Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
É difícil escrever isso, mas McLaren e Williams hoje são ex-equipes grandes
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Todos os pilotos que largaram no domingo viram a bandeira quadriculada, um fato raro. Em 1.084 GPs na história da F1, foi só a 13ª vez que isso ocorreu. O que permite uma análise também rara: entender em toda a sua dimensão, sem interferências ou asteriscos, a atual relação de forças da categoria.
E aí a coisa fica horrível para duas equipes: McLaren e Williams. Vale aqui explorar um pouco mais a questão levantada nas Pílulas do Dia Seguinte. Já podemos chamá-las de ex-grandes?
Lá na ponta, Miami reforçou o que já sabíamos: Red Bull na frente, com Aston Martin num distante segundo lugar entre as equipes. Mercedes e Ferrari hoje ocupam um terceiro degrau.
A Alpine abre o bloco das intermediárias. Num dia sem intercorrências, colocou Gasly e Ocon nos pontos. Outras quatro engalfinham-se por migalhas: Haas, AlphaTauri, Alfa Romeo e McLaren. E a Williams, não tem jeito, é mesmo a pior de todas.
Fica feio para AlphaTauri e Alfa Romeo, pelo dinheiro investido. São estratégias de marketing que, sinceramente, não entendo. No caso da montadora italiana, uma baita queimação de dinheiro, tremendo tiro no pé.
Fica horrível para McLaren e Williams por um motivo extra: a história.
Houve alguns momentos em que essas marcas dominavam a F1, apavoravam a concorrência, exerciam domínio similar aos de Red Bull e Mercedes nas últimas temporadas.
Juntas, as duas equipes inglesas têm 17 títulos de Construtores _9 da Williams, 8 da McLaren. Só estão atrás da Ferrari, com 16. A Mercedes tem 8. Depois vêm Lotus (7) e Red Bull (5).
Pilotos da Williams conquistaram 7 títulos mundiais: Jones, Rosberg, Piquet, Mansell, Prost, Hill e Villeneuve. Na McLaren foram 12 conquistas: Emerson, Hunt, Lauda, Prost (3), Senna (3), Hakkinen (2) e Hamilton.
O último foi em 2008. E aí que mora o busílis.
Nesses 15 anos, as duas marcas perderam o rumo.
A Williams começou a se perder antes, é verdade, quando não se associou a nenhuma grande montadora na virada do século _a relação com a BMW era de fornecimento e os dois lados viviam em guerra, o que culminou com quebra de contrato e a saída da marca para a Sauber.
Era uma questão de princípio de seu fundador: não se vender. O que tem sua beleza, mas que acabou deixando sua equipe no limbo. Estruturas menores, também batizadas por seus fundadores, Stewart e Tyrrell passaram para outras mãos e dominam a F1 desde 2009.
Uma vez perdido o trem da história, é difícil retomá-lo. Um fundo de investimentos comprou o time em 2020, um ano antes de Williams morrer, mas pouca coisa mudou.
Em Miami, Albon foi 14º colocado, enquanto Sargeant foi 20º e último.
Na McLaren o problema parece ser de gestão.
Brown, no comando desde 2016, é um homem de marketing esportivo. Fundou a JMI, uma gigante do setor, colecionou premiações, amealhou fortunas, foi chamado a ser CEO do time.
Entre suas principais pautas está a diversificação dos negócios. Além da Fórmula 1, hoje a marca compete na Indy, na Fórmula E e na Extreme E.
Falta foco. E falta atuação nos boxes. E falta mão na graxa. Comandar um time de F1 é mais do que lançar frases de efeito em "Drive To Survive".
Em Miami, Norris foi 17º e Piastri ficou em 19º, o penúltimo lugar.
Sim, soa estranho, dá uma dor no coração, parece inimaginável. Mas, talvez, McLaren e Williams nunca voltem a ser protagonistas.
Hoje, em 2023, são ex-equipes grandes.
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