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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mudança nos pneus no meio do ano escancara evolução dos carros da F1

Parte da gama de pneus da Pirelli para a temporada 2023 da F1 - Reprodução
Parte da gama de pneus da Pirelli para a temporada 2023 da F1 Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

13/05/2023 08h18

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Já havia algum receio no ar. Miami acendeu um sinal de alerta. A Pirelli resolveu se antecipar.

A partir do GP da Espanha, no mês que vem, as equipes testarão pneus com uma nova construção, mais robusta e mais segura. Os compostos de borracha permanecerão os mesmos.

Se aprovados, os novos pneus estrearão no GP da Inglaterra, em julho.

A mudança é uma resposta às observações feitas pela fabricante de pneus nas primeiras etapas do campeonato. Seus técnicos constaram um ganho absurdo de pressão aerodinâmica nos carros, resultado de um ano inteiro de exploração do novo Regulamento Técnico.

Isso traz mais carga para os pneus.

Além disso, os carros também estão muito mais rápidos do que o esperado. A pole position em Miami, por exemplo, foi 1s9 mais veloz que a do ano passado.

"Essa evolução também foi observada em ritmo de corrida. Nosso trabalho de simulação sempre foi feito não apenas para atingir as metas de desempenho das equipes, mas também para antecipar problemas", disse Mario Isola, que comanda a operação da Pirelli na F1.

A ideia foi começar os testes antes de a categoria chegar a três circuitos especialmente críticos para os pneus: Silverstone, Spa e Zandvoort. Para isso, a fabricante precisou correr.

Havia uma burocracia a vencer: o regulamento estabelece que qualquer alteração nas especificações dos pneus precisa ser aprovada pela Comissão de Fórmula 1. Mas a FIA pode abrir uma exceção e autorizar a mudança se for alegada uma "questão de segurança".

Foi este o caso, e o sinal verde da entidade veio na semana passada.

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O italiano Mario Isola, que comanda a operação da Pirelli na Fórmula 1
Imagem: Pirelli

Em Barcelona, cada piloto receberá dois jogos a mais de pneus para usar nos treinos livres de sexta-feira. Ainda não está claro se os testes continuarão nas etapas seguintes.

"Essas novas especificações contêm materiais que já estávamos desenvolvendo para 2024 e que tornarão os pneus mais resistentes sem afetar o comportamento na pista", concluiu Isola.

A notícia divulgada pela Pirelli no fim da semana tem como pano de fundo um tema que me fascina na F1: a velocidade de desenvolvimento das máquinas, fruto da capacidade e do trabalho dos engenheiros.

O Regulamento Técnico, que resgatou o efeito-solo, foi lançado no ano passado. Nas primeiras corridas, todos lembram, os carros pulavam mais do que cabritos, eram instáveis e perigosos.

Hoje, 27 corridas depois, os carros estão tão colados ao chão que permitem aos pilotos frearem mais tarde, abusarem nas curvas de alta velocidade, destroçarem recordes. A pressão aerodinâmica, após cinco etapas no campeonato, já está em níveis que a FIA só esperava verificar ao final da temporada.

Esse avanço tecnológico é, desde sempre, a essência da F1.

E tem tanta beleza como uma ultrapassagem por fora ou uma pole obtida no último segundo.