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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pílulas do Dia Seguinte: Verstappen é a melhor peça do RB19

Max Verstappen celebra a vitória no GP de Mônaco, a quarta no ano - Peter Fox/Getty Images
Max Verstappen celebra a vitória no GP de Mônaco, a quarta no ano Imagem: Peter Fox/Getty Images

Colunista do UOL

29/05/2023 10h46

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É muito fácil julgar pilotos que têm bons carros em mãos. Sentenças assim normalmente vêm acompanhadas de opiniões como "ele só tem que acelerar" e "qualquer um seria campeão com essa equipe", fechando com um infame "até eu". É tentador reduzi-los a mais uma peça da engrenagem, a um detalhe no todo, a um acessório descartável. É um erro crasso;

Quando olhou para o lado no grid de Mônaco e viu Alonso com pneus duros, Verstappen entendeu que seu domingo seria mais complicado do que esperava. O plano do espanhol era retardar ao máximo o pit. Mas quanto? O holandês precisaria abrir o máximo de vantagem na pista para evitar o overcut. Ao mesmo tempo, teria que conservar seus pneus médios para tornar mais estreita a janela de Alonso com vento na cara. Duas tarefas conflitantes;

Verstappen cumpriu as duas missões com brilhantismo. Dos dez pilotos que iniciaram o GP com os médios, ele foi o último a parar. Diante da ameaça de chuva, tomou ainda mais cuidado para preservar os pneus e, assim, fazer apenas um pit stop certeiro. Só entrou na 55ª volta, 70% da distância do GP. À esta altura, já tinha 13s para Alonso, uma folga confortável;

Isso não é só o carro. Isso é o piloto;

As coisas teriam sido diferentes se não tivesse chovido? Não. Porque Alonso também vivia seu dilema. Mais voltas com os duros significavam menos voltas com os médios, de melhor desempenho, no stint final. Ele foi espremido por Verstappen. Sua estratégia foi levada ao limite. Precisaria parar logo depois. Não teria tempo de pista para ganhar a posição;

As coisas teriam sido diferentes se Alonso tivesse colocado intermediários imediatamente? Não. Porque ele cairia na mesma estratégia de Verstappen. A Aston Martin precisava tentar algo diferente, mesmo que naquele momento tenha parecido uma insanidade colocar os pneus médios. "Isso mostra o comprometimento da equipe e o quão agressivos estávamos na tentativa de vencer", disse Alonso após o GP, sorriso aberto, sem o menor sinal de bronca;

Mas há outro argumento bem mais fácil para desmontar os discursos do primeiro parágrafo. Atende pelo sobrenome Pérez. Tem um carro idêntico ao de Verstappen, o melhor do grid. Bateu na classificação, largou em último, cometeu uma série de erros na corrida, terminou em 16º, duas voltas atrás do companheiro. Voltou pra casa zerado.

Verstappen se tornou o piloto mais vitorioso da história da Red Bull, superando Vettel. E são agora 25 corridas seguidas na zona de pontos, com uma série de sete pódios. O próximo objetivo está logo ali: ultrapassar as vitórias de Senna. Pode acontecer na Áustria, corrida da casa da Red Bull, no começo de julho;

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Max Verstappen, Esteban Ocon e Fernando Alonso no pódio do GP de Mônaco
Imagem: Peter Fox/Getty Images

Ocon foi outro grande personagem do dia. Largando em terceiro, melhor grid da história da Alpine, fez uma corrida impecável e chegou ao pódio. Sua comemoração foi a mais efusiva, a mais explosiva, a mais entusiasmada em muito tempo. Até Mônaco, a equipe francesa tinha 14 pontos no Mundial, empatada com a McLaren. Saiu de lá com 35, mais do que o dobro da adversária. O pódio de Ocon e o sétimo lugar de Gasly garantiram o emprego de muita gente;

Não dá pra não lembrar da reprimenda pública que a Alpine levou de seu CEO exatamente na semana anterior a Miami. Em entrevista ao Canal+, Laurent Rossi disse que o time estava trabalhando de forma amadora, que os resultados até então eram inaceitáveis e que haveria consequências se as coisas não mudassem. Naquele momento os franceses tinham apenas 8 pontos, seis a menos do que a McLaren. Talvez não seja o método mais humanitário de gestão... Mas que funcionou, funcionou;

E a Mercedes?

Fiz várias ressalvas na semana passada sobre a importância de relativizar o desempenho do novo W14 em Mônaco. É um circuito de rua, o mais travado do calendário, com pouca importância aerodinâmica. Nada mudou na sexta-feira e aparentemente continuou assim pelo fim de semana. Hamilton e Russell largaram em quinto e oitavo, respectivamente. No GP, o heptacampeão foi quarto, seguido pelo companheiro. O velho W14 faria a mesma coisa;

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Lewis Hamilton durante o GP de Mônaco, sexta etapa do Mundial de Fórmula 1
Imagem: Steve Etherington/Mercedes

Isso posto, Hamilton deixou Mônaco dizendo-se satisfeito com os progressos. "Demos alguns passos à frente", contou, revelando alguma ansiedade para Barcelona. "Na semana que vem, num lugar com curvas de alta velocidade, teremos uma visão melhor";

Wolff insiste que "não há nada de real" nas histórias que circulam sobre uma eventual saída de Hamilton da Mercedes. "Estou numa posição superfeliz com o Lewis. Temos um pacto, que já dura muitos anos, de que não iremos conversar com outros pilotos até decidirmos se vamos seguir juntos ou não", afirmou o austríaco. Em tempo: Hamilton e a Ferrari também negaram qualquer negociação. Agora é esperar pra ver;

Não dá pra não comentar o que aconteceu em Indianápolis. A 107ª edição das 500 Milhas foi das mais emocionantes e inusitadas da história. Toda a primeira fila do grid se deu mal. O vencedor inédito largou da 17ª posição. Um pneu voador passou entre dois setores do público e amassou o capô de um carro. Castroneves foi o 15º. Fazendo sua última prova na Indy, Kanaan terminou em 16º. As últimas voltas foram de assistir em pé. Uma corrida apaixonante.