _foi, de longe, o piloto que mais fez durar os pneus macios.

Quando voltou à pista, Verstappen tinha 11s5 sobre Pérez. O fim de prova foi de pura administração. Seu maior desafio, se houve um, deve ter sido manter a concentração.

Mais atrás, houve bons lances emoção.

A começar por um emocionante duelo de multicampeões!

Alonso e Hamilton travaram uma belíssima disputa pela quinta posição entre as voltas 37 e 39. No primeiro bote, o inglês deu o "xis". O espanhol então respirou fundo, perseguiu o adversário, esperou o momento certo de tentar de novo. Conseguiu na curva 8.

Instantes depois, decepção na Ferrari! Leclerc começou a se arrastar pela pista e encostou o carro. Definitivamente não era o que a escuderia esperava para o começo de temporada.

Sainz subiu então para terceiro, com Alonso babando logo atrás para chegar ao pódio.

Não demorou para o bicampeão encostar na Ferrari. E dar mais um espetáculo.

Na 46ª volta, Alonso se aproximou, esperou o momento certo, mergulhou para ultrapassar entre as curvas 10 e 11. Passou! Assumiu o terceiro lugar!

Hamilton viu a chance de fazer o mesmo e também tentou se aproximar da Ferrari. Mas não conseguiu. A Mercedes ainda não é páreo para os carros vermelhos em ritmo de corrida.

Na linha de chegada, Verstappen colocou 11s sobre Pérez, que cruzou com 26s para Alonso.

"Estou muito orgulhoso de vocês! Estou muito feliz! Temos o segundo melhor carro da F1", disse o espanhol, pelo rádio, ao cruzar a linha de chegada.

Sainz terminou em quarto, seguido por Hamilton, Stroll, Russell, Bottas, Gasly e Albon.

Agora são apenas duas semanas para a próxima etapa, na Arábia Saudita.

Duas equipes terão dias bons até lá: Red Bull e Aston Martin. As outras, nem tanto...