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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Problema da Ferrari está nos pilotos, não no carro

Charles Leclerc e Carlos Sainz em entrevista antes do GP da Austrália - Ferrari
Charles Leclerc e Carlos Sainz em entrevista antes do GP da Austrália Imagem: Ferrari

Colunista do UOL

06/04/2023 14h48

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Abril de 2022. A Ferrari está no topo do mundo. Leclerc emplaca um grand chelem no GP da Austrália, apenas o 26º piloto da história a conseguir tal façanha. Em três etapas, o monegasco soma duas vitórias, duas poles e três melhores voltas. Deixa Melbourne na liderança do Mundial, com 71 pontos, vantagem de 34 para Russell, o vice-líder. O clima em Maranello é de otimismo. Os tifosi começam a acreditar que o primeiro título desde 2007 é possível.

Avancemos um ano...

Abril de 2023. A Ferrari deixa Melbourne cabisbaixa após mais uma corrida ruim. Seus pilotos não pontuam no Albert Park. Em três etapas, a escuderia não soma nenhum pódio. Seu melhor resultado é um quarto lugar, no Bahrein. Sainz é o melhor ferrarista no Mundial, em quinto lugar, com 20 pontos. Leclerc é apenas o décimo, com seis pontos, empatado com Hulkenberg, da Haaas. O clima é de baixo astral. Os tifosi começam a ficar preocupados.

Mas uma voz de otimismo se levanta. Chefe da Ferrari há menos de quatro meses, Vasseur acredita que a equipe avançou no desenvolvimento do carro na Austrália.

"Demos um megapasso em termos de performance na corrida e temos uma base para construir o resto da temporada. Vou me manter otimista", disse o francês.

Querem saber? Ele tem razão.

Sainz, o único ferrarista a completar o GP, teve um ritmo médio de volta melhor que o dos carros da Aston Martin: 1min21s654 x 1min21s705. (Para comparação, o ritmo da Red Bull foi 1min21s529, o melhor da corrida. A Mercedes ficou logo atrás, com 1min21s632.)

Ritmo de classificação também não é um problema.

A Ferrari começou o ano, no Bahrein, dominando a segunda fila do grid. Em Jeddah, Leclerc fez o segundo tempo no Q3, mas cumpriu punição por troca de componentes do motor. Sainz, novamente, saiu na segunda fila. Em Melbourne, segundo Vasseur, as coisas simplesmente não encaixaram. Acontece. Mesmo assim as Ferraris estavam ali, no pelotão da frente.

O problema não está no carro _que até agora só quebrou com Leclerc no Bahrein.

Está naquelas peças entre o volante e o assento.

Leclerc e Sainz são talentosos e rápidos. Mas a história da F1 está repleta de pilotos assim que nunca fizeram grandes coisas. Para citar dois ex-ferraristas, Alesi e Berger, por exemplo.

Essas duas qualidades não bastam.

Um pouco de equilíbrio emocional faria bem. Leclerc não pode desligar o cérebro como fez na largada da Austrália, nem Sainz pode repetir a afobação da relargada na penúltima volta.

Leclerc e Sainz entraram em Maranello pela porta de frente e se tornaram protagonistas da mais icônica marca do esporte a motor.

Precisam mudar de atitude se pretendem, um dia, sair pela mesma porta.