F1 começa a realizar sonho de estrangular treinos livres; veja programação

De repente, não mais que de repente, fez-se a vontade de Domenicali.

Se alguém não reparou, o novo formato de corridas sprint, sugerido pelo chefe da Liberty e aprovado pela FIA nesta semana, começa a tornar realidade um propalado desejo seu: acabar com os treinos livres.

Em Baku, será apenas uma sessão livre na sexta-feira, com uma hora de duração _a partir de 6h30, horário de Brasília. Pilotos terão apenas uma hora para avaliar as condições da pista, testar as novidades preparadas nas últimas semanas, experimentar pontos de freadas e ultrapassagens.

Depois, cada vez que entrarem no carro, será pra valer: classificação para o GP, classificação para a corrida sprint, corrida sprint, GP do Azerbaijão.

"Eu defendo o término dos treinos livres. São de grande utilidade para os engenheiros, mas o público não gosta", afirmou Domenicali, no fim de abril, numa visita à MotoGP em Portimão.

Pois é... Não por coincidência, o novo formato, declaradamente criado para trazer mais emoção aos sábados, ataca também esse ponto.

O que permite uma suspeita.

Será que a Liberty não está usando as seis sprints de 2023 como balão de ensaio para que o formato se torne regra, e não exceção, nas próximas temporadas? Talvez esteja aí, inclusive, a explicação para insistir tanto numa sprint num circuito de rua: ver se funciona.

Na minha opinião, está na cara que sim. É tudo um plano.

A nova programação, claro, é assunto no paddock de Baku.

"Pode ficar um pouco caótico", disse Verstappen, maior vencedor de corridas sprints até hoje _Silverstone, em 2021, Ímola e Spielberg, em 2022. "Baku é um circuito desafiador para o acerto do carro. É uma pista de rua com longas retas, o que nos dá muitas opções sobre as configurações dos aerofólios. Precisaremos de um treino livre sólido para começar bem o fim de semana. Vamos ver o que dá para fazer."

Diretor esportivo da Mercedes, Ron Meadows vai na mesma linha: afirma que o novo formato não vai alterar a rotina nos boxes, mas exigirá mais concentração de pilotos e engenheiros.

"Não haverá muitas mudanças na nossa operação. Mas quando você cria sessões em que toda volta importa, em que o piloto precisa atacar para avançar à próxima fase, os riscos de acidentes aumentam. Vai ser um desafio para pilotos e engenheiros encontrar um ajuste que sirva para a classificação e para a corrida, com mais combustível no tanque", afirmou.

A exemplo do que já fez em outras corridas na temporada, a direção de prova reduziu a área de uso da asa móvel em Baku. A zona de DRS na reta principal terá 100 metros a menos em relação a 2022.

Parece ser outra tendência: aos poucos, a FIA tenta deixar a F1 menos dependente das asas móveis, promessa feita desde a adoção do novo regulamento aerodinâmico, no ano passado.

A programação completa do GP do Azerbaijão, quarta etapa do Mundial, está aqui abaixo, no traço fino do Pilotoons.

(Em algum camarote, Domenicali vai abrir um largo sorriso quando vir tudo isso acontecendo diante dos seus olhos...)