Topo

Fábio Seixas

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

A F1 não está à venda, diz chefe da Liberty. (Será?)

Greg Maffei, CEO da Liberty, com Christian Horner, da Red Bull, no grid do GP do México de 2022  - Mark Thompson/Getty Images
Greg Maffei, CEO da Liberty, com Christian Horner, da Red Bull, no grid do GP do México de 2022 Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

20/05/2023 09h50

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A Fórmula 1 não está à venda.

Será?

CEO da Liberty Media, que detém os direitos comerciais da categoria, o americano Greg Maffei finalmente falou sobre uma história que se arrasta desde o início do ano.

"Sabem qual é a chance de vendermos essa coisa e nos sujeitarmos a impostos? Isso já não deveria encerrar qualquer discussão sobre nossos amigos sauditas comprarem o negócio na semana que vem? Se alguém nos conhece, sabe que não vamos jogar com essa carta", disse o executivo na sexta-feira, num evento de mídia e tecnologia em Nova York.

Ele completou o discurso classificando o assunto de "mera especulação".

Não é o estilo da Bloomberg, uma agência de notícias séria, com mais de 30 anos de atuação, respeitadíssima no mercado. Foi a Bloomberg que, em janeiro, noticiou a oferta dos sauditas.

Segundo a reportagem, o fundo soberano da Arábia Saudita tentou comprar a F1 no fim do ano passado por US$ 20 bilhões, mas a Liberty rejeitou a oferta. À época, a agência informou que os sauditas seguiam interessados no negócio e que provavelmente voltariam à carga.

O episódio causou uma saia justa entre a Liberty e o presidente da FIA, Mohammed ben Sulayem. O emirático foi às redes sociais criticar a negociação, sugerindo que o valor noticiado pela agência era alto demais. "Uma etiqueta de preço inflada", escreveu no Twitter.

Os americanos, claro, não gostaram de ver seu produto sendo tratado assim.

maffei1 - Mark Thompson/Getty Images - Mark Thompson/Getty Images
Elon Musk, Stefano Domenicali e Greg Maffei no fim de semana do GP de Miami
Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Em 2017, a Liberty Media pagou US$ 4,4 bilhões pela F1, então uma categoria estagnada, com uma base de fãs envelhecida, sem grandes atrativos para o público jovem.

De lá pra cá, promoveu uma revolução.

A última pesquisa global com fãs do esporte, divulgada pela Nielsen no início do ano passado, mostra crescimento constante de 20% ao ano em dez países-chaves, entre eles o Brasil. A faixa entre 16 e 35 anos foi responsável por 77% desse crescimento. Em 2022, essa turma compunha 46% da comunidade de torcedores da F-1 _eram 40% apenas um ano antes.

Grande parte dessa mudança veio por meio de uma especialidade da casa: conteúdo. "Drive To Survive" conquistou jovens empolgados e resgatou velhos torcedores que estavam desanimados. A série escancarou as portas dos EUA, uma antiga obsessão da F1. Nesta temporada, haverá três corridas no país, incluindo a estreia de Las Vegas, que a Liberty quer promover como o "SuperBowl" do automobilismo.

Estudo da própria Bloomberg estima o atual valor da F1 em US$ 15,2 bilhões.

É natural que crescimento tão exuberante chame a atenção de quem quer se mostrar para o mundo, como os sauditas.

Ao dizer que o negócio não está à venda, Maffei pode estar apenas jogando duro. Ele sabe que, do lado de lá, dinheiro não é exatamente um problema.

Essa história ainda vai longe...