Topo

Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pílulas do Dia Seguinte: Verstappen sofre da "síndrome de Schumacher"

Max Verstappen celebra sua 40ª vitória na F1, no GP da Espanha - David Ramos/Getty Images
Max Verstappen celebra sua 40ª vitória na F1, no GP da Espanha Imagem: David Ramos/Getty Images

Colunista do UOL

05/06/2023 08h14

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

No sábado, Verstappen conquistou a 24ª pole na F1, igualando Piquet e Lauda. Chegou, ainda, a 47 primeiras filas e entrou para o top 10 de todos os tempos. No meio do GP de domingo, superou Mansell em número de voltas na liderança e se tornou o sexto da história na estatística. Na bandeirada, ficou a uma vitória de igualar as 41 de Senna;

Os números gritam. Verstappen está entrando para o panteão dos grandes. Até onde vai chegar é uma incógnita. Depende de vários fatores, entre eles quão longeva será sua carreira na F1 e quando a concorrência terá um carro à altura para combatê-lo. Mas se resolvesse parar hoje, já estaria em excelente companhia. Ao seu lado nesses rankings estão nomes como Fangio, Clark, Schumacher, Senna, Stewart, Hamilton, Vettel, Prost...

Por que, então, Verstappen não é festejado como um gigante em ascensão? Por que nem mesmo a Fórmula 1 se aproveita disso, fazendo do limão (um campeonato previsível) uma limonada ("surge uma lenda")? Por que, a cada conquista, são mais comuns os discursos de desdém ("com esse carro, até eu") do que os aplausos de reconhecimento?

Sua jornada lembra muito a história de outro piloto que dominou a F1: Schumacher. O holandês não tem uma gota de carisma, como o alemão não tinha nos primeiros anos de carreira. Não joga pra galera, não diz frases de efeito, prefere ficar em casa do que ir a eventos sociais. Sua pilotagem sem erros o coloca mais próximo a um robô do que a um ser humano. É difícil decifrar Verstappen. Muito mais fácil é criticá-lo;

Vettel também sofreu com isso. É tetracampeão mundial, mas ninguém o coloca na prateleira de Prost, muito menos acima de Senna. Também teve em mãos um carro espetacular da Red Bull, e este é outro dificultador: a marca de energéticos, tenho a impressão, será sempre vista pelos puristas como uma "outsider", uma intrusa. O alemão precisou sair da Red Bull, quebrar a cara na Ferrari e na Aston Martin, deixar barba e cabelos crescerem, envelhecer e se tornar um cara mais falador para começar a conquistar a legitimação do paddock;

Falta a Verstappen um adversário, dizem os críticos. O que foi a temporada de 2021, então? E, se o assunto é este, há uma boa nova no horizonte;

hamil11 - Steven Tee - Steven Tee
George Russell e Lewis Hamilton se cumprimentam ao fim do GP da Espanha, em Barcelona
Imagem: Steven Tee

O pódio duplo da Mercedes foi a grande notícia de Barcelona. A nova versão do W14 é o "melhor pacote" da equipe desde 2021, nas palavras de Hamilton. "Um carro que anda bem aqui também anda bem em outros circuitos, é o que dizem. Então devemos ter corridas fortes pela frente", disse o heptacampeão, sorriso de orelha a orelha, após o segundo lugar no GP;

Alguma coisa aconteceu entre sexta e sábado nos boxes da Mercedes. No primeiro treino, o inglês foi 12º colocado. No segundo, 11º. Ao fim do primeiro dia de trabalhos, o clima era de desânimo. Eis que, na última sessão livre, tudo mudou. Hamilton foi terceiro. Na classificação, chegou a lutar pela primeira fila, terminou com o quinto tempo. "Trabalhamos durante a noite e conseguimos um progresso real com o carro. As mudanças funcionaram", disse;

Na corrida, a Ferrari de Sainz não foi páreo para as Mercedes. "Na segunda volta eu já comecei a acreditar que o pódio era possível", contou Russell, que largou em 12º após errar na classificação. "O carro estava ótimo. A equipe fez um grande trabalho no carro, foi prazeroso conseguir ultrapassar tanta gente durante a corrida". Quanta diferença...;

A Mercedes vai brigar pela vitória com a Red Bull em Montréal? Ainda não. Mas talvez já complique a vida de Alonso e da Aston Martin;

Ato contínuo, voltaram à tona as conversas sobre a renovação de Hamilton com a Mercedes. Na entrevista coletiva após o GP, o piloto contou que terá uma reunião com Wolff nesta segunda-feira e que espera resolver logo sua situação. A imprensa inglesa noticiou no fim de semana que há um impasse com a duração do novo contrato. A equipe quer renovar até o fim de 2024, enquanto o piloto prefere um compromisso por mais duas temporadas;

A Ferrari vai passar os próximos dias investigando o carro de Leclerc. Câmeras onboard mostraram que o monegasco falava a verdade sobre o comportamento errático da SF23, que no sábado guinava violentamente pro lado nas curvas à esquerda. "Não entendo o que estamos fazendo errado, mas estamos fazendo errado", disse o piloto. Sainz teve um fim de semana menos complicado, mas na corrida não teve como segurar a Mercedes. A "evolução" levada pela escuderia para Barcelona não cabe muito na definição do dicionário...

Miniaturas de carros de F1 para quem é fã

Ferrari SF 1000 - Charles Leclerc

Mercedes AMG W10 - Lewis Hamilton

Red Bull RB16B - Max Verstappen

McLaren MP4/4 - Ayrton Senna

Jordan 194 - Rubens Barrichello

Lotus 72D - Emerson Fittipaldi

Rodapé content commerce -  -