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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Red Bull de 2023 impressiona, mas não é nada que a F1 já não tenha visto

Integrantes da Red Bull festejam dobradinha no GP do Azerbaijão, no último domingo - Francois Nel/Getty Images
Integrantes da Red Bull festejam dobradinha no GP do Azerbaijão, no último domingo Imagem: Francois Nel/Getty Images

Colunista do UOL

03/05/2023 04h00

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Quatro etapas no ano, quatro vitórias. Diferenças abissais na pista, campeonato encaminhado, adversários desorientados, Wolff já sugerindo mudanças nas regras.

A sequência, afinal, impressiona...

Desde a etapa da França do ano passado, em julho, a Red Bull só perdeu uma corrida: o GP de São Paulo, em Interlagos _para a Mercedes de Russell. São 14 vitórias em 15 provas.

É um desempenho que não apenas choca, mas que começa a incomodar. E, ato contínuo, que já provoca discussões pelos meandros do paddock.

"Depois de um fim de semana como este, temos que nos reunir, olhar para o cenário completo e dizer 'estamos na direção errada, precisamos mudá-la completamente'. É uma questão de entender por que a corrida não foi divertida e revisitar o que aconteceu. Hoje há dois carros que somem no horizonte, por méritos próprios. Depois há uma diferença de 22 segundos para os próximos", disse o chefe da Mercedes, logo após a prova de domingo, em Baku.

A declaração de Wolff guarda um quê de ironia.

Não é preciso voltar décadas no tempo. Basta olhar para o passado recente. O domínio da Red Bull, agora, não é maior do que o exibido em dois momentos pela Mercedes nos últimos Mundiais.

Desde o início da era de motores híbridos na F1, na temporada de 2014, ninguém exerceu supremacia maior nas pistas do que a marca alemã.

Logo naquele primeiro ano, a Mercedes emplacou uma marca impressionante: 15 vitórias em 16 corridas. Começou no GP da Itália de 2014 e só terminou na Inglaterra, em 2015. Ao longo desses dez meses, foram 11 vitórias de Hamilton e quatro de Rosberg. A exceção foi um triunfo do então ferrarista Vettel, na Malásia, segunda etapa de 2015.

Ainda naquele ano, a equipe iniciou uma série ainda mais forte: 19 vitórias em 20 corridas. Começou no GP do Japão, em setembro de 2015, e só terminou na Malásia, em outubro de 2016. Nesse período, foram 11 vitórias de Rosberg, que se sagraria campeão, e 8 de Hamilton. Verstappen, na Espanha, quinta etapa de 2016, foi o responsável por furar a série.

Se esses desempenhos fossem numa mesma temporada, a F1 teria novos recordes.

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Ayrton Senna e Alain Prost conversam com o chefe, Ron Dennis, na temporada de 1988
Imagem: Reprodução

Até hoje, a façanha da McLaren de 1988 segue imbatível. Naquele ano, Senna e Prost venceram 15 das 16 etapas da temporada, média de 93,8%.

A série da Mercedes em 2014 e 2015 igualaria essa marca. A sequência seguinte, de 2015 a 2016, alcançaria 95%, um novo recorde.

Levando em consideração uma temporada completa, ninguém chegou mais perto daquela McLaren do que a Mercedes de 2016: foram 19 vitórias em 21 GPs, ou 90,5%.

Faz apenas sete anos. Não é tanto tempo assim.

A Red Bull é espetacular, mas não é nada que a F1 já não tenha visto...